Capítulo 14 - Juntando as Peças

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  Eu estava dormindo como se estivesse em uma nuvem, nem parecia que na noite passada alguém tinha apontado uma arma pra mim.

  Acordei com aquele cheiro maravilhoso de café entrando no quarto.

- Você merece café na cama depois do que fez ontem.

  O bule era maior que ela.

- Você me respeite. – disse lendo os meus pensamentos e sentou-se do meu lado na cama.

- Você gosta de desenho? – liguei a TV do quarto.

  Ela ficou me olhando com cara de brava.

- O que foi? – perguntei rindo.

- Você sabe que eu não sou uma criança normal.

- É, mas ontem estava fazendo birra por causa de cookies.

- Foi necessário.

- Sei.

  Eu sabia que era um ser divino que estava ali, mas eu queria tratá-la como uma criança, afinal, apareceu como uma pra mim.

- Se eu tiver que aparecer pra você em outra circunstância, será como um mago. – falou me provocando.

  Eu ria tanto.

  Deixei no desenho enquanto tomávamos o nosso café.

  Logo o meu celular alertou uma mensagem e eu peguei para ver: "amiga, aconteceu. Eu e o Pablo nos beijamos!".

- Ai meu Deus. – revirei os olhos.

- O que foi? – Dorothy quis ver.

- A Ana beijou o Pablo do trabalho, como se tivesse dado o primeiro beijo da vida dela.

- Mas se ela está feliz, você também deveria estar não é?

- Mas foi só um beijo, isso não é nada demais. – olhei pra ela.

- Tudo o que envolve sentimentos é muito valioso.

- É porque você vê de outro jeito.

- E por que você não vê também?

  Eu fiquei sem resposta.

- Está bem, vou mandar outra mensagem pra ela: "Que bom amiga, estou muito feliz por você!".

- Achei um pouco irônico. – Dorothy comentou.

- Mas é a verdade. – falei firme.

- Então tá bom, se você está dizendo.

- Eu vou para a agência. – levantei da cama.

- Fazer o que lá? Amanhã você vai viajar.

- Por isso mesmo. Preciso ver se está tudo em ordem.

- Está bem, mas o que você acha de antes fazer uma roupa pra mim? – ela desceu da cama e foi até um monte de tecidos no canto do quarto.

- Aonde você arrumou isso? – perguntei encantada com os linhos, glitters, cetim, tudo o que eu mais amava.

- Não faça pergunta difícil.

  E então eu, sem pestanejar, peguei a tesoura já com mil ideias na cabeça.

- Você quer algo em especial? – perguntei sentada no chão.

- Não. Hoje é você quem manda.

A Pequena ConselheiraOnde histórias criam vida. Descubra agora