Quando eu acordei pela manhã, fiquei pensando: "Será que tudo o que eu vivi ontem foi um sonho?".
Eu queria acreditar que sim, mas no fundo eu desejava que fosse verdade.
Quando ouvi um barulho vindo da cozinha, eu tive a minha resposta. Então levantei depressa e fui até lá com o meu pijama de ovelhinhas.
Dorothy estava vestida igualzinha a mim.
- Como você conseguiu isso? – perguntei admirada.
- Que pergunta mais boba. – ela disse pegando o pão da torradeira e indo para a mesa.
- Preciso me acostumar com a sua magia ou o seu poder, sei lá. – falei percebendo que ela tinha deixado um pão pra mim e fui pegá-lo.
- Hoje o dia vai ser bem melhor que ontem. – falou enquanto mordia sua torrada com vontade.
Eu me sentei de frente pra ela.
- E como você tem tanta certeza disso?
Depois me lembrei de que ela sabia de tudo.
- Não, eu não sei de tudo. – comentou o meu pensamento outra vez – Sei o suficiente sobre tudo o que envolve você. Então como você me aceitou na sua vida, hoje vamos mudar algumas coisinhas.
Eu olhei pra ela, não gostando muito daquele tom.
- Que "coisinhas"?
- Bom, vamos começar pela Ana né? Que você gritou com ela ontem.
Nossa! Eu tinha me esquecido completamente daquilo.
Sempre quando eu e Ana brigávamos, eu procurava me desculpar logo depois para que não ficasse tão sério. E dessa vez, nem para o celular eu tinha olhado.
- Não se preocupe. – Dorothy falou – Ela não mandou nada no seu celular, porque sabia que você estava muito nervosa. Agora você só precisa ir falar com ela.
- Está bem. – concordei, tomando o meu café.
- E depois, precisa pedir desculpas para outra pessoa também. – e fez uma cara de menina sapeca.
- Que outra pessoa? – perguntei sem fazer ideia de quem era.
Quando ela me lançou um olhar meio de lado, lembrei na hora.
- Não. – falei no impulso – Ah não. Você não quer que eu vá falar com aquele... – nem terminei.
- Sim senhora. – e bateu o copo na mesa – Vai falar com ele sim!
- Mas pra quê eu tenho que falar com ele? – ela ficou olhando pra minha cara como quem não ia responder àquela pergunta – Ele que foi um curioso e se intrometeu na minha briga com a Ana. – me defendi.
- Mas você foi muito grossa com ele.
- Mas ele mereceu! – eu queria convencê-la – Olha aqui, você sabe da vida dele? Sabe o que ele fez? – perguntei numa boa, quando me lembrei de que ela tinha poderes – Você consegue ver a vida dele? – fiquei curiosa.
- Para de ficar achando que eu sou uma vidente ou uma menina com superpoderes. – ela me repreendeu – Eu já disse que só sei da sua vida, que só vim pra ficar com você e mesmo que soubesse da vida dele eu não te contaria.
- E por que não? – achei o cúmulo.
- Porque se você tem tanta curiosidade assim, pergunta você pra ele.
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A Pequena Conselheira
General FictionPaola Bressani é editora-chefe de uma grande empresa na cidade de Milão. Ela segue uma vida rotineira e estressante já há um bom tempo, e não está nem um pouco preocupada com sonhos, novas conquistas e com nada que a tire do seu "mundinho". Para e...