Eu percebi que Ana ficou completamente baqueada com o que eu disse.
- Você o quê? – ela custava a acreditar.
"Pronto, perdi a minha melhor amiga" foi o que veio na minha mente.
- Eu sei que é horrível. – eu falei envergonhada e com medo do julgamento dela.
- Sim amiga isso é muito horrível. Horrível você não ter contado pra mim antes! – pegou na minha mão – Por que você nunca me contou?
Fui surpreendida novamente.
- Você não está brava comigo? Porque assim, o que eu fiz não foi certo, talvez na sua crença seja até um pecado e você vai continuar aqui? – perguntei esperando que ela levantasse e fosse embora.
- Paola, pelo visto você precisa me conhecer ainda. – ela sorriu – Um amigo de verdade não abandona e vira as costas para o outro quando ele comete algum erro. Muito pelo contrário, a gente segura firme em sua mão, o ajuda a se levantar e a fazer o certo da próxima vez. E se caso você errar de novo, nós faremos isso de novo, e de novo e sempre mais uma vez.
- Ana, você parece até a Dorothy falando. – comentei chorando.
- Porque isso é uma lógica do céu amiga, isso faz parte do caminho do amor que ela quis te mostrar. O amor de Deus é maior do que qualquer coisa no mundo, qualquer erro, pecado, dor e sofrimento. Se nós conseguirmos andar por esse caminho, podemos fazer mais pessoas felizes, mais amadas, um mundo sem menos julgamento e preconceito. As guerras só existem porque as pessoas não sabem amar.
Naquele momento eu já estava afogando nas minhas lágrimas.
- Obrigada. – foi o que consegui dizer.
Ela me abraçou, e aquele gesto de amor me envolveu.
Se ela tivesse levantado e ido embora, eu com certeza me sentiria muito mal e talvez até cometesse alguma loucura.
Ana era a pessoa mais próxima que eu tinha de uma família. Depois que Dorothy se foi, percebi que ela também era a pessoa mais próxima que eu tinha de Deus.
- Obrigada por nunca ter desistido de mim. – me encorajei a falar pra ela – Que muitas vezes você veio falar de Deus e eu te interrompia, dizia que não acreditava e tal.
- Não precisa me agradecer. Eu sabia que um dia ele mesmo te provaria, eu não tinha que provar nada e muito menos deixar de ser a sua amiga por causa disso. As pessoas precisam aprender, acima de todas as coisas, a se respeitarem. O mundo seria bem melhor, você não acha?
- Com certeza. – respondi emocionada – Mas você foi capaz de acreditar em algo tão surreal que foi a Dorothy na minha vida, sem questionar. Não passou pela a sua cabeça em nenhum momento que eu estivesse ficando louca, não? – perguntei rindo.
- Claro que sim. – respondeu rindo também – Mas depois você insistiu que a via, então eu resolvi acreditar ué! Sempre te achei centrada demais ao ponto de ficar louca e vendo coisas, ainda mais você que nem em anjos acreditava.
- É mesmo. – concordei tomando mais um pouco do chá, que aliviava a dor que eu estava sentindo – Na verdade, até agora eu não sei dizer ao certo quem a Dorothy era, um anjo ou qualquer outra coisa. Ela sempre se referia a mim como uma conselheira, como se eu soubesse exatamente o que isso significa. – confessei.
- Eu também não sei te dizer amiga. – Ana se ajeitou no sofá – Mas enfim, depois que ela foi embora, o que aconteceu de tão ruim pra você achar que foi uma consequência do aborto?
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A Pequena Conselheira
Aktuelle LiteraturPaola Bressani é editora-chefe de uma grande empresa na cidade de Milão. Ela segue uma vida rotineira e estressante já há um bom tempo, e não está nem um pouco preocupada com sonhos, novas conquistas e com nada que a tire do seu "mundinho". Para e...