| Capítulo 2 | Castelo de cartas a um sopro de desmoronar

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Naquele dia, a serenidade harpeava uma canção de esperança, acompanhada da alegria que iluminava tudo o que fazia parte de mim

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Naquele dia, a serenidade harpeava uma canção de esperança, acompanhada da alegria que iluminava tudo o que fazia parte de mim. Podia sentir a presença de todas as tonalidades que me habitavam, e naquele momento eu sabia que não estava sozinha.

Minhas euforias sincronizavam com a tarde, pois uma nova aproximação restaurava o acolhimento, propondo um clima digno a duas garotas que aproveitavam o intervalo, cujo refúgio escolhido foi nada mais que um espaço vago do colégio.

— É tão legal quando podemos ouvir nossas vozes e risadas, sem ter muita gente por perto — comentei.

Sabrina tateou sua mão na calçada até que seus dedos encostaram em algo.

— Até concordo, mas eu não me incomodaria se estivéssemos com uma turma — respondeu, enquanto analisava o que havia pegado. Sem esperar muito, avistei a pedrinha quicar duas vezes à certa distância. — Precisamos de um grupinho.

Fiquei em silêncio, preferi não discordar.

— Ah, te vi ontem na saída com uma mulher. Era sua mãe? — ela mudou de assunto.

Concordei com a cabeça.

— Sei lá, é um pouco esquisito — comentou.

Reprimi uma risada.

— Como assim?

— É que não é comum os pais nos acompanharem, ainda mais agora que já temos onze anos. Geralmente, começamos a ir sozinhos. Tipo eu, por exemplo... sei lá, soa um tanto infantil.

O silêncio esvaziou minhas cordas vocais. Por um momento, apurei os ouvidos, a fim de detectar os barulhos de algazarra. Mas a resposta que recebi foi a quietude agradável que circulava em cada canto. Arregalei os olhos, preocupada.

— Sabrina! Perdemos o horário! — exclamei, enquanto me levantava bruscamente daquela calçada de concreto.

— Tem certeza? Nem parece que já acabou.

— O colégio todo está em silêncio. Vamos perder a quarta aula — falei, apreensiva.

Ela se levantou calmamente.

— Que coisa, hein? — resmungou, impaciente. — Vai dar tempo, relaxa. Aquela sonsa da professora de Matemática sempre se atrasa.

Subitamente, nossos braços se engancharam e a partida foi dada em passos acelerados.

Quando a caminhada findou, a leve batida na porta chamou a atenção. E então, aquela fresta revelou o rosto da mulher em forma de negação.

— Por favor, isso não vai mais se repetir — implorei. Um nó na garganta surgiu após aquilo.

— Me desculpem, mas são normas do colégio. Vocês só poderão retornar para a sala na última aula.

Assim que ela fechou a porta, Sabrina fez uma careta de desgosto. Ri pela sua expressão, um tanto humorada.

Uma (Boa) Amizade para Quem Precisa BrilharOnde histórias criam vida. Descubra agora