- Emma -
Algumas horas antes.
Eu andava calmamente pela rua, com um humor mais alegre do que o normal. A noite já estava caindo e o vento gelado balançava meus cabelos e jogava parte do meu casaco para trás. Eu andava para pensar, sem ter um destino.
Os passos que já me seguiam por algumas quadras começaram a ficar mais evidentes, começando a me assustar e me deixar realmente preocupada. Parei bruscamente e apenas esperei. Alguma coisa me dizia que correr não era a minha melhor opção no momento.
— Olha só o que temos aqui... — uma voz surgiu por trás de mim. — O viadinho de Storybrooke — disse rindo.
Eu pude ouvir duas outras pessoas se aproximando e rindo junto ao outro homem.
— Aparentemente, sou eu — respondi.
— E ele não nega! — disse o terceiro homem com uma voz sarcástica.
— Bem, na verdade, vocês estão errados — consegui ver suas faces ao irem para o meu campo de visão, mas eu nunca os tinha visto antes. Um era mais velho do que o outro, fazendo suas vozes se destacarem por serem mais graves ou mais agudas que as outras. — Primeiramente que eu não posso ser um "viadinho" — me olharam com o cenho franzido. — Transgênero e gay são coisas diferentes. Acho que vocês deveriam fazer uma pesquisa mais aprofundada.
Por que eu estava os irritando?
— E eu pensando que você fosse, no mínimo, inteligente — negou com a cabeça, com a raiva estampada em seu rosto. — Mas acho que isso é algo que devemos esperar de pessoas como você — foi aí que eu senti o primeiro soco, me fazendo cair no chão.
Respirei fundo, sentindo a dor e o sangue saindo do meu lábio. Sentada no chão ouvi suas rizadas.
— Vamos, "Emma" — zombou. — Vamos ver se você ainda bate como um homem.
Suspirei, me levantando com dificuldade. Os encarei, mas não com raiva, mas com pena de seus seres.
— Não — respondi simplesmente.
— Não? — o mais velho riu. — Você não vai se defender? — ri, debochadamente, tentando limpar o sangue do meu lábio inferior.
— Se eu lutar contra vocês... será apenas covardia, já que vocês não conseguiriam andar depois.
Os dois se encararam e começaram a rir. Foi uma risada que começou a se intensificar a cada segundo. O mais velho olhou para mim e acertou um soco em meu estômago, sem me dar chances para reagir.
— Lute! — ele berrou. — Me bata de volta!
Tossi por falta de ar após o soco e o olhei com um sorriso de canto.
— Não — respondi novamente.
— Por que? — o mais novo perguntou e eu cuspi um pouco de sangue no chão.
— Eu não sou como vocês.
A verdade é que, mesmo eu sendo forte, não conseguiria lutar contra os três e isso só faria as coisas piorarem. Meu pai me ensinou a escolher as minhas batalhas e, com certeza, aquela não era uma batalha que eu conseguisse vencer. Então escolhi ser melhor do que eles, mesmo que aquilo causasse vários machucados em meu corpo e em minha alma.
— Resposta errada — disse o do meio, acertando outro golpe em meu rosto.
Caí no chão e não consegui me levantar. Eles não me deram uma chance. A dor me consumia a cada golpe. Deitada no chão, com o rosto ensanguentado, pensei por um segundo, apenas um segundo, que eu realmente merecia aquilo. Todos os meus pensamentos do passado voltaram à tona... talvez eu realmente fosse uma aberração. Soco após soco eu começava a perder os sentidos. Eu já não enxergava muito bem e a dor em meu rosto apenas parecia piorar. Eles me chutavam e me socavam, como se eu fosse nada para eles. Como se eu não fosse um ser humano.
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Ele não sou eu.
Fiksi PenggemarA vida tem como base a felicidade. Esse sentimento é prezado e endeusado por quase todos os seres vivos. A felicidade é um estado de plenitude, satisfação, contentamento, bem estar. Mas e quando você não está feliz com si mesmo? E se aqueles breves...