Voar.

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Regina.

Quando eu era pequena, o meu maior sonho era voar. Era simplesmente tirar os pés do chão e sair flutuando por aí, como uma espécie de super-heroína. Voar sobre as casas, entre os prédios, voar tão alto a ponto de alcançar as nuvens. Mas eu não sabia como isso iria ser feito.

Eu teria que abrir os braços e voar como um pássaro? Tentei. Não funcionou.

Teria que pular do telhado e deixar o vento me levar? Tentei. Não funcionou e quebrei uma perna.

Até que um dia, voei de avião pela primeira vez. Não era o que eu queria, mas foi o mais perto que eu já havia conseguido e a minha reação foi histérica. Cheguei na casa do meu pai saltitando, dizendo que eu tinha voado. Sua primeira reação diate disso foi sorrir.

Mas com o passar do tempo, percebi que aquilo não era voar, não de verdade. Eu não sabia o que era isso. Perguntei para a minha irmã e ela respondeu "Voar, não é o ato de sair do chão" Ela começou. "É o ato de sentir que seus pés não estão firmes. É se sentir flutuando, mas não necessariamente sair do chão."

Quando ela disse isso, não entendi nenhuma palavra. Eu não entendia como alguém poderia voar sem sair do chão. Naquela época, a chamei de maluca e ela riu, concordando e dizendo que estava em nosso sangue.

Eu não entendia.

Até que um dia, a resposta caiu bem na minha frente. Eu descobri como voar com os pés no chão e me senti flutuar. Agora eu sei do que ela realmente estava falando.

- Regina? - ouvi uma voz me chamando.

Percebi que eu estava imersa em meus pensamentos quando o professor me chamou. Eu nem lembrava mais qual era aquela aula. Quando o encarei, percebi que minha irmã estava ao seu lado, e sua feição não era boa.

Ela me olhava como se dissesse que algo ruim havia acontecido.

O professor me liberou, então juntei minhas coisas e nós duas fomos para o corredor. Ela parecia aflita, o que me deixava ainda mais nervosa. Quando paramos, ela respirou fundo e contou calmamente o que havia acontecido.

Eu entrei em desespero.

Eu queria ir para o hospital, ter certeza que ele estava bem. Zelena me prometeu que me levaria até lá, mas antes me perguntou se eu tinha percebido algo de errado nele.

Falei o óbvio: ele parecia cansado e pálido.

Passei o caminho inteiro até lá inquieta. Meu pé não parava de bater no chão do carro e a minha respiração era irregular. Eu não sabia o que havia acontecido ou o que iria acontecer. Só sabia que ele tinha desmaiado e Ruby havia o levado para o hospital, ligando para seus pais logo em seguida.

Chegamos na sala de espera e eu não tive tempo para raciocinar direito, apenas senti o corpo de Ruby se chocando contra o meu. Ela estava tremendo e eu sentia suas lágrimas molhando o meu pescoço.

Ela me explicou exatamente o que havia acontecido enquanto esperávamos seus pais aparecerem, o que não demorou muito. Os dois aparecerem voando dentro do hospital, interrogando a filha para saber o que havia acontecido, fazendo ela contar tudo novamente.

Fiquei sentada em um canto com Zelena afagando minha mão enquanto esperávamos por notícias, me deixando mais relaxada. Quando Zel teve que ir ao banheiro depois de ficarmos algum tempo sentadas, o meu coração voltou a bater mais rápido. Eu não sabia o que havia acontecido – e os episódios de Grey's Anatomy maratonados naquela semana não estavam me ajudando.

Ele não sou eu.Onde histórias criam vida. Descubra agora