| Capítulo 10 | Sem a luz, não sabemos quem está desabando

37 7 91
                                    

Ao longo daquele terceiro bimestre, as visitas ao meu céu de imaginações e sentimentos eram frequentes

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ao longo daquele terceiro bimestre, as visitas ao meu céu de imaginações e sentimentos eram frequentes. E a realidade, muitas vezes, ficava em segundo plano. Não havia sequer tentativa de conciliar as duas coisas; bastava que as mensagens dele aparecessem em meu celular para que a desconcentração girasse a chave, abrindo o portal do meu lugar encantado.

Até aquele dia, em que, durante a viagem, a primeira queda brusca veio.

Quando senti o impacto no chão, foi a vez da realidade mostrar seu resultado.

Minhas mãos ficaram trêmulas e um nó se instalou na minha garganta. Olhei para o papel novamente e o sentimento de culpa se alastrou. Não esperava que a fase do rendimento escolar catastrófico chegasse tão cedo.

— E aí, Lana, foi bem na prova? — Lu perguntou. Levei um susto com sua chegada repentina e inesperada. Ergui minha cabeça. Pelo seu semblante, notei que suas expectativas eram de uma alegria imensa.

Suspirei entristecida e meneei a cabeça em negação.

— Poxa, como assim? Você estava indo tão bem — respondeu, chateada.

— Pisei na bola, Lu. Foi isso que aconteceu. E o que me preocupa agora é que essa é a segunda nota baixa que recebo. Se fosse só uma, tudo bem, mas agora são duas? Estou com medo de perder a bolsa — admiti.

— Veja pelo lado bom, ainda tem a recuperação... E eu sei que você vai conseguir — incentivou.

Devido às consequências, mais tarde tive que encarar os rostos decepcionados dos meus pais. Foi uma sensação horrível. No entanto, um acordo foi estabelecido, de modo que eu pudesse retornar ao foco e abraçá-lo para nunca mais perdê-lo de vista.

Faltava uma semana para a recuperação e eu tive que controlar meu tempo no celular, deixando André sem resposta por algumas horas. Com o aparelho desligado, o momento tornou-se uma sintonia entre eu, os livros, o notebook e o caderno.

No sábado à tarde, o quarto era habitado somente por uma jovem que buscava o melhor para si, rodeada de esperanças que faiscavam constantemente. Cada minuto contribuía para o acúmulo dos conteúdos e o conhecimento se fortalecia, preenchendo as partes que estavam incompletas na minha mente.

— Trouxe um lanche para você — a voz da minha mãe me pegou de surpresa. Virei a cabeça para o lado e nem tinha percebido que ela havia aberto a porta.

Pausei minha concentração e deixei o lápis sobre o livro didático.

— Bem na hora — respondi. — Estava começando a ficar com fome.

Ela sorriu e depositou a bandeja num canto vazio da escrivaninha. O vislumbre do bolo de cenoura com chocolate e o aroma agradável do café despertaram ainda mais meu apetite. Retirei o prato da bandeja e cortei um pedaço do bolo com o garfo.

— Então, como vão os estudos? — ela perguntou. Em seguida, deu alguns passos e se acomodou na beirada da minha cama.

— Agora consegui entender o conteúdo de química, estava tão na cara — falei com a boca cheia. Depois peguei a xícara e tomei um gole de café.

Uma (Boa) Amizade para Quem Precisa BrilharOnde histórias criam vida. Descubra agora