Eugênio abriu os olhos assustado e levantou-se imediatamente. O médico estava dentro do quarto.
- Aconteceu alguma coisa? - indagou ele.
- O que foi? - disse Olivia, levantando-se por sua vez.
- Precisamos conversar.
- Nelinha está bem? - indagou Eugênio.
- Ela teve um pequeno problema, mas já foi medicada.
Os dois se olharam assustados, e Olivia tornou:
- Ela piorou?
- Essa doença tem momentos delicados. Ela teve um dos pulmões inflamados. Mas foi medicada.
- Preciso vê-la de qualquer jeito - disse Eugênio. - Vou entrar na enfermaria agora.
O médico tentou impedi-lo, dizendo:
- Sua presença não vai ajudar em nada. Tente compreender. Ela está sendo bem atendida. Estamos fazendo o possível para curá-la.
- Seu estado ainda é grave? - indagou Olivia com voz que o medo enfraquecia.
- Eu diria que ainda não está fora de perigo. Contudo, ela tem reagido bem. É corajosa e cooperativa.
Eugênio deixou-se cair na cadeira, segurando a cabeça entre as mãos.
- Não fique assim - disse o médico - Acredito que esta noite tenha sido crítica. Se ela ultrapassar as próximas doze horas, estará fora de perigo.
Olivia aproximou-se do médico dizendo com voz que a emoção embargava:
- Doutor, peço-lhe encarecidamente: se o estado dela se agravar, gostaria que nos avisasse. Se tiver de acontecer alguma coisa com ela, não queria que fosse longe de nós.
- Não vou esperar nada. Vou entrar lá e pronto - disse Eugênio, levantando-se.
Pelos olhos do médico passou um lampejo de emoção. Aproximou-se, dizendo:
- Vou ver o que posso fazer.
- Vamos poder vê-la? - indagou Olivia.
- Vou autorizar uma visita rápida. Mas terão de mudar de roupas e tomar todas as precauções necessárias. Não poderão aproximar-se muito dela nem tocá-la. Se me prometerem obedecer e controlar as emoções, eu os levarei lá.
- Farei qualquer coisa para vê-la - disse Eugênio.
- Ela está dormindo e não quero que a perturbem. O sono é remédio para ela.
- Faremos o que quiser - prometeu Olivia.
O médico conduziu-os a um local onde tiraram as roupas e vestiram-se com roupas do hospital, colocando uma máscara na boca e luvas. Depois foram introduzidos na área restrita, em uma enfermaria onde havia várias crianças. Nelinha estava separada das outras por um biombo.
Eles se aproximaram com o coração batendo forte, e Eugênio, instintivamente, procurou a mão de Olivia, segurando-a com força.
- Aqui está bom - disse o médico. - Como podem ver, ela dorme tranquila.
Nelinha dormia, mas sua respiração era diferente, por causa do pequeno aparelho que havia em sua garganta.
- Ela tem febre? Seu rosto está corado e sua respiração acelerada - considerou Olivia.
- Tem. Estamos tentando resolver a infecção pulmonar com penicilina.
- Então ela vai ficar boa - disse Olivia.
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A verdade de cada um - Zibia Gasparetto
SpiritualMuitas vezes, embalados pela ilusão, tomamos atitudes precipitadas sem pensar em como elas afetam as pessoas ao nosso redor. Julgamos que sempre a intimidade alheia e acreditamos que sempre sabemos a melhor resposta Foi assim com Elisa, uma mulher d...