O n e

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Não. Não, não e não!

Isso não poderia estar acontecendo, poderia? O seu mais que perfeito plano de passar o resto do ano invisível neste inferno de colégio haviam acabado de ir para os ares, somente pelo triste fato de ter cruzado o caminho do garoto mais rico e popular do inferninho: Adrien Agreste.

Adrien não era uma pessoa ruim, na verdade, era um conjunto completo: além de ser um deus grego em forma de gente, cheio da grana e um modelo famoso, o Agreste era o poço em simpatia. Conversava com quem fosse e sorria para todos, até mesmo para mendigos. O problema não era ele, mas sim a filha do prefeito, Chloé Bourgeois a garota mais mimada, egocêntrica e antipática do colégio, se duvidar até mesmo da cidade.

Regra número um: não cruze o caminho do inimigo.

Atordoada, Marinette recolheu seus pertences do chão, sendo observada pelos penetrantes olhos esmeralda do jovem rapaz, que teve intenção de se abaixar para ajuda-la, mas antes que pudesse concluir tal ato, a azulada levantou-se como um raio de luz, com o coração acelerado. Quando ia desviar o caminho, Adrien a barrou com o braço, fazendo-a paralisar no mesmo minuto.

"Oh merda, o que eu fiz para merecer isso?"

A lamentação da jovem fez com que o loiro soltasse uma pequena risada abafada, perguntando-se como nunca havia reparado na jovem parada à sua frente. Analisou-a e ergueu uma das sobrancelhas douradas curvando os lábios rosados em um sorriso. Ela havia pensado isso, mas não percebera que havia repetido as palavras em voz alta!

— Marinette Dupain-Cheng. — o nome solto pela voz sedutora do rapaz a fez arregalar levemente os olhos, agora observando atentamente o loiro. Os corredores estavam vazios e ninguém os via. Isso porque como sempre a aula já havia tido início, mas a azulada sempre se atrasava.

Regra número dois: não dê uma de garotinha assustada.

— C-como sabe o meu n-nome? — praguejou-se por ter gaguejado. Na verdade, recentemente adquiriu uma estranha mania de gaguejar falando palavras rápidas e difíceis.

— Eu posso ler mentes. — falou em um tom de seriedade, fazendo a Cheng engolir seco e o encarar com um olhar assustado. Adrien por sua vez, não aguenta a própria piada e passa a rir, deixando Marinette constrangida. — O livro, está escrito no livro.

Suas bochechas esquentaram mais do que gostaria. Olhou para os próprios sapatos de grife, que faziam conjunto com as meias sete oitavos presentes em suas pernas.

Mas que sorte em? Dois anos e meio fazendo de tudo para não se destacar na multidão e em questão de segundos tudo desce pelo ralo. Tinha que adicionar isso mais tarde a sua lista de coisas que "não devem ser feitas". Não entendia o porquê do loiro sedução da cidade estar falando diretamente com ela, mas só o fato de ele dizer o seu nome, fizeram suas pernas ficarem bambas.

Regra número três: Nunca encare fixamente o inimigo por mais de dois segundos.

— E-eu preciso ir... — diz, querendo cavar um buraco no meio da terra e enfiar a própria cabeça lá dentro. Seu coração batia descontrolado no peito e, sua mente não suportava tanta informação.

Agradeceu aos céus, pelo Agreste liberar sua passagem e permitir que saísse correndo como uma criança chorona que acabara de se perder dos pais. Não olhou para trás com medo de encontrar mais uma vez aquelas duas esmeraldas hipnotizantes. E, até mesmo quando conseguira virar a parede de encontro a outro corredor, o loiro a observava atentamente, com os olhos estreitos e um sorriso um tanto cafajeste no rosto.

O intervalo finalmente havia chego. Marinette já estava morta de fome e farta de tanto escutar a professora falar sobre química orgânica. Argh, como não gostava da matéria! Até mesmo na fila do almoço enquanto escutava as ideias empolgantes de sua amiga Alya, conseguia ver carbonos para todos os lados.

— E aí eu pensei em fazer uma reportagem sobre a Rose! — a morena diz animada, colocando a comida em sua bandeja. Marinette fazia o mesmo logo atrás da amiga, balançando a cabeça positivamente para tudo o que ouvia. — Mari, você está bem? Parece meio aérea...

— E quando a Mari não é aérea? — Kim, o atleta mais dedicado da escola ri, dando três batidinhas no cabelo da azulada, que era visivelmente mais baixa que ambos os amigos. — Hoje mesmo ela dormiu na aula de inglês, e na chamada respondeu "Por favor não me mate senhor porco"!

— Kim! — repreendeu a Cheng, rindo junto com os amigos logo em seguida. Quando saíram da fila, as amigas seguiram para a mesa vazia no canto do refeitório, ainda rindo da lerdeza da azulada. Quando se sentaram, não demorou muito para que alguns colegas de classe se juntassem à mesa, como Rose, Juleka, Ivan e Mylène.

Regra número quatro: não deixe outra pessoa notar seu nervosismo.

— Nós podemos fazer o trabalho na casa da Juleka, meninas? — Rose pergunta animada. A loirinha é a menina mais fofa do colégio, muito romântica e apaixonada por um príncipe que nem mesmo sabe de sua existência. — se ficar muito tarde, podemos fazer uma festa do pijama!

— Por mim tudo bem, não é Mari?

A Cheng ainda estava se lembrando do ocorrido de manhã, rezando para que o modelo nem mesmo se lembrasse do seu rosto. Suspirando, brincava com um pouco do macarrão em sua bandeja, com o queixo apoiado na mão.

Sorriu em confirmação e voltou a olhar para o nada, pensando na vida. Seus pais no momento se encontravam fora do país, tudo por conta de uma reportagem internacional. Os pais de Marinette começaram como simples padeiros, mas hoje, são considerados os um dos melhores confeiteiros do mundo. Já faziam meses que estavam fora e, sentia uma saudade imensa dos dois.

— Combinado. — Juleka soltou um sorriso, fechando seus olhos. — Quem é o grupo de vocês?

— Alix e Nathaniel! — a namorada de Ivan responde, mudando o foco da conversa.

Alya repara o quão longe a atenção da amiga está e estranha algo quando olha para frente. Juntando as sobrancelhas sob o óculos, a Césarie entre abre os lábios preparada para perguntar sem desviar o olhar.

— Por que Adrien Agreste está te encarando? — sussurra, assustando a azulada, que segue o olhar da amiga com receio e deparando-se com o par de olhos mais perigosos que já viu.

Regra número cinco: Em hipótese alguma chame a atenção do inimigo.

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