Capítulo 1

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Olivia remexeu-se no leito preguiçosamente. O telefone tocava insistentemente, e ela ainda com sono atendeu.

- Alô!

- Tia, aqui é Marina. Mamãe está aí com você?

- Aqui? Não. Claro que não. Ela não está ai?

- Não. Procurei na casa inteira, mas ela não está. Pensei que estivesse aí.

- Vai ver que ela saiu para comprar alguma coisa. Seu pai já acordou?

- Papai saiu ontem e acho que aconteceu alguma coisa. Ele viajou, e mamãe chorou muito.

Olivia sentou-se no leito bem acordada.

- Ele não voltou para casa ontem?

- Não. Mamãe fez o jantar, esperou, mas ele não veio. Ela estava muito triste. Você sabe onde ela foi? Eu ia chamar dona Glória, porque fiquei com medo. Nelinha está chorando, quer a mamãe. Eu não pude ir porque a porta está fechada e a chave sumiu.

- Quer dizer que vocês estão sozinhos trancados em casa? Ainda é muito cedo. Vai ver que sua mãe foi até a padaria e volta logo.

- A carteira dela está na cozinha. Ela sempre leva a carteira quando vai comprar alguma coisa. Juninho queria pular a janela, mas eu não deixei.

- Não façam nada, nem saiam de casa. Vou ver o que houve. Dentro de alguns minutos, estarei aí.

Olivia sentiu um aperto no coração. Elisa era muito preocupada com os filhos. Jamais os deixaria sozinhos por muito tempo. O que teria acontecido?

Levantou-se rápido, vestiu-se e em poucos minutos estava no carro. Sabia que o casamento de Elisa não iria durar muito. Apesar do esforço que ela fazia para mostrar que tudo estava bem, Olivia percebia que Geninho estava se desinteressando da  família.

Enquanto Elisa passivamente cuidava de tudo, privando-se até do necessário, ele levava vida folgada, metendo-se com mulheres e amigos boêmios.

Quem sabe, agora, Elisa tomasse coragem para separar-se de uma vez. Aquilo não era vida. Ela era jovem e podia trabalhar.

Aonde teria ido? Geninho teria abandonado a família ou só viajado? As perguntas sucediam-se, e Olivia, angustiada, não via a hora de chegar.

Parou em frente à casa da irmã e viu logo os três sobrinhos na janela.

- Sua mãe não chegou? - indagou parada na calçada.

- Não, tia. Estamos esperando - respondeu Nilinha.

- Abra a porta. Quero entrar.

- Não posso, tia - disse Marina. - Está trancada e não temos a chave.

- Não é possível! Aonde teria ido sua mãe? Procure direito. Não acredito que não exista outra chave.

- Já procurei - disse Marina. - Só havia a dela e a do papai. Eles saíram e levaram.

- Vocês não podem ficar aí fechados. Vamos dar um jeito nisso.

Olivia procurou na bolsa e encontrou algumas chaves que experimentou, sem resultado. Decidida, tocou a campainha da casa vizinha.

Glória abriu a porta e admirou-se:

- Olivia! Tão cedo! Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu. Elisa saiu, Geninho também, e as crianças estão fechadas por dentro sem a chave. Estou preocupada. Elisa nunca se ausentaria deixando-os sozinhos por muito tempo. Não sei o que fazer.

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora