Deitei-me um pouco sobre a cama, o Miguel saiu para comprar alguma coisa para comermos. Ele queria ir almoçar a um restaurante, mas não estou com cabeça para sair de casa.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto e não consegui controlar. Eu não tenho a certeza se fiz bem defender o Ivo. Ele fez-me tanto mal, ele fez-me sofrer tanto. Ela deve pensar que eu sou uma parva, depois de tudo, eu ainda o defendo. Eu senti que devia fazer.
Eu acho que o meu sentimento pelo Ivo já mudou, ele já me magoou tantas vezes que parece que nada mais que ele diga possa me magoar. Ela chamou-me indirectamente de galdéria e gorda e em tempos eu não pararia de pensar nisso. Ele pediu-me desculpa e mostrou-se arrependido e não sinto vontade de voltar para ele. é como se o meu amor fosse diminuído a medida que o Ivo foi me magoou. Não digo que não sinta algo por ele e até tenho medo que ele se aproxime de mim e que volta a sentir o mesmo por ele. Por isso, não quero que ele se aproxime.
O Miguel entrou no quarto com uns sacos.
Miguel- então, essa dor cabeça já passou ou é preciso irmos ao hospital.
-Sim, estou melhor.
Miguel – era uma novidade muito grande se quisesse ir ao hospital.
-já sabes que eu não gosto de ir aos hospitais.
Eu sentei na cama, por mais que queira não consigo animar.
Miguel – comprei o almoço num restaurante que serve comida para fora. Advinha o que eu comprei para ti?
-não tenho fome.
Miguel – tudo bem, eu como a lasanha que trouxe para ti. Não há problema.
O Miguel senta-se a minha frente começa a tirar as embalagens da alumínio do saco.
-lasanha. Acho que o meu apetite está de voltar.
Miguel – se não tens fome não precisas de comer. - ele abriu a caixa e com o garfo de plástico tirou um pedaço- cheira bem, consegues sentir o cheiro?
ele aproximou a caixa de mim.
-pois cheira, podes dar-me a minha lasanha.
Miguel - não, tu não tens fomes. Eu como a tua, não precisas de preocupar.
-Miguel, dá-me a lasanha.
Miguel – qual lasanha? São as duas minhas.
Eu puxo o saco e ele não deixa.
-Miguel! Dá-me a lasanha.
Miguel - não tinhas fome.
-mas já tenho.
Miguel – agora, é tarde mais. Acabou o prazo.
-Miguel! - eu grito e consigo rouba-lhe o saco com a outra caixa.
Abri a caixa e cheira era maravilhoso. E sabor também, ele parou de comer e observa-me comer. - o que é que foi? - eu falei com comida na boca.
Miguel - é fácil fazer-te feliz, é só dar-te comer.
-estou gravida. Eu não era assim.
Miguel - põe a culpa na gravidez.
-também vais dizer que estou gorda? - eu amuei.
Miguel - não, claro que não. Ele é um estúpido, não sabe o que diz. Não lhe dês importância.
Miguel – porque não tiramos a tarde para nos divertirmos? Não temos propriamente de voltar já.
-É uma boa ideia, onde querer ir?
Miguel - não sei, diz-me tu. Tu é que vivias aqui.
-queres que seja a tua guia turista? Tens que me pagar bem?
Miguel – deixa estar. Ficamos aqui no quarto, olha aquele cortinado tão giro. - ele aponta e goza comigo e riu.
-parvo!
Miguel - é bom ouvir-te rir. - o nosso olhar ficou preso. Ele parecia pensativo, as vezes gostava de poder ler os pensamentos do Miguel. Ele desviou o olhar para a comida. Eu não percebo, nós damos bem, mas há alturas que fica um clima tão estranho entre nós, como se tivéssemos a fazer algo de errado.
Eu olhei para a guitarra do Miguel encostada a parede. Ainda não percebi porque que ele a trouxe.
-Porque trouxeste a guitarra?
Miguel – para me entreter, pensa que ias passar mais tempo com a Francisca.
-e a musica que andavas a escrever?
Miguel – ainda não está pronta. Porque achas que trouxe a guitarra.
-podias tocar qualquer coisa para mim?
Nós estamos acabar a refeição.
Miguel – se pagares bem.
-deixa estar, eu ponho musica no telemóvel que mesma coisa.
Miguel – andas a aprender, forreta. - ele levantasse e pega na guitarra e volta sentar-se na cama. Acerta alguns tons da guitarra até começar uma melodia certa.
Eu observei-o, ele estava concentrado o que o torna tão bonito. Um pequeno sorriso formasse nos meus lábios.
Ele fecha os olhos e começa a cantar uma canção em inglês que eu não conheço. Ele canta tão bem. Eu não sou muito boa em inglês, mas a letra é simples e consigo entender o que ele canta. O Miguel parece sentir o canção com muita intensidade. Ele é um rapaz tão bonito e quando canta ainda parece mais bonito.
O Miguel acaba de cantar, levantasse e volta a colocar a guitarra encostada a parede. Ele parece comprometido.
-eu estou sem palavras, Miguel. Tu cantas tão bem. Nunca experimentaste a ir aqueles concursos de musica.
Miguel - não. Eu gosto de cantar, não quero ser cantor.
-Porque?
Miguel – porque não dá dinheiro.
-E porque não dá dinheiro não podes tentar.
Miguel – tu és muito nova, pensas que eu participava no concurso e sai de lá uma estrela.
-nunca se sabe. De quem é mesmo a musica que cantes? - eu perguntei curiosa.
Miguel – de ninguém, acabei de inventar. A letra apareceu na minha cabeça durante a manhã e terminei agora. - eu fiquei a olhar para ele. Como isto pode ser possível? - o que é que foi?
-tu compuseste esta musica?
Miguel – sim, qual é o problema?
-o problema é que a musica é brutal. Tu tens noção do talento que tens?
Miguel – claro. Agora, vê-la se te despacha que aqui a estrela pop quer ir conhecer Lisboa. - ele goza comigo e não dá importância ao que eu lhe disse.
-és mesmo parvo. Eu estou a falar a sério.
Miguel – também eu. - ele pega a chave do carro e abre a porta do quarto. - anda.
Eu peguei na minha mala e saímos.
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O Diário de Sara
Fiksi RemajaAVISO: leiam o primeiro livro antes de começar a ler este, entenderam melhor a história. O meu nome é Sara Santos e tenho quinze anos. A minha vida dava uma boa novela trágica. Viver com os meus tios, acho que foi o melhor que me aconteceu, embora...