Capítulo 27

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Olivia abriu os olhos, e Eugênio estava em pé ao lado da cama, fitando-a. Encabulada, levantou-se dizendo:

- Que horas são?

- Oito.

Apanhou o vestido que estava sobre a cadeira e foi ao banheiro. Quando saiu, estava vestida e arrumada.

Ao lembrar-se do que aconteceu na véspera, sentia-se perturbada. Não tocou no assunto.

- Quer café? Está quente - sugeriu ele.

Ela se serviu e se sentou na poltrona. Ele se aproximou, sentando-se na beira da cama, olhando-a fixamente.

- Já perguntou a que horas vão trazer Nelinha?

- Às dez ou onze.

Vendo que ela tomava o café em silêncio sem olhar para ele, Eugênio continuou:

- Precisamos conversar.

Ela colocou a xícara sobre a mesa e levantou-se dizendo:

- Preferia não falar sobre isso.

- Não dá para ignorar. Temos de conversar.

Aproximou-se dela, segurando suas mãos e dizendo:

- Venha, sente-se aqui.

Hesitante, ela obedeceu. Quando a viu sentada a seu lado no sofá, pediu:

- Olhe para mim.

Ela obedeceu.

- Aconteceu, Olivia. Não planejamos, mas aconteceu. Descobri que amo você. Talvez tenha sido por isso que sua opinião sobre mim me incomodava tanto.

- Você não me ama! Está confundindo seus sentimentos por causa do apoio que lhe dei e por tudo que passamos nestes dias. Quando pensar melhor, verá que tenho razão.

- Não é isso, Olivia. Sei o que estou dizendo. Tive muitas mulheres em minha vida, mas nunca havia sentido o que senti ontem quando estivemos juntos. É a você que eu quero, agora eu sei. Sei que também me quer. Você vibrou em meus braços e sentiu o mesmo que eu. Vamos nos casar e ficar juntos para sempre.

Olivia abanou a cabeça negativamente.

- Isso não pode ser. Não tenho certeza de nada. A tensão e a insegurança dos últimos dias perturbaram-nos. O que nos aconteceu pode ter sido apenas uma catarse, uma quebra de tensão, uma forma de aliviar o coração.

- Sei que não foi isso. A emoção e o prazer que senti foram muito além de uma quebra de tensão ou de um acontecimento ocasional. Ainda agora, ao olhar para você, ao falar sobre isso, sinto meu coração bater mais forte e o desejo de tê-la novamente em meus braços.

Aproximou-se dela, abraçando-a e tentando beijá-la, mas ela o repeliu, dizendo:

- Não, por favor. Agora não. Preciso refletir. Sinto-me fragilizada e insegura. Não posso responder nada por enquanto. Gostaria que fizesse de conta que não aconteceu nada.

- Não posso, Olivia. O que estou sentindo é muito forte e difícil de controlar. Eu quero você! Sinto que também me quer. Por que reluta?

- Não estou em condições de analisar meus sentimentos. Preciso de um tempo para me equilibrar e decidir o que quero.

- Você é livre e eu também. As crianças amam você. Nada nos impede de sermos felizes.

- Pelo amor que sinto pelas crianças é que não posso decidir agora. Nunca pensei seriamente em casamento. Sei que sou diferente das outras mulheres. Não sou cordata nem tolerante com o que achar que é errado. Só me casarei com você, ou com outro qualquer, quando tiver certeza de fazer o que meu coração deseja. Mesmo amando muito as crianças, não me casaria com você apenas para ficar junto deles e servir-lhe de mãe. Minha felicidade pessoal é um direito do qual não abdico de forma alguma. Sei que poderei amá-las e orientá-las mesmo como tia. Entendeu?

A verdade de cada um - Zibia GasparettoOnde histórias criam vida. Descubra agora