Capítulo 24

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Eugênio atendeu ao telefone:

- O que foi, Elvira?

- Senhor Eugênio, Nelinha está com febre.

- Ontem ela estava sem fome, mas parecia bem.

- Ela está vermelha, e a febre é alta.

- Vou já para casa.

Desligou o telefone e guardou os papéis que estava examinando. Chamou a secretária, encaminhou algumas providências e saiu. Chegando em casa, viu que Elvira não exagerara. Nelinha estava com muita febre.

- Vou chamar o médico.

Enquanto aguardava, conversou com Nelinha, que sentia dores no corpo, mal-estar, sede e arrepios de frio. O médico chegou, examinou-a. Eugênio perguntou:

- Então, doutor, o que ela tem?

- Por enquanto não posso dizer. Os sintomas ainda são vagos. Pode ser gripe. É cedo para dizer. A garganta está um pouco inflamada. Temos de esperar para saber. Vou dar-lhe alguns medicamentos para aliviá-la e evitar complicações.

Eugênio respirou aliviado. Logo que o médico saiu, mandou Elvira comprar os remédios. Assim que ela voltou, começou o tratamento. Meia hora depois, a febre havia baixado e ele se sentiu melhor. Ficava apavorado quando qualquer dos três adoecia. Quando Marina teve sarampo, Elisa ainda era viva e cuidou de tudo. Já quando Juninho pegou caxumba, ele ficou em pânico. O médico custou a acalmá-lo. Para ter certeza, ele comprou livros de medicina e quis saber tudo o assunto.

Apesar de Nelinha estar melhor, ele não saiu de seu lado o dia inteiro. Não voltou ao escritório. No fim da tarde, Olivia apareceu.

- Telefonei e Elvira disse-me que Nelinha está doente. O que ela tem? - disse ela entrando no quarto da menina.

- O médico disse que parece uma gripe.

- Está com muita febre? - indagou ela, preocupada, aproximando-se da cama e colocando os lábios na testa da menina.

- O que está fazendo? - indagou ele.

- Sentindo se ela tem febre. Com os lábios, dá para saber.

Eugênio achou graça. Era o que sua mãe fazia com ele quando era pequeno.

- Como você sabe disso, se nunca foi mãe?

Ela se limitou a dizer:

- Está apenas febril. Mas é melhor pôr o termômetro. Onde está?

- Aqui - respondeu ele, entregando-o a ela.

Olivia levantou o braço da menina, colocando o termômetro em sua axila. Ela se remexeu e acordou.

Vendo-a, Nelinha disse:

- Que bom que está aqui!

- Que história é essa de ficar doente?

- Para você vir aqui fazer um mingau para mim.

Olivia sorriu e seus olhos brilharam.

- Para isso não precisava adoecer. Bastava pedir.

- Você não tem vindo me ver.

- Não é verdade. Estive aqui no domingo.

- Da outra semana.

- Vou fazer seu mingau, mas você vai comer tudo. Elvira disse-me que você não tem se alimentado bem.

- Se você fizer, eu como.

Olivia foi para a cozinha. Eugênio conversou com a filha enquanto esperavam. Ela lhe parecia bem. Olivia voltou com o prato, dizendo:

- Vamos, sente-se.

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora