| Capítulo 5 | Tudo mudou quando os pássaros vieram

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Embora a luz que me aquecia fosse agradável, outro feixe também se apoderou de mim

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Embora a luz que me aquecia fosse agradável, outro feixe também se apoderou de mim. Desta vez, era do lado de fora, iluminando apenas o meu rosto. Durante as férias de janeiro de 2013, a mudança trouxe sensações estranhas e desconfortos incômodos nos meus dentes. A surpresa era nada menos que o aparelho fixo ortodôntico.

Quando o procedimento foi concluído, a luz se apagou, e finalmente pude abrir os olhos. Sem demora, a cadeira odontológica levantou-se lentamente.

— Prontinho, Alana — anunciou a ortodontista, afastando o braço do refletor. — Agora, tome muito cuidado para não descolar os bráquetes. A manutenção será feita a cada duas semanas.

Levantei-me da cadeira e retirei com cuidado o babador descartável.

— Ah! E nada de alimentos duros e pegajosos — acrescentou.

— Pode deixar — respondi calmamente, apesar da dor amena que sentia.

Saí pela porta aberta e, ao chegar à pequena e aconchegante recepção, encontrei minha irmã e meu pai sentados no sofá de couro em formato de L. Flavia foi a primeira a passar pelo procedimento. Assim que os dois constataram minha presença, deixamos a clínica.

Durante o percurso até o carro, um sentimento de receio me causou um arrepio repentino. Mais uma razão para que meu alvo se tornasse ainda mais vulnerável. Por um momento, me senti insegura. As fissuras estavam paralisadas, e seu retorno parecia improvável. Desde aquele dia, eu precisava ajustar minha estratégia para implementar um novo cuidado, mais rigoroso.

Passei o resto do mês consumindo alimentos mais macios e suportando dores intensas, às vezes recorrendo a analgésicos para aliviar o desconforto.

Quando voltei ao colégio, uma boa notícia fez meus lábios se curvarem: Carol e Roberta não estavam na lista de alunos. Suspirei aliviada.

Mais uma vez, o ciclo se reiniciava. As carteiras foram ocupadas, e o espaço contava com a presença de trinta alunos. Alguns estranhavam a presença dos outros, algo comum no primeiro dia de aula.

Ainda me sentia indefesa, incapaz de reparar os estragos. Minha ideia precisava ser posta em prática para garantir minha segurança. A partir daquele momento, resolvi me afastar de todos.

Não me importava em passar o intervalo inteiro na biblioteca; o ambiente e eu compartilhávamos algo em comum: o silêncio. Ao longo das semanas, aproveitei os quinze minutos para ler revistas adolescentes, consultar um dicionário de inglês ou sintonizar uma rádio. Inseria os fones de ouvido no celular e escutava as músicas do The Hot 100 da Billboard.

Em março, minhas estruturas agradeciam a cada metro de distância dos alunos. Aquilo estava me fazendo bem. Mas, por outro lado, minha consciência manifestava-se contrária. Observava o companheirismo ao meu redor e isso despertava um desejo acorrentado de me mover.

Uma (Boa) Amizade para Quem Precisa BrilharOnde histórias criam vida. Descubra agora