Elisa olhou desconsolada para Inês sem saber o que fazer para acalmá-la. Quando ela entrava em depressão, tomava seus calmantes e ficava estirada na cama, Elisa podia pelo menos ter um pouco de sossego. Mas quando ela ficava inquieta, andando pela casa, apavorada em crise, Carlos irritava-se:
- Você não está aqui para ajudá-la? Por que não a faz se calar? Ela está me irritando! - dizia ele, descarregando sua raiva, espancando-a brutalmente.
Fazia três dias que ela estava prisioneira dele, sofrendo suas agressões, sem poder sair por um momento sequer.
Apavorada, Elisa perguntava-se por que Adalberto não aparecia para salvá-las. Se ele não se preocupava com ela, Elisa, esperava que ele pensasse em Inês, sofrendo por causa da presença daqueles espíritos perversos.
De que adiantou eles o terem matado? Antes, pelo menos, ele ficava fora a maior parte do tempo e, ao regressar de madrugada, bêbado, cansado, logo dormia. Agora, ficava lá todo o tempo, destilando ódio contra tudo e contra todos, tornando o ambiente da casa irrespirável a ponto de ninguém mais ter sossego. A criada só não ia embora por pena das crianças. Inês, tendo crises de terror e de depressão; os meninos, abatidos e sem apetite, um com dor de cabeça, o outro com náuseas, vomitando cada vez que ingeria qualquer alimento. A situação deles estava um horror! Com a morte de Carlos, a situação tornara-se muito pior.
Elisa, apavorada, achava que, executando-o, eles haviam errado tremendamente. Onde estava Adalberto, que não vinha consertar o que fizera de errado? Eles não se intitulavam justiceiros? Carlos estava se aproveitando de uma mulher indefesa, que era ela mesma, e infelicidade sua própria família.
Inês andava de um lado a outro inquieta.
- Janete! Janete!
- Senhora.
- Por que o vigiando não está no hall de entrada?
- Ele está, dona Inês.
- Não está, não. Eu espiei e não o vi.
- Ele foi ao banheiro por um instante, mas já voltou, a senhora pode ver. Ele está lá.
Inês abriu a porta do quarto e espiou. Ele estava lá mesmo. Suspirou e disse:
- Não quero que ele saia nem por um instante. Estou pagando para ele ficar lá, vigiando.
- Sim, senhora. Acho bom chamar o doutor Silva de novo. Nequinho está vomitando muito. Agora mesmo ele tomou suco de laranja e pôs tudo para fora.
O rosto de Inês contraiu-se:
- Meu Deus! O que será que ainda vai acontecer?
- Não vai acontecer nada, dona Inês. Acalme-se. O doutor Silva vem, receita outro remédio e ele vai ficar bem.
Inês torceu as mãos em desespero:
- Não sei, não... Estou me sentindo insegura. Algo de ruim vai acontecer. Não sei o que é, mas tenho a sensação de que esta casa vai ser invadida... Preciso proteger meus filhos ... Não sei como...
Janete aproximou-se dela, e Elisa aproveitou para transmitir-lhe energias calmantes.
- A senhora está assim pelo que aconteceu - disse Janete. - Foi horrível. Mas passou. Não vai acontecer de novo. O prédio está protegido e temos um vigia dentro do apartamento. Ele está armado.
Inês acalmou-se um pouco:
- É... pode ser. Vá, telefone para o doutor. Vamos ver Nequinho.
- Dona Inês, a vizinha do 51 tem perguntado da senhora. Ela deseja fazer-lhe uma visita.
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A verdade de cada um - Zibia Gasparetto
SpiritualMuitas vezes, embalados pela ilusão, tomamos atitudes precipitadas sem pensar em como elas afetam as pessoas ao nosso redor. Julgamos que sempre a intimidade alheia e acreditamos que sempre sabemos a melhor resposta Foi assim com Elisa, uma mulher d...