Capítulo 25

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Eugênio e Olivia acordaram com o ruído da porta e levantaram-se assustados. Um homem de branco estava dentro do quarto.

- Sou o médico que está atendendo Neli.

Os dois se aproximaram ansiosos.

- Como está ela, doutor? - indagaram quase ao mesmo tempo.

- Bem. Vim para conversar. Felizmente ela estava aqui. Teve uma crise respiratória e tive de fazer uma traqueostomia.

Eles empalideceram.

- Traqueostomia? - repetiu Olivia, assustada.

- É. Graças a esse procedimento, Neli está bem.

- Preciso vê-la - disse Eugênio nervoso. - Você operou minha filha sem nos dizer nada?!

- Foi uma emergência. A garganta dela fechou-se. Se eu não estivesse lá e não fizesse imediatamente a traqueostomia, ela teria morrido. Não houve tempo para avisá-los. Agora ela está dormindo sob efeito de sedativos, respirando normalmente. 

Olivia esforçava-se para conter as lágrimas. Nelinha passara por tudo aquilo, e ela não pudera estar a seu lado para confortá-la.

- Doutor, ela vai ficar boa? - perguntou Eugênio com voz trêmula.

- É forte e está reagindo bem. Como é seu nome?

- Eugênio.

- Você se assustou com a operação, mas com ela sua filha corre menos risco. Essa doença mata por asfixia. Nós impedimos que isso acontecesse. Na verdade, a vida de sua filha foi salva com essa traqueostomia.

Eugênio suspirou agoniado. Depois disse:

- Doutor, desculpe minha ignorância, mas fiquei desesperado com a doença dela. É muito cruel Nelinha passar por tudo isso sem que nós pudéssemos estar a seu lado confortando-a.

O médico pousou a mão no ombro de Eugênio, olhando-o nos olhos e dizendo:

- Sei como se sente. Mas creia que foi melhor assim. Nesses momentos, a presença dos familiares costuma atrapalhar. Precisamos dar toda a atenção ao paciente, e muitas vezes somos forçados a socorrer a família. Creia: estamos fazendo tudo para curar sua filha. Ela está sendo carinhosamente tratada por enfermeiras dedicadas que, além de serem boas profissionais, também são mães e atendem com amor.

- Obrigada, doutor, por ter vindo nos avisar - disse Olivia. - Posso fazer-lhe uma pergunta?

- Pode.

- Não sei muito sobre essa doença. Quanto tempo Nelinha vai precisar ficar no isolamento? Isto é, quando termina o perigo de contágio?

- Até o desaparecimento das placas da garganta. Isso varia e pode levar alguns dias. Já mandei para análise no laboratório e ela está tomando o remédio que mata essa bactéria. Agora vai depender da reação orgânica dela. Isso varia de pessoa a pessoa.

- Ela está sofrendo dores? - indagou Eugênio.

- Agora não. Está dormindo. Quando ela acordar, vamos continuar com os analgésicos. O mais importante é que ela está livre da asfixia.

Depois que o médico saiu, Eugênio sentou-se na cama com a cabeça entre as mãos. Olivia aproximou-se:

- Não se desespere - disse. - Viu o que ele disse? Ela é forte, vai se recuperar.

- Minha pequena, tão cheia de vida, tão alegre, está lá agora, com o pescoço cortado, dopada, e eu não posso sequer estar com ela!

Sem poder conter mais a tensão, Eugênio começou a soluçar, chorando copiosamente. Olivia não conseguiu conter as lágrimas. Ela também estava desesperada. Aproximou-se dele, penalizada, colocando as mãos em seus ombros. Quando conseguiu falar, disse:

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora