Naquele dia, a serenidade harpeava uma canção de esperança, acompanhada da alegria que iluminava tudo o que fazia parte de mim. Podia sentir a presença de todas as tonalidades que me habitavam, e naquele momento eu sabia que não estava sozinha.
Minhas euforias sincronizavam com a tarde, pois uma nova aproximação restaurava o acolhimento, propondo um clima digno a duas garotas que aproveitavam o intervalo, cujo refúgio escolhido foi nada mais que um espaço vago do colégio.
— É tão legal quando podemos ouvir nossas vozes e risadas, sem ter muita gente por perto — comentei.
Sabrina tateou sua mão na calçada até que seus dedos encostaram em algo.
— Até concordo, mas eu não me incomodaria se estivéssemos com uma turma — respondeu, enquanto analisava o que havia pegado. Sem esperar muito, avistei a pedrinha quicar duas vezes à certa distância. — Precisamos de um grupinho.
Fiquei em silêncio, preferi não discordar.
— Ah, te vi ontem na saída com uma mulher. Era sua mãe? — ela mudou de assunto.
Concordei com a cabeça.
— Sei lá, é um pouco esquisito — comentou.
Reprimi uma risada.
— Como assim?
— É que não é comum os pais nos acompanharem, ainda mais agora que já temos onze anos. Geralmente, começamos a ir sozinhos. Tipo eu, por exemplo... sei lá, soa um tanto infantil.
O silêncio esvaziou minhas cordas vocais. Por um momento, apurei os ouvidos, a fim de detectar os barulhos de algazarra. Mas a resposta que recebi foi a quietude agradável que circulava em cada canto. Arregalei os olhos, preocupada.
— Sabrina! Perdemos o horário! — exclamei, enquanto me levantava bruscamente daquela calçada de concreto.
— Tem certeza? Nem parece que já acabou.
— O colégio todo está em silêncio. Vamos perder a quarta aula — falei, apreensiva.
Ela se levantou calmamente.
— Que coisa, hein? — resmungou, impaciente. — Vai dar tempo, relaxa. Aquela sonsa da professora de Matemática sempre se atrasa.
Subitamente, nossos braços se engancharam e a partida foi dada em passos acelerados.
Quando a caminhada findou, a leve batida na porta chamou a atenção. E então, aquela fresta revelou o rosto da mulher em forma de negação.
— Por favor, isso não vai mais se repetir — implorei. Um nó na garganta surgiu após aquilo.
— Me desculpem, mas são normas do colégio. Vocês só poderão retornar para a sala na última aula.
Assim que ela fechou a porta, Sabrina fez uma careta de desgosto. Ri pela sua expressão, um tanto humorada.
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Uma (Boa) Amizade para Quem Precisa Brilhar
Teen Fiction| Nova versão | Livro 1 da duologia "Seres de luz". Sinopse: Em uma trajetória de cinco anos, Alana relata suas fases de destruição, desde o bullying até o coração partido. Após esse "desmoronamento", uma grande transformação faz com que a jovem sej...