Capítulo 14

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Sentada em uma sala espaçosa e clara, no meio de silenciosa plateia, Olivia esperava a sessão começar. Diante deles, uma mesa com alguns livros, uma bandeja com uma jarra de água e copos, um vaso com flores. Amaro e outros frequentadores do centro haviam se sentado ao redor dela.

Ele a apresentara a uma jovem senhora, dizendo:

- Ester lhe fará companhia. Faço parte do grupo e tenho de colaborar. Qualquer dúvida, ela estará apta a esclarecer.

Olivia sorriu tentando aparentar calma. Desde que entrara ali, sentia-se ansiosa, inquieta. Aquilo era loucura. Talvez fosse melhor ir embora. Não era uma pessoa fraca nem medrosa, entretanto lhe parecia que, se ficasse ali, algo de terrível iria acontecer. Seu impulso era de sair correndo, mas ela se dominou envergonhada.

Ester tomou seu braço, dizendo baixinho:

- Vamos nos sentar. Aguente firme, que logo tudo vai passar.

Olivia olhou-a desconfiada. Não tinha dito nada. Como ela podia saber que não estava se sentindo bem? Teria deixado transparecer?

- É a primeira vez que venho a um centro espírita - disse, tentando parecer natural. - Faz tempo que você vem aqui?

- Desde que desenvolvi mediunidade. Há mais de cinco anos.

- Ah! Você é médium...

- Sou.

- Esse é um dom.

- Não é bem assim. Mediunidade é uma condição natural do ser humano. Todos nós somos influenciáveis e influenciamos os outros. 

- Eu nunca senti nada.

- É que não percebeu. Quem não conhece o assunto sente as influências, mas dá outras explicações para isso. Você está sendo envolvida por um espírito desde que entrou aqui.

- Eu?

- Não sentiu arrepios, medo, vontade se sair correndo?

- Como sabe?

- Eu registrei isso e sei o que está acontecendo.

- Sabe?

- Há alguém interessado em que você não fique aqui.

- Por quê?

- Isso eu não sei. Talvez seja interessante para ele que você continue descrente, que não encontre aqui o que veio buscar.

Olivia iria responder, mas não houve tempo, porque a reunião começou com o dirigente fazendo uma prece. Depois, outro abriu um livro e leu uma mensagem sobre a força da fé. Durante vinte minutos, eles comentaram o assunto da noite. Depois às luzes se apagaram, ficando acessa apenas uma luz azul.

O coração de Olivia batia forte, e ela começou a suar frio, fazendo esforço enorme para controlar-se, para não se levantar e sair. Ester percebeu e segurou sua mão, dizendo baixinho:

- Calma. Não tenha medo. Você já está sendo ajudada.

Nesse momento, uma mulher ao redor da mesa deu um soco na mesa e gritou enraivecida:

- Soltem-me. Não me segurem. Deixe-me sair.

Um senhor levantou-se e, colocando a mão sobre a cabeça dela, disse calmo:

- Calma. Não tenha medo. Queremos ajudar você.

- É mentira! Vocês querem me prender, isso sim. Estou prevenido.

- Fale a verdade. Você estava prejudicando uma pessoa. Invadiu nosso recinto e pretendia que ela fosse embora. Do que tem medo?

- De nada. Ela não acredita. Por que perdem tempo com ela?

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora