O dia foi tranquilo, até ao momento em que Ava recomeçou a beber. Depois de ela decidir contar aos meus amigos o que se tinha passado, Miles deu-lhe um chá e disse para ela ir para o seu quarto dormir e ela seguiu o conselho. No entanto, três horas depois, quando decidimos voltar ao apartamento para a Mia ir para o meu quarto dormir, ouvimos estrondos. Ava estava a bater com a cabeça na parede repetidamente, até que Jake correu para a impedir de o fazer uma outra vez. Ela estava a chorar, a soluçar, e eu senti um aperto no meu coração. Não gostava de a ver naquele estado e ganhei uma vontade imensa de seguir o exemplo de Mia e ir atrás do rapaz para lhe bater. Mas não o fiz. Observei apenas a forma como Jake abraçou Ava como se fossem melhores amigos e permiti-me sorrir. Desviei o meu olhar para Mia, vendo-a com lágrimas nos olhos.
- Aquela miséria está a estragar um dia que devia ser bom. – suspirou, enraivecida, e eu entendi o que ela estava a sentir. Ela caminhou até Ava e fez o inesperado.
Mia deu uma estalada na cara da irmã.
- Mia! – gritou Ava, com os olhos arregalados.
- Ouve bem, Ava, porque eu só vou dizer isto esta vez até ao final do dia. Eu amo-te e não vou deixar que aquela desculpa para ser humano te deixe neste estado. Já lhe parti o nariz, já te deixei na miséria quando me pediste mas não o vou fazer outra vez. Tu vais largar essa garrafa; larga a garrafa, Ava...vais largar essa garrafa e vais voltar a dormir. Vais recompor-te antes que os nossos amigos cheguem e vais mostrar àquele estúpido que consegues ser feliz sem ele. Eu adoro-te e toda a gente aqui também! Agora, vais parar de chorar e abraçar-me porque eu odeio ver-te assim.
Ava pestanejou algumas vezes, permitindo que Mia lhe tirasse a garrafa das mãos, e abraçou a irmã. Nós olhámos uns para os outros, indecisos entre sorrir com o momento e ficar assustados com a brutidão de Mia. Encolhi os ombros e deixei que as irmãs se recompusessem, porque queria que elas aproveitassem o melhor que conseguissem. Declan fez Ava prometer de que iria dormir e, sinceramente, quem é que resiste ao meu irmão? Ainda não conheci ninguém que o tivesse feito e Ava certamente não foi a exceção à regra. Ela suspirou, sorriu-lhe e agradeceu-nos por estarmos a cuidar dela. Todos lhe sorrimos como resposta. Mia agarrou na sua mão e levou-a até ao quarto de Jake e Miles.
Depois disso, todos decidimos dispersar, para aliviar o ambiente. Miles e Jake disseram que iam a um café e depois comprar algumas bebidas para a festa de durante a noite. Declan despediu-se também, informando-me de que queria mostrar a cidade a Patrick. Assenti para o meu irmão mais novo, que me olhou durante alguns segundos para ter a certeza de que eu não mudava de ideias, e depois agarrou na mão do namorado e saiu porta fora. Quando me encontrei sozinho, caminhei até ao quarto onde as irmãs estavam e olhei para Mia a cobrir a irmã com um cobertor cinzento. Ava olhou-me e sorriu e eu sorri de volta, encostando-me à parede. Mia suspirou e beijou a testa da irmã, levantando-se e caminhando até mim.
- Estou exausta. – comentou, quando fechámos a porta. – Desculpa estarmos a estragar os planos, Asher.
- Não tens que pedir desculpa. – garanti, envolvendo os seus ombros no meu braço. – Prefiro que Ava esteja bem a forçar uma festa nela. Ela agora precisa de descansar e logo processa aquilo que lhe disseste.
- Fui muito bruta? – ri um pouco, não lhe respondendo. – Isso é um sim, não é? Não queria ser bruta! Mas ela estava a irritar-me.
- Ah, a ironia. – comentei, fechando a porta do meu quarto. Ela fuzilou-me com os olhos. – Foste só um pouco bruta, mas não disseste nada que ela não precisasse de ouvir. O rapaz foi idiota.
Mia sorriu-me, contente por eu concordar com ela. Virou-se de costas para mim, pedindo-me que eu abrisse o fecho do seu vestido para ela dormir mais confortável e eu obedeci-lhe. Pousei o vestido em cima da cadeira da minha secretária e tirei da minha cómoda uma t-shirt para ela vestir. Ela sorriu-me, agradecendo-me e eu encolhi os ombros. Quando ela vestia a minha roupa, as peças passavam a cheirar melhor, portanto não requeria sequer esforço da minha parte para me separar da minha roupa. Aliás, algumas das camisolas ficavam bem melhor nela, na minha opinião. Sorri ao vê-la seminua e tirei os meus sapatos e as minhas próprias roupas, aproveitando que a casa estava vazia para dormir um pouco também.
- Eu vou passar o dia agradecer-te e ainda sentir que não é o suficiente. – afirmou, caminhando em direção à minha cama. – Porra. – praguejou, ao bater com um dos pés contra a madeira da cama.
- O que é que aconteceu? – apressei-me até ela. – Estás bem? Dói muito? – ela riu alto, abanando a cabeça. – Tu és terrível.
- Dói um bocadinho. – respondeu, ainda rindo. – Mas eu estou bem. É bom ver que te preocupas assim tanto com os dedos dos meus pés.
- Não é só com os teus dedos que eu me preocupo, tu sabes disso. – os seus olhos ganharam um brilho e eu beijei a sua testa, suavemente. – Vamos dormir.
Encolheu os ombros, recomeçando a sua gargalhada, e eu apertei-a contra mim para a fazer calar. Os meus braços envolveram facilmente o seu corpo e saltei para cima da cama, fazendo-a voltar a rir alto. Rodopiámos até eu estar em cima dela, beijando-a lenta e suavemente. Ela sorriu contra os meus lábios e eu sorri de volta, deitando-me ao seu lado. Pedi-lhe para levantar as pernas para nos podermos cobrir e ela obedeceu-me, aproveitando o pretexto para deitar a cabeça no meu peito e me abraçar, ainda encolhida, como Deke fazia quando era mais novo. Suspirei, penteando os cabelos da rapariga que estava ao meu lado.
Pousei uma das minhas mãos na sua coxa e apertei-a nos meus braços, sentindo a sua respiração a acalmar, aos poucos. Sorri contra os seus cabelos e deixei que ela fosse a primeira a adormecer, sem dizer nada. O som da sua respiração estava a acalmar-me e eu voltei a sentir o que sentia sempre que a via a dormir. Sentia-me feliz. Eu não era uma pessoa infeliz, nunca fui, mas Mia conseguia aumentar facilmente a minha felicidade. Ela, Jake e Deke eram, no momento, as três pessoas mais importantes da minha vida e eu não sabia o que fazer em relação a isso. Cada um deles despertava em mim o lado mais protetor e eu sentia ser meu dever tentar que nenhum deles se magoasse. O que eu sentia por Mia era algo forte e eu sabia disso, e era por isso que eu queria oficializar a nossa relação. Mas, como sempre, a rapariga de olhos negros trocou as voltas a tudo o que eu tinha planeado.
Suspirei.
- Ash? – sussurrou, com voz de quem já estava mais adormecida que acordada. Soltei um breve hm para ela saber que eu a ouvi. – Obrigada.
- Não tens que me agradecer por nada.
- Tenho sim. – refutou e eu suspirei, deixando que ela falasse. – Não só por hoje, mas...mas por tudo. Quem diria que o rapaz mal humorado que conheci há uns meses seria tão importante para mim agora?
- Eh, eu acho que até foi previsível. – comentei, rindo, e quase a senti a revirar os olhos. – Ninguém te conseguiria resistir por muito tempo e eu não fui exceção.
- Talvez. Mas eu achava que ninguém me conseguiria aguentar por tanto tempo e nisso foste definitivamente a exceção.
Sorri.
Não lhe disse mais nada, até porque pouco depois, senti o seu corpo a ficar um pouco mais pesado e percebi que ela tinha adormecido. Queria ir fechar os estores do meu quarto para conseguir dormir melhor, mas não queria mexer-me, então aguentei a dor de dormir com luz a entrar na divisão. Suspirei e deixei o meu corpo relaxar, gostando do silêncio e da calma que a presença de Mia trazia. Apertei-a levemente nos meus braços e deixei que o meu corpo partisse para o sonho. Mas, antes que adormecesse realmente, senti Mia a mexer-se e a murmurar contra o meu peito. Juntei as sobrancelhas e tentei mexer-me para conseguir perceber o que ela estava a dizer enquanto dormia, mas arrependi-me no momento em que percebi que ela estava a cantar Shakira.
- I'm on tonight, you know my hips don't lie and I'm starting to feel it's right.
- Mia. – sussurrei, tentando perceber porque é que ela estaria a sonhar com a Hips don't lie.
- The attraction...the tension, can't...you see...baby...this is...perfection. – murmurou, mais pausadamente, suspirando no final. Abanei a cabeça, rindo.
de todas as pessoas, a Mia lembra-se de ir cantar Shakira...quem não, tbh?
cada vez mais adoro o Asher. eu já escrevi isto há tanto tempo que às vezes esqueço-me de capítulos fofos como este, em que ele é o meu bebé lindo que só adora toda a gente e quer protegê-los a todos
espero que estejam a gostar, acho que só faltam mais 4(?) capítulos!! vai ser triste despedir-me destas personagens, mas vão ver que este ano ainda vos escrevo outra história assim fofa
(parece que escrevo tudo menos Caótico...ahah.....)
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Cair e Levantar
General FictionAsher era um rapaz simples: gostava de chá, de ter boas notas e de não perder a sua paciência. Mia era igualmente simples: gostava de ouvir músicas pop, de cantar músicas pop e, principalmente, de irritar Asher enquanto o fazia. All Rights Reserved...