Sua tempestade estava bem ali. Ela permanecia imóvel, e somente as lágrimas davam continuidade à melancolia. Minhas palpitações eram constantes; aquela cena comoveu tanto minhas emoções que senti os respingos me atingirem.
Àquela altura, eu também estava inclusa no seu céu acinzentado.
E meu interior também chovia.
Meus movimentos resolveram tomar uma atitude, e cada passo se moveu lentamente. Aproximei-me de sua imagem e tudo que restou foi acolhê-la em meus braços. Elisa retribuiu o gesto e, aos poucos, sua respiração controlada indicou que sua crise havia amenizado.
— Agora pode me contar o que aconteceu? — murmurei.
Nos desvencilhamos e ela fungou. Depois, secou o canto dos olhos com a manga da blusa do uniforme.
— Como conseguiu me encontrar aqui? — indagou, com a voz embargada.
— Foi por acaso. Fiquei muito preocupada com sua demora. Te mandei mensagem, mas você nem respondeu, então resolvi te procurar em todos os cantos do colégio — expliquei. — Até que decidi cortar caminho pelo auditório e acabei ouvindo sua voz vindo do banheiro... Chorando e dizendo coisas horríveis para si mesma — a última frase soou entristecida.
Ela suspirou e abaixou a cabeça.
— Eu não queria que você me visse assim.
Pousei minha mão em seu ombro direito, num gesto de apoio.
— Está tudo bem. Às vezes precisamos disso. Não conseguimos ser fortes o tempo todo.
— Mas não é sobre ser forte o tempo todo, Lana... É fingir ser o que não se é o tempo inteiro! Eu não aguento mais isso — desabafou. Suas mãos foram ao encontro dos olhos, a fim de impedir que as lágrimas escorressem.
— Vamos sentar em uma das poltronas da plateia — sugeri.
Elisa respirou fundo e concordou com a cabeça. Nos acomodamos no estofado das cadeiras, situadas na última fileira. A luz do sol invadia as janelas, o que não deixava o ambiente totalmente escurecido.
— Sei que você já deve ter percebido algumas coisas. Meu jeito envergonhado, minha dificuldade em me comunicar com as pessoas... Mas é que tudo isso foi causado por danos que sofri um tempo atrás.
Encarei sua face, os olhos com lágrimas retidas.
— Que danos são esses?
— Bullying, baixa autoestima e decepção amorosa — confessou.
Naquele instante, me vi caminhando por minhas próprias linhas temporais passadas, adoecidas pelo mesmo motivo.
— Então temos algo em comum — revelei.
— Você?! Lana, tá brincando, né? — Deixou escapar um leve riso abafado, como se não acreditasse no que ouviu.
— Sei como você se sente, até porque eu já passei por coisas horríveis. Agora você vê a atual versão da Alana, mas não sabe o quanto foi difícil conquistar uma nova imagem — rebati. — De voltar a ser inteira e renovada novamente.
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Uma (Boa) Amizade para Quem Precisa Brilhar
Teen Fiction| Nova versão | Livro 1 da duologia "Seres de luz". Sinopse: Em uma trajetória de cinco anos, Alana relata suas fases de destruição, desde o bullying até o coração partido. Após esse "desmoronamento", uma grande transformação faz com que a jovem sej...