Era inacreditável!
A menina do parque estava ali no meu sofá. E dessa vez usando uma blusinha com o símbolo do Capitão América e uma saia tule azul com lantejoulas. Eu fiquei ali parada sem saber o que dizer e observando cada detalhe.
- Eu sei, é linda né? – a menina desceu do sofá e começou a desfilar com a roupa – Fui eu mesma que fiz. Só não consegui fazer o escudo.
Eu tentava falar alguma coisa, mas a voz não saía.
- Por que está com essa cara? – ela me perguntou – Meninas também usam fantasias de super-heróis tá? – e colocou as mãos na cintura.
- Eu não, eu... – tentava me concentrar – Eu não estou preocupada com a sua roupa, e sim, em como você veio parar aqui na minha sala.
- Ah! Isso é o de menos. O importante é que eu posso te ajudar. – e me olhou de cima a baixo – Você não está mesmo adequada para uma reunião desse porte.
E ela falava sério.
- Foi a Ana quem te mandou aqui? – eu ainda tentava entender como ela tinha conseguido entrar ali.
- Eu já disse que não conheço nenhuma Ana. Eu vim até aqui porque você precisa de ajuda.
- Olha garota, impossível você ter vindo até aqui sem ninguém ter te barrado no caminho. Ainda mais ter entrado na minha sala sem ter falado com a minha secretária.
- Eu passei por ela de boa. – falou mexendo as mãos, e eu percebi que as unhas estavam pintadas de azul com glitter – Eu sou bem vaidosa. – falou como se tivesse lido o meu pensamento – Sim, eu leio o seu pensamento.
- Ah que horror! – falei dando um passo pra trás.
- Não precisa ter medo, eu sou sua amiga. E, aliás, o tempo está passando e eu preciso te ajudar com essa roupa. Deixe-me ver... – e ficou me olhando com a mão no queixo, pensativa.
Eu pensei em sair correndo porque, embora ela não me desse medo algum e tivesse uma carinha fofa, eu não podia estar falando com uma criança assim, do além.
- Prontinho! – ela fechou e abriu os olhos – Agora você está linda!
Quando ela falou isso, eu abaixei a cabeça bem devagar para ver a minha roupa, e AH! Soltei um grito.
- Mas o que é isso? – perguntei sem acreditar, e sim, agora eu estava bem assustada.
- Eu pensei que combinaria com a sua sandália um vestido tubinho preto, com rendas na manga e um pequeno decote nas costas.
Eu fiquei pasma, com a boca aberta, sem me mover.
- Fiz também um penteado no seu cabelo, deixei umas mechas de cachos soltas e uma maquiagem de leve porque ainda é de dia né?
Só depois que ela falou que eu percebi uma mecha do lado direito.
- Você é louca. – falei quase sem voz.
- Eu sou vaidosa, assim como você.
- Eu não sou vaidosa. – discordei.
- Mas era, quando tinha a minha idade.
Na hora em que ela falou aquilo, um flashback surgiu instantaneamente na minha cabeça e de repente toda aquela fantasia começou a fazer sentido. A minha mãe adorava fazer saias rodadas pra mim, eu tinha de várias cores. Nós duas adorávamos criar nossas próprias roupas e eu amava arrumar os cabelos dela e da minha irmã, que era a caçula.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Pequena Conselheira
Fiction généralePaola Bressani é editora-chefe de uma grande empresa na cidade de Milão. Ela segue uma vida rotineira e estressante já há um bom tempo, e não está nem um pouco preocupada com sonhos, novas conquistas e com nada que a tire do seu "mundinho". Para e...