Dia de Ação de Graças: Parte 2

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- Regina -

Algo estranho entalou em minha garganta. Eu não tinha certeza se era uma palavra, uma letra ou apenas um alto e estridente grito.

— Cora. — Meu pai se levantou com uma feição nada amigável. — O que está fazendo aqui?

— Henry... — ela o olha com um sorriso indecifrável. — Isso são modos? — ela dá de ombros e sorri para a mesa. — Depois ainda perguntam o porque nos divorciamos. — Assume um tom de brincadeira. — Sou Cora Mills.

O pai de Emma se levanta e sorri, mesmo que todos consigam ver o desconforto em seu olhar e em cada gesto que faz.

— Eu sou David, essa é a minha esposa Mary Margaret — aponta para ela. — Minhas filhas, Ruby e Emma e... já conheceu a Granny, a avó das meninas.

— É um prazer — sorriu mais largamente. — Viu, boas maneiras existem.

— O que está fazendo aqui? — As palavras finalmente saíram de minha garganta quando me levanto.

— Não posso passar um dia especial com a minha filha?

— Você podia simplesmente ter me chamado, do mesmo jeito que foi ano passado.

— Assim eu não veria todos vocês! — Ela olha com um certo desgosto para a minha irmã ao meu lado, que faz questão de demonstrar que não se importa com nada do que está acontecendo. — Zelena.

— Cora. — Responde com a taça de vinho em sua boca.

— Agora é "Cora"?

Uma risada sarcástica sai de sua boca, a fazendo separar sua boca da taça e apenas virar a cabeça para encarar a nossa mãe.

— Ah, me desculpe. Eu deveria lhe chamar de mãe depois que me expulsou de casa quando eu tinha 15 anos e me mandou para um internato? — As frases eram vomitadas com puro sarcasmo. — Falando nisso, diga-me, como foi os últimos 10 anos da sua vida?

— Desculpe se você era tão horrível que tive que te mandar embora...

— Chega! — Antes mesmo que meu pai conseguisse a interromper, David se levantou e bateu as mãos na mesa. — Eu não me importo com quem seja, mas não irá falar com ninguém dessa forma em minha casa!

Emma já havia me contado de como seu pai ficava quando estava realmente bravo, mas foi a primeira vez que vi sua veia saltar daquele modo. Minha mãe se calou no mesmo segundo. Sua voz morreu e eu não pude evitar de rir internamente com aquilo. Cora Mills estava sem fala, essa era nova.

— David... — Meu pai começou a falar, mas Mary o interrompeu.

— Não tente protestar, Henry. Meu marido está mais do que certo. — Ela se virou para minha mãe, que ainda tentava se recompor. — Essas três pessoas estiveram em nossas vidas por pouco tempo, mas nós já os consideramos família. Você, minha senhora, não ouse tratar nossa família assim.

— Bem... — Mamãe limpou a garganta. — Eu acho que me enganei. Pensei que boas maneiras eram ao comum no Canadá. Aparentemente isto é um mito.

— Acho melhor se retirar. — Granny a olhou com desgosto. — Este é um ambiente familiar, não serve para você.

Olhei de soslaio para Zelena, que estava com o olhar baixo, provavelmente tentando não se importar com o que tinha ouvido. Mesmo eu me sentindo agradecida pelas palavras de David e Mary, meu repúdio por minha mãe era maior. Eu não conseguia encarar Emma. Zelena não conseguia encarar Ruby. Seria muito doloroso ver suas feições de pena.

Ele não sou eu.Onde histórias criam vida. Descubra agora