Capítulo 17

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Elisa olhou desconsolada para Inês sem saber o que fazer para acalmá-la. Quando ela entrava em depressão, tomava seus calmantes e ficava estirada na cama, Elisa podia pelo menos ter um pouco de sossego. Mas quando ela ficava inquieta, andando pela casa, apavorada em crise, Carlos irritava-se:

- Você não está aqui para ajudá-la? Por que não a faz se calar? Ela está me irritando! - dizia ele, descarregando sua raiva, espancando-a brutalmente.

Fazia três dias que ela estava prisioneira dele, sofrendo suas agressões, sem poder sair por um momento sequer.

Apavorada, Elisa perguntava-se por que Adalberto não aparecia para salvá-las. Se ele não se preocupava com ela, Elisa, esperava que ele pensasse em Inês, sofrendo por causa da presença daqueles espíritos perversos.

De que adiantou eles o terem matado? Antes, pelo menos, ele ficava fora a maior parte do tempo e, ao regressar de madrugada, bêbado, cansado, logo dormia. Agora, ficava lá todo o tempo, destilando ódio contra tudo e contra todos, tornando o ambiente da casa irrespirável a ponto de ninguém mais ter sossego. A criada só não ia embora por pena das crianças. Inês, tendo crises de terror e de depressão; os meninos, abatidos e sem apetite, um com dor de cabeça,  o outro com náuseas, vomitando cada vez que ingeria qualquer alimento. A situação deles estava um horror! Com a morte de Carlos, a situação tornara-se muito pior.

Elisa, apavorada, achava que, executando-o, eles haviam errado tremendamente. Onde estava Adalberto, que não vinha consertar o que fizera de errado? Eles não se intitulavam justiceiros? Carlos estava se aproveitando de uma mulher indefesa, que era ela mesma, e infelicidade sua própria família.

Inês andava de um lado a outro inquieta.

- Janete! Janete!

- Senhora.

- Por que o vigiando não está no hall de entrada?

- Ele está, dona Inês.

- Não está, não. Eu espiei e não o vi.

- Ele foi ao banheiro por um instante, mas já voltou, a senhora pode ver. Ele está lá.

Inês abriu a porta do quarto e espiou. Ele estava lá mesmo. Suspirou e disse:

- Não quero que ele saia nem por um instante. Estou pagando para ele ficar lá, vigiando.

- Sim, senhora. Acho bom chamar o doutor Silva de novo. Nequinho está vomitando muito. Agora mesmo ele tomou suco de laranja e pôs tudo para fora.

O rosto de Inês contraiu-se:

- Meu Deus! O que será que ainda vai acontecer?

- Não vai acontecer nada, dona Inês. Acalme-se. O doutor Silva vem, receita outro remédio e ele vai ficar bem.

Inês torceu as mãos em desespero:

- Não sei, não... Estou me sentindo insegura. Algo de ruim vai acontecer. Não sei o que é, mas tenho a sensação de que esta casa vai ser invadida... Preciso proteger meus filhos ... Não sei como...

Janete aproximou-se dela, e Elisa aproveitou para transmitir-lhe energias calmantes.

- A senhora está assim pelo que aconteceu - disse Janete. - Foi horrível. Mas passou. Não vai acontecer de novo. O prédio está protegido e temos um vigia dentro do apartamento. Ele está armado.

Inês acalmou-se um pouco:

- É... pode ser. Vá, telefone para o doutor. Vamos ver Nequinho.

- Dona Inês, a vizinha do 51 tem perguntado da senhora. Ela deseja fazer-lhe uma visita.

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora