O Centro D.P.

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- Max, acorda. Já é de manhã! – Muriell apareceu no quarto sem ao menos bater na porta. Max abriu os olhos e rapidamente teve de fechá-los com a persiana do quarto sendo escancarada pela mãe e trazendo a claridade do nascer do sol.

- Quantas vezes eu tenho de dizer... Um E-xen não tem olhos de uma pupila só e nem assim não é sensível! – Tagarelou Max.

- Anda! Você tem as provas finais do semestre. Quer passar de ano? Então, vamos!... Levanta dessa cama e vá se ajeitar. Faltam apenas cinco dias de aula.

Max continuou resmungando até dar um salto sobre o colchão e parar de pé num dos lados da cama, os olhos ainda vertendo remela ao redor, e se direcionou ao banheiro. O creme dental e a escova de dente literalmente mofando de tanto tempo sem usá-las. Desde que conhecera as Maçãs Loviabélicas, nunca mais precisara passar cinco minutos com uma escova na mão. Aquelas maçãs que imitavam o efeito do creme dental o melhor armamento contra bafo de Cocotale maduro, a fruta nativa da campina E-xen da Tromps.

Max encarou-se no espelho. Nada de acne ou cravos. Por não terem um número de camadas de pele tão grande quanto os humanos, E-xens não costumavam ter esse tipo de problema na vida. Ele ainda deu mais alguns resmungues, atritou o cabelo com as mãos para endireitá-los, encharcou o rosto de sabonete e água, e secou-o em seguida, abrindo melhor os olhos. Deu umas três mordidas numa das Maçãs Loviabélicas postas numa tigela sobre a pia do banheiro. O resto comeria após a refeição do café da manhã. Colocou as roupas antigas com o logo de St. Notre Dame. A camiseta de manga curta parecia não parar de fazer cócegas nas costas. A densidade de magnetismo carregado no corpo de um E-xen estaria desacostumado com as roupas 100% algodão dos seres mais pensantes da Terra.

Por fim, antes de se dirigir à cozinha, Max viu seu mini-Thikkenhead sobre a escrivaninha do quarto e resolveu botá-lo. Era sagrado o Qlember colocá-lo antes que saia de casa. Precisaria na finalidade de estar atualizado de alguma atividade que fosse além da linha atmosfera-espaço da Terra. Além disso, a tiara Thikkenhead que mais parecia um headphone dos modelos novos ajudava-o a perceber frequências Z-xens em qualquer lugar e traduzi-las à linguagem que o garoto mais entendia, servia assim como um segundo rastreador de atividade suspeita. Embora a sociedade Z-xen estivesse ultimamente morta, era melhor não abandonar o dispositivo. Notícias sobre Platinum estavam menos disponíveis nos últimos tempos.

- Iogurte de frutas, e torradas. – Anunciou Muriell, ao que o jovem cruzou o corredor e deparou-se com a mesa nova feita de lousa e vidro. O fogão faltando gás. Com o trauma vivido após o último ataque na casa antiga da família, Muriell acostumara-se a usar isqueiros.

- Quanto tempo! – Comentou Max estampando um sorrisinho singelo – Esqueceu de pintar a comida dessa vez? – Acompanhou-se com risos dele e da própria mãe. - E o pai? Quando vem?

- Depois de amanhã.

- O que ele tem de tão importante pra ficar fora tantas oscilações?!... Quero dizer, dias?

- Problemas com um colega dele – Depois da primeira engolida do pedaço da torrada, Muriell explicou mais. Aproveitou o tempo para lavar a louça suja da noite anterior. – Parece que um tal de... Carlos não está muito bem e vai ter que ficar cuidando dele até que fique melhor. Vai ficar levando os projetos dos novos processadores para sua casa. Seu pai acabou decidindo ficar num hotel perto da cidadezinha onde mora.

- O pai nunca falou sobre esse tal de Carlos alguma coisa. Que eu saiba, os amigos dele são o Dênis e o Joêno... Ah, é! Tem o Júlio também... Mas esse só veio numa festa, que eu me lembre. E na outra casa ainda...

- Pois é, mas devem ter se conhecido há pouco tempo... Mais torrada?

Após o café da manhã, Max foi na parada esperar pelo ônibus que o levaria à escola através da rua que repartia a cidade em morrinhos e depressões. A avenida de Deep Step continuava no mesmo ritmo. A família dos Qlembers havia vendido sua casa de tantos anos e se mudado para um apartamentozinho que tinha uma vizinhança estranha, de pouco papo, mas que não se intrometia na vida deles. Algo relativamente bom. Em compensação, os prédios e o movimento do bairro os mesmos de sempre. Nada era tão diferente de antes em Deep Step. Até que, pelo menos, se provasse o contrário. Nenhuma das árvores da cidade tinha suado uma gota sequer de algum tipo de toxina, como as árvores Carvíneras de Platinum ou as nuvens do planeta dos magnetizadores faziam. Os tênis de Max Qlember não eram as mesmas meias fibrosas que usava quando estava no sistema TriÚni, porém, se comportavam bem a gravidade e pressão de Deep.

M.S.E. Series - A Nova Era, Os Guerreiros de TriÚni, O Segredo de VeridianOnde histórias criam vida. Descubra agora