- Emmett -
O vento gelado batia em meu rosto, mas eu não me importava. Queria apenas ficar ali sentado, olhando as ondas indo e vindo serenamente, como se zombasse de nós, meros humanos com as nossas cabeças confusas e tempo inexistente. Olhando para o mar, eu me sentia minúsculo, inferior. Não é para menos. A imensidão daquela água azul deveria intimidar a todos.
Eu amava sentar na areia e encarar o mar desde que me lembro por gente. Sempre tive medo de entrar na água, então eu sempre fiquei do lado de fora, enquanto minha irmã desfrutava do frio e segurança que o mar lhe passava. Mas eu nunca me importei. Como eu disse, amava fazer aquilo.
Mas uma hora, tudo acaba. Percebi isso ao olhar meu relógio de pulso. Eu estava ali já fazia algumas boas horas e eu tinha que voltar para casa. Não sei o por quê, mas saí de casa no meio da noite e comecei a andar pela cidade, sem rumo e sem motivo. Quando percebi, eu já estava de frente a praia, então decidi ficar por ali mesmo. Agora o sol já aparecia e uma nova quarta-feira começava.
Respirei fundo e fechei meus olhos mais uma vez. A tranquilidade se alastrava por mim quando o ar gelado entrava pelas minhas narinas, me fazendo sorrir levemente. Eu deveria, mas realmente não queria sair dali.
Ouvi alguém se aproximando, mas não me movi ou abri os olhos. Quando senti a pessoa sentar ao meu lado, percebi que não era nenhuma ameaça. Na verdade, eu sabia exatamente quem era.
—Como soube que eu estava aqui? - perguntei com um tom baixo.
—Eu não sabia – respondeu a voz. – Apenas dirigi até te encontrar – finalmente abri os olhos e a encarei. – Você deveria ser mais discreto ao sair de casa no meio da noite.
—Desculpe se eu não sou expert nisso como você – retruquei.
—Se quiser, eu posso te dar umas aulas.
Revirei os olhos, mas com um pequeno sorriso, coisa que não passou despercebida por ela. Voltei meu olhar para o mar e fiquei o encarando, quase que ignorando a presença de Ruby.
—Por que veio pra cá? - ela perguntou.
—Não sei – respondi sem encará-la.
Senti seu olhar sobre mim, mas não a olhei. O silêncio veio, mas não ficou por muito tempo.
—Se lembra de quando tínhamos 7 anos... – começou. – e o papai e a mamãe nos trouxeram aqui... e eu fui queimada por uma aguá viva? - preguntou rindo e me fez rir com a lembrança.
—É claro que eu lembro – respondi tentando não rir escandalosamente. – É impossível não lembrar. Você ainda tem a marca na perna – ela riu.
—Nos sentimos em um episódio de Friends.
—Ainda não sei como você se contorceu daquele jeito...
—Eu também não – falou, controlando o riso. – Você nunca entrou na água – disse com um tom mais sério. Eu apenas neguei com a cabeça. – Acha que, algum dia, irá superar esse medo?
—Não tenho certeza – a encarei. – Nunca se sabe.
Ela apenas sorriu de canto e segurou uma de minhas mãos que segurava minhas pernas. Ela se levantou, bateu em suas pernas, tentando tirar a areia de sua calça e estendeu sua mão para mim com um sorriso no rosto. Aceitei de bom grado e me puxei para cima, repetindo seus movimentos e tirando a areia de mim.
Enquanto Ruby dirigia, eu fiquei em silêncio no banco do passageiro, olhando pela janela. Eu conseguia sentir que ela me encarava de canto de olho, provavelmente tentando distinguir se eu estava bem ou não. Realmente, nem eu sabia a resposta para essa pergunta.
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Ele não sou eu.
FanfictionA vida tem como base a felicidade. Esse sentimento é prezado e endeusado por quase todos os seres vivos. A felicidade é um estado de plenitude, satisfação, contentamento, bem estar. Mas e quando você não está feliz com si mesmo? E se aqueles breves...