Capítulo 26

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Eugênio abriu os olhos assustado e levantou-se imediatamente. O médico estava dentro do quarto.

- Aconteceu alguma coisa? - indagou ele.

- O que foi? - disse Olivia, levantando-se por sua vez.

- Precisamos conversar.

- Nelinha está bem? - indagou Eugênio.

- Ela teve um pequeno problema, mas já foi medicada.

Os dois se olharam assustados, e Olivia tornou:

- Ela piorou?

- Essa doença tem momentos delicados. Ela teve um dos pulmões inflamados. Mas foi medicada.

- Preciso vê-la de qualquer jeito - disse Eugênio. - Vou entrar na enfermaria agora.

O médico tentou impedi-lo, dizendo:

- Sua presença não vai ajudar em nada. Tente compreender. Ela está sendo bem atendida. Estamos fazendo o possível para curá-la.

- Seu estado ainda é grave? - indagou Olivia com voz que o medo enfraquecia.

- Eu diria que ainda não está fora de perigo. Contudo, ela tem reagido bem. É corajosa e cooperativa.

Eugênio deixou-se cair na cadeira, segurando a cabeça entre as mãos.

- Não fique assim - disse o médico - Acredito que esta noite tenha sido crítica. Se ela ultrapassar as próximas doze horas, estará fora de perigo.

Olivia aproximou-se do médico dizendo com voz que a emoção embargava:

- Doutor, peço-lhe encarecidamente: se o estado dela se agravar, gostaria que nos avisasse. Se tiver de acontecer alguma coisa com ela, não queria que fosse longe de nós.

- Não vou esperar nada. Vou entrar lá e pronto - disse Eugênio, levantando-se.

Pelos olhos do médico passou um lampejo de emoção. Aproximou-se, dizendo:

- Vou ver o que posso fazer.

- Vamos poder vê-la? - indagou Olivia.

- Vou autorizar uma visita rápida. Mas terão de mudar de roupas e tomar todas as precauções necessárias. Não poderão aproximar-se muito dela nem tocá-la. Se me prometerem obedecer e controlar as emoções, eu os levarei lá.

- Farei qualquer coisa para vê-la - disse Eugênio.

- Ela está dormindo e não quero que a perturbem. O sono é remédio para ela.

- Faremos o que quiser - prometeu Olivia.

O médico conduziu-os a um local onde tiraram as roupas e vestiram-se com roupas do hospital, colocando uma máscara na boca e luvas. Depois foram introduzidos na área restrita, em uma enfermaria onde havia várias crianças. Nelinha estava separada das outras por um biombo.

Eles se aproximaram com o coração batendo forte, e Eugênio, instintivamente, procurou a mão de Olivia, segurando-a com força.

- Aqui está bom - disse o médico. - Como podem ver, ela dorme tranquila.

Nelinha dormia, mas sua respiração era diferente, por causa do pequeno aparelho que havia em sua garganta.

- Ela tem febre? Seu rosto está corado e sua respiração acelerada - considerou Olivia.

- Tem. Estamos tentando resolver a infecção pulmonar com penicilina.

- Então ela vai ficar boa - disse Olivia.

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora