Capítulo 8

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Não sabia nada do meu irmão há dois dias. Ele tinha prometido ligar, mas não o fez e eu não conseguira dormir naquela noite. No dia seguinte, segunda feira, tinha esperado todo o dia por uma chamada sua, mas nunca veio. Mia tinha-me olhado atentamente, sem saber exatamente o que fazer, limitando-se a colocar uma mão no meu ombro e beijar a minha bochecha. Sorri-lhe, mas não lhe expliquei o que se passava, principalmente porque eu não sabia o que se passava sequer. Jake tentou ligar para Declan, quando eu lhe contei o que sabia, mas o meu irmão não tinha respondido à chamada. Começava a ficar preocupado e, na terça feira, com duas noites por dormir, sabia que não iria aguentar muito mais tempo.

Estava na sala há meia hora, sozinho porque tinha ido para a universidade muito mais cedo que o costume, olhando para o ecrã do meu telemóvel. Sentia que algo de errado se passava, quase como aquele sexto instinto de que se ouvia falar em relação às mulheres, mas não podia largar tudo e ir até minha casa, nem ligar aos meus pais. Jake não me deixava. Ele acreditava que Declan tinha que resolver todos os seus problemas sozinhos, sem ter a sombra do irmão mais velho sempre atrás de si. Eu concordava, mas a ansiedade de não saber o que se passava com a pessoa que me era mais preciosa e quem eu mais protegia estava a deteriorar-me.

Vi Mia entrar, com as mãos cheias com copos de café. Ela sorriu-me mas, naquele dia, a única coisa que consegui fazer foi dar-lhe um sorriso com os lábios fechados. Isso fez com que ela semicerrasse os olhos e praticamente corresse até mim. Pousou um dos copos na minha mesa e aponto para ele com os seus olhos, levando-me a pegar nele e a bebê-lo. Fechei os olhos e puxei os meus cabelos com a mão livre, suspirando. Eu sabia que ela estava preocupada comigo porque, apesar de mau humorado, eu nunca tinha estado tão...assim, tão quebrado. Se eu estivesse no seu lugar, também estaria assustado.

- O que é que se passa, Asher? Podes falar comigo... - ajoelhou-se ao lado da minha mesa e eu olhei para as suas pernas, preparado para lhe dizer para não se sujar, quando reparei que ela tinha umas calças de ganga.

- Podemos não falar disto, por favor? Eu também não sei o que se passa, sinceramente, e é complicado. Obrigado pelo café, no entanto. – ela pousou uma mão nas minhas pernas para se equilibrar e levou outra à minha face, puxando-me para mais perto. – Mia.

- Cala-te, Asher. Não disseste que não querias falar? Eu não estou a falar, tu estás. – isso fez-me rir e ela sorriu-me como resposta. Suspirei e ela encostou as nossas testas. – Eu vou tirar notas das próximas aulas, porque já sei que não estás a tomar atenção. Depois vou precisar que me expliques tudo, porque acho que mesmo estando assim tu consegues ser mais inteligente que eu.

- Tu não és burra. – ela revirou os olhos e beijou a minha bochecha suavemente, fazendo-me fechar os meus olhos.

A aula demorou eternidades a passar. De vez em quando, deixava cair a minha cabeça na mesa e a Mia, atrás de mim, tinha que me bater nas costas para eu voltar a levantá-la. Agradeci-lhe mentalmente por estar a tentar cuidar de mim e suspirei, voltando a olhar para o meu telemóvel. O dia passou nessa tortura, eu olhava para o telemóvel e não acontecia nada. De vez em quando, recebia uma mensagem do Jake ou do Miles a perguntar se eu estava bem e se já sabia alguma coisa. A resposta era sempre a mesma: não.

- Asher, vamos almoçar. – Mia pediu, agarrando no meu braço.

- São cinco da tarde.

- E eu ainda não te vi comer nada. Vamos almoçar, Asher. – puxou-me na direção de um pequeno restaurante perto da universidade e eu apanhei-me a suspirar e a deixá-la fazê-lo. – Podes não me querer contar o que se passa, e sinceramente não tens que o fazer, mas não te vou deixar assim tão miserável. Preocupo-me contigo.

Cair e LevantarOnde histórias criam vida. Descubra agora