Eugênio atendeu ao telefone:
- O que foi, Elvira?
- Senhor Eugênio, Nelinha está com febre.
- Ontem ela estava sem fome, mas parecia bem.
- Ela está vermelha, e a febre é alta.
- Vou já para casa.
Desligou o telefone e guardou os papéis que estava examinando. Chamou a secretária, encaminhou algumas providências e saiu. Chegando em casa, viu que Elvira não exagerara. Nelinha estava com muita febre.
- Vou chamar o médico.
Enquanto aguardava, conversou com Nelinha, que sentia dores no corpo, mal-estar, sede e arrepios de frio. O médico chegou, examinou-a. Eugênio perguntou:
- Então, doutor, o que ela tem?
- Por enquanto não posso dizer. Os sintomas ainda são vagos. Pode ser gripe. É cedo para dizer. A garganta está um pouco inflamada. Temos de esperar para saber. Vou dar-lhe alguns medicamentos para aliviá-la e evitar complicações.
Eugênio respirou aliviado. Logo que o médico saiu, mandou Elvira comprar os remédios. Assim que ela voltou, começou o tratamento. Meia hora depois, a febre havia baixado e ele se sentiu melhor. Ficava apavorado quando qualquer dos três adoecia. Quando Marina teve sarampo, Elisa ainda era viva e cuidou de tudo. Já quando Juninho pegou caxumba, ele ficou em pânico. O médico custou a acalmá-lo. Para ter certeza, ele comprou livros de medicina e quis saber tudo o assunto.
Apesar de Nelinha estar melhor, ele não saiu de seu lado o dia inteiro. Não voltou ao escritório. No fim da tarde, Olivia apareceu.
- Telefonei e Elvira disse-me que Nelinha está doente. O que ela tem? - disse ela entrando no quarto da menina.
- O médico disse que parece uma gripe.
- Está com muita febre? - indagou ela, preocupada, aproximando-se da cama e colocando os lábios na testa da menina.
- O que está fazendo? - indagou ele.
- Sentindo se ela tem febre. Com os lábios, dá para saber.
Eugênio achou graça. Era o que sua mãe fazia com ele quando era pequeno.
- Como você sabe disso, se nunca foi mãe?
Ela se limitou a dizer:
- Está apenas febril. Mas é melhor pôr o termômetro. Onde está?
- Aqui - respondeu ele, entregando-o a ela.
Olivia levantou o braço da menina, colocando o termômetro em sua axila. Ela se remexeu e acordou.
Vendo-a, Nelinha disse:
- Que bom que está aqui!
- Que história é essa de ficar doente?
- Para você vir aqui fazer um mingau para mim.
Olivia sorriu e seus olhos brilharam.
- Para isso não precisava adoecer. Bastava pedir.
- Você não tem vindo me ver.
- Não é verdade. Estive aqui no domingo.
- Da outra semana.
- Vou fazer seu mingau, mas você vai comer tudo. Elvira disse-me que você não tem se alimentado bem.
- Se você fizer, eu como.
Olivia foi para a cozinha. Eugênio conversou com a filha enquanto esperavam. Ela lhe parecia bem. Olivia voltou com o prato, dizendo:
- Vamos, sente-se.
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A verdade de cada um - Zibia Gasparetto
SpiritualitéMuitas vezes, embalados pela ilusão, tomamos atitudes precipitadas sem pensar em como elas afetam as pessoas ao nosso redor. Julgamos que sempre a intimidade alheia e acreditamos que sempre sabemos a melhor resposta Foi assim com Elisa, uma mulher d...