George entrou e me viu agachada pegando a folha.
Eu até fechei os olhos de tanta vergonha, nunca me imaginei passando por uma situação dessas. E então eu me levantei e olhei pra ele.
- George, me perdoe. – falei guardando o documento dentro do envelope.
Ele se aproximou devagar, estava com uma cara de desconfiado.
Meu Deus! Eu queria sair correndo até a sacada e me jogar lá de cima.
- Eu posso explicar. – falei sem conseguir olhar pra ele direito.
- Não, tudo bem. – ele falou meio confuso.
- É que... – eu respirei fundo, mas muito fundo mesmo – Eu fiquei curiosa pra saber sobre o que aconteceu no seu passado, com a sua ex-mulher. – eu estava quase morrendo – Porque a senhora da recepção me disse que ela foi cruel com você, mas a história que eu ouvi falar foi outra, então eu achei que esse papel – minha voz quase não saía – fosse sobre o seu divórcio. Me desculpe. – e entreguei o envelope pra ele.
- Tudo bem. – ele o pegou da minha mão, e eu percebi que aquilo mexia muito com ele. – O seu carro não veio? – mudou de assunto.
- Ah então, foi justamente por isso que eu acabei falando com a senhora da recepção. – eu sorri, mas era de nervoso – Porque o cara veio trazer o meu carro, mas eu estava no banho e não deu tempo de chegar até lá.
- Ah entendi. Então eu vou ligar para ele trazê-lo. – pegou o celular.
- Não precisa. – pedi – Ele disse que voltaria às seis horas, então já deve estar chegando.
- Ah, ótimo. – ele me olhou brevemente e colocou o envelope em cima da estante. – Você quer um chocolate quente? – e foi para a cozinha.
- Ah, quero sim. – eu o segui, ainda toda envergonhada. – Deu tudo certo na fazenda? – eu tentava quebrar aquele clima tenso.
- Para o primeiro dia, sim. – ele respondeu – Mas amanhã acredito que ainda vá o dia inteiro para terminar.
- Entendi. – eu não sabia mais o que dizer.
- Você gosta de chantilly?
- Ah, eu gosto sim. – respondi sem jeito.
Fiquei observando ele terminar o preparo, e ele não parecia estar muito bravo comigo.
- Espero que você goste. – e entregou a xícara pra mim.
- Obrigada.
Eu ia tomar, quando ele me chamou.
- Vamos nos sentar. – e foi até a mesa.
Eu o acompanhei e me sentei à sua direita.
- George, eu peço que me perdoe realmente por ter mexido nas suas coisas, foi horrível da minha parte. – eu pedi quase implorando.
- Tudo bem, Paola. – ele segurou no meu braço que estava apoiado na mesa – Não esquente a cabeça por causa disso, está tudo bem. – ele falou calmo – Você gostou do chocolate quente? – e afastou a mão.
- Sim, está uma delícia. – eu voltei a tomar, e agora estava um pouco mais calma.
Ficamos um tempo em silêncio e eu pensava em puxar assunto com ele, mas estava com medo de acabar tocando em sua vida pessoal, e isso seria terrível depois do que eu tinha feito.
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A Pequena Conselheira
General FictionPaola Bressani é editora-chefe de uma grande empresa na cidade de Milão. Ela segue uma vida rotineira e estressante já há um bom tempo, e não está nem um pouco preocupada com sonhos, novas conquistas e com nada que a tire do seu "mundinho". Para e...