Donuts.

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Olá pessoas! Antes de começar, eu só queria agradecer a todos vocês pelo incrível apoio que estão me dando. Sei que não são muitos, mas o que estão aí me deixam muito feliz, mesmo com poucos comentários! Também queria fazer outra pergunta: eu tenho 4 fanfics SQ no momento, mas só essa tá publicada aqui no Wattpad. Vocês querem que eu publique as outras também? Respondam aí, fiquem calados não! Kkkkk Bem, já falei demais, agora, tenham uma boa leitura!

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- Emmett -  

Eu tentava me concentrar no jogo, mas o olhar de Ruby estava começando a me incomodar. Ela não havia saído do meu lado em nenhum momento do dia e seu olhar estava sempre vidrado em mim, como se ela pudesse ver a minha alma. Meus olhos já não prestavam mais atenção nas cartas, eu apenas olhava a morena por cima delas.

Depois de muito tempo, simplesmente desisti e deixei as cartas de lado na cama e a encarei.

- Quer me dizer alguma coisa? - perguntei.

Ela não tirou aquela mesma expressão do rosto e continuou me encarando por um tempo.

- Você gosta da Zelena? - me perguntou de repente.

Franzi o cenho, mas por dentro, rezava para que aquilo não fosse o que eu estava pensando.

- Gosto... ela é tipo uma terapeuta que não cobra a consulta – dei de ombros. - Por que?

Ela voltou sua atenção para as cartas.

- Nada demais... - revirei os olhos e peguei as cartas de sua mão. - Ei!

- Por favor, não me diga que vocês estão se pegando – falei até um pouco rápido demais.

- Não! - respirei aliviado. - Bem, ainda não...

Cerrei os olhos, não acreditando no que eu estava ouvindo.

- Ruby – mesmo fraco, bati em seu braço. - Você tem 15 anos!

- Quase 16! - a reprovei com o olhar, a fazendo dar um suspiro derrotado. - Eu sei...

- E o August? - ela desviou o olhar. - Vocês terminaram?

- Sim... não... ah, eu não sei! - colocou o cabelo atrás da orelha em sinal de nervosismo. - Nós brigamos, mas... eu gosto muito dele...

- Mas não desse jeito... - completei e ela assentiu.

- Não do jeito que eu gosto da ruiva...

Fechei os olhos por alguns segundos e respirei fundo. Peguei suas duas mãos.

- Olha, vocês acabaram de se conhecer. E, realmente, ela é bem mais velha... - desviou o olhar. - Mas... eu até acho fofo vocês duas – sorriu de canto. - Só me promete que não vão fazer nada até que você faça 18...

Ela sorriu, assentindo com a cabeça.

- Eu prometo, estraga prazer... - falou rindo. - Eu entendo sua preocupação e realmente agradeço isso.

- Você é a minha irmãzinha... só não quero que alguém se machuque... ou acabe na prisão – falei, fazendo ela soltar uma risada.

- Nada disso vai acontecer.

Ficamos rindo por mais um tempinho e percebemos que já estava ficando tarde e ela teria que ir em bora em pouco tempo e só poderia voltar no dia seguinte. Nós tínhamos aquele horário de visita inteiro apenas para nós dois – fizemos nossos pais concordarem – e sempre queríamos aproveitar ao máximo. Ela me levava alguns deveres da escola e Regina me levava outros mais cedo. Na verdade, aqueles dois dias que eu tinha ficado no hospital tinham me ajudado muito psicologicamente. O meu quarto era bem calmo e quieto, então eu tinha bastante tempo para pensar. Agora só faltava dois dias para eu ter alta, e mesmo gostando da minha estadia naquele lugar, não via a hora de voltar para casa.

Puxei Ruby e Bert para se deitarem comigo e acabamos dormindo ali mesmo, com Ruby abraçada ao meu corpo e eu fazendo carinho na cabeça dela. Precisávamos descansar pelo menos, um pouco.

*

- Então... - voltei minha atenção para Ruby que estava, novamente, sentada em minha cama. - No que está pensando?

Franzi o cenho.

- Do que está falando?

- Você está todo pensativo aí.

A noite já estava caindo novamente e eu finalmente fui liberado para comer o quanto eu quisesse, ou seja, meus pais tinham saído para comprar pizza enquanto eu eu Ruby sujávamos a cama do hospital com farelos de Donuts.

- Não sei do que está falando – mordi a minha maravilha açucarada. - Apenas pergunte o que quer perguntar – falei cobrindo a minha boca com comida.

Ela suspirou e chegou mais perto de mim, deixando a rosquinha de lado na caixa. Franzi o cenho e fiz o mesmo, terminando de engolir.

- Como você vai contar? - suspirei. - Ou você não vai contar?

- É claro que vou, mas... eu não sei Ruby. É tudo muito complicado – me sentei virado completamente para ela. - Se eu for contar pro papai e pra mamãe, terei que falar sobre o "acidente" - fiz aspas com a mão. - Já foi difícil o suficiente contar para você, imagina para eles.

Ela suspirou, mas pareceu entender o que eu estava falando.

- Eu só queria saber como a Granny iria reagir – falou com um sorriso de canto.

Eu olhei para ela e tentei suprimir o riso, a fazendo arregalar os olhos.

- Você contou para ele? - neguei com a cabeça e seus olhos arregalaram um pouco mais. - Ela já sabia?

- Ela é a Granny...

- E como ela reagiu? - dei de ombros.

- Melhor do que eu.

Ela deu uma risadinha e jogou a cabeça para trás.

- Deuses... - pegou o seu Donut novamente. - Eu amo a vovó – falou dando uma grande mordida na rosquinha.

Eu apenas ri e fiz o mesmo. Nos deitamos lado a lado e ficamos encarando o teto por um tempo.

- Sabe – quebrou o silêncio. - , a sua vida parece um livro do Nicholas Sparks...

Não consegui evitar e ri de sua associação.

- Eu não me lembro dele ter escrito um livro sobre uma pessoa trans que tem medo de contar a verdade para os entes queridos – retruquei.

- Verdade – deu de ombros. - Mas daria um ótimo livro – ela virou a cabeça, me encarando. - Faça uma autobiografia e estamos ricos. - revirei os olhos e coloquei o meu donut em sua boca, a calando.

- Você só fala besteira – me sentei na cama e ela foi logo atrás.

- Mais donut pra mim...

Revirei os olhos novamente e lhe dei um tapa no braço.

- Quem aí quer pizza? - perguntou meu pai, entrando no quarto e sendo seguido pela minha mãe.

Eu e Ruby levantamos a mão e ficamos brigando para ver quem levantava mais alto, fazendo nossos pais rirem.

Comemos, conversamos e rimos o tempo inteiro. Granny se juntou a nós logo depois que conseguiu fazer tudo que precisava em sua lanchonete. Aparentemente, Ruby realmente iria trabalhar lá, o que me impressionou bastante, já que a ideia partiu dela. Regina só poderia me visitar no dia seguinte, causando uma imensa saudade, mesmo que fosse apenas um dia sem vê-la.

Vendo eles ali, rindo enquanto comiam, contando histórias que eu pensei nunca mais ouvir... foi ali que eu pensei que, talvez, tudo fosse ficar bem. Talvez, eu não precisava me preocupar tanto.

Ele não sou eu.Onde histórias criam vida. Descubra agora