Capítulo 14▶

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|Alexia Shelb-Cullen|

Nova York estava bem fria aquele início de noite. Acho que era umas dezenove horas e eu peguei o carro na garagem e dirige. Eu não conhecia a cidade, mas com sorte eu acharia um lugar movimentado, aberto e com bebidas para me fazer tentar calar os demônios que estão me atormentando. 

Dirigi por mais alguma minutos e avistei uma boate, a fila pra entrar não estava grande, então estacionei ali perto e me aproximei. Do lado de fora era possível ouvir o som tão alto quanto os sussurros que eu ouvia. 

— Identidade, por favor – o segurança alto, de barba grande espera minha documentação. Reviro os olhos e entrego a identidade falsa que costumava usar em Londres, ele olhou com certeza a data de nascimento e me devolveu. — Divirta-se.

Solto um sorriso quando meus olhos encontram a multidão dançando sensualmente, levantando copos cheios de bebidas, acendendo cigarros e beijando. Todo mundo aqui está fugindo da realidade local para tentar encontrar a felicidade mesmo que seja momentânea. As pessoas custam estar confortáveis em sua zona de conforto, mas eu acho que ninguém percebeu que quando você vem pra um lugar como esse é sair da zona de conforto. Sério! Eu não costumava pensar sobre isso, inclusive eu não sou nenhuma pensadora, eu sou mais de fazer merda do que de pensar antes de agir. Mas olhe só essas gentes, eles saíram da zona se conforto e, isso é bom né?

— Vodca com suco de abacaxi – digo ao barman de sorriso bonito.

— É pra já – ele deu uma piscadela e saiu pra preparar a bebida.

— Escuta, você é nova aqui? 

— Tá tão na cara assim? – umidesse os lábios e ri. Meus cabelos balançam quando mexo minha cabeça no ritmo da música que tocava, era Marron 5.

— A expressão que fez quando entrou foi única. Só quem é novo na cidade faz isso.

Experimento a bebida e solto um gemido ao sentir o sabor da vodca meio escondido pelo abacaxi. A espuma da bebida deixa um "bigodinho" no meu rosto, e rapaz de olhos claros sorri e diz;

— Meu nome é Vince – ele estendeu a mão.

— Prazer Vince, sou Alexia – apertei sua mão grande e quente. 

— Parece que eu conheço você Alexia, por acaso você frequenta as pistas de corrida? 

— Ah! – abaixei o olhar fazendo um bico, rodeio a borda do copo com o dedão antes de responder. — É eu fui naquela pista pela primeira vez e já fiquei conhecida, né?

Ele ri, pede licença e vai preparar outra bebida. Atrás de mim a festa continua, parece que quanto mais a hora passa, mais cheio o lugar fica. E eu preciso beber mais vodca, ainda estou ouvindo a voz do maldito nos meus ouvidos.

— Ei Vince, me traz uma vodca pura – peço quando ele entrega a bebida ao rapaz do meu lado. — Você tem fogo?

— Não. – Ele diz e sai bufo.

— Não está pensando em incendiar a boate, né? – alguém bem debochado diz ao meu lado. — Um uísque, por favor.

— Vou tacar fogo em você – respondi me virando sorrindo irônica. — Oi Sebastian!

Minha voz saiu arrastada e meio trêmula, e cara tinha uma coisa nos olhos dele que me fazia sentir uns tremores estranhos. E ele, nem um pouco discreto, umidesse os lábios e se aproxima de mim curvado sobre o balcão, usando uma camisa branca bem justa por baixo da jaqueta preta.

— Essa versão malvada eu não conhecia, estou surpreso – ele diz fazendo careta, reviro os olhos.

— É eu sou uma caixa de surpresas – deixo uma quantia em dinheiro sobre o balcão e me levanto. — Foi bom te conhecer Vince.

— Vê se não some – ele diz dando um aceno sorri e me infiltrei no meio da multidão dançando.

Nunca fui muito boa em dançar, mas depois de uma boa bebida eu ficava impossível, o quê não era muito bom, porque nesse momento eu estou dançando sensualmente com um cara que eu nunca vi. Ele balança minha cintura de um lado para o outro, mantém os lábios do meu pescoço enquanto eu só curvei minha cabeça pra trás e sorriu como uma otária. Às vezes eu ouso empinar a bunda pra trás o que faz o cara atrás de eu intensificar a pressão na minha cintura, e depois num só giro ele toma meus lábios num beijo violento. Suas mãos ágeis puxam meus cabelos para trás, ele é bem firme e selvagem, do tipo que te possuí de diversas formas e posições em fração de segundos, e era isso que ele estava pesando quando começou a me arrastar no meio da multidão.

— Espera aí! – eu disse puxando ele pra trás. — Para, pra onde você está me levando?

Ele se aproximou, seus olhos pareciam brilhar como fogo, ele estava bem excitado. A grande marcação em sua calça justa não falhava. Meus olhos arregalaram e eu engoli em seco. Que merda!

— Qual é gata? – ele me puxou pela cintura, seus lábios fizeram caminho pelo meu pescoço e orelha. Ele mordia de uma forma – como posso dizer – melosa? Grudenta? Estava me incomodando.

Eu prendi a respiração quando me virei, eu vi Blake atrás de mim. Minha pulsação sumiu e eu quis me afasta.

— Para, por favor – eu disse desviando do seu toque, meu corpo que já não tinha as mesmas intenções que o cara.

Vem cá vadia, faz comigo o mesmo que você faz com todos os caras da cidade – sua voz é bem marcante e vivida pra mim, ele se aproxima e toca meu peito, suas mãos puxam meus cabelos pra trás de forma violenta.

— O quê, você não está gostando? – ele ri fraco e me prende na parede. — Não foi o que pareceu minutos atrás e eu não vou deixar você sair.

Cadela, você não faz ideia do que eu quero fazer com você – ele segura meu pescoço na parede, beija meu lábios com violência enquanto aperta meu peito com a mão livre.

— Me solta! – grito mais alto tentando sair da pressão que seu corpo me põe contra a parede.

— Você vai ficar comigo – sua feição sensual se transformar, ele se aproxima novamente e eu só penso em uma coisa; levante o joelho.

Acerto seus órgãos genitais muito excitados por sinal, ele se curva e tenta me acertar um soco. Por sorte eu me abaixei, empurro seu corpo contra a parede e chuto seu joelho com força e vontade antes de correr. A fragilidade me cercava na medida em que saia da boate, a mesma cena se passava na minha mente, as palavras de maldição, os demônios dizendo o quanto sou inútil e vagabunda. No impulso juto uma lata de lixo e solto um palavrão, acabo acertando o carro de um cara que fumava do outro lado. Assusto-me quando ele solta um palavrão em reposta e se vira pra mim.

— Merda! – digo estendendo a mão em sinal de "foi mal" e saí em direção do meu carro, meus passos eram incertos e às vezes eu quase caia. — Merda de vodca, por quê eu tinha que ser tão vagabunda?

— Ei – gritou no meio da noite fria. — Aonde você vai?

Tirei as chaves do carro e balancei no ar, parei do meio do caminho e vacilei. Qual é o meu carro mesmo?

— Você está louca? – ele tomou as chaves da minha mão num só passo. — Você não vai dirigir nesse estado.

— E você vai para o inferno – gritei e empurrei seus ombros. — Me dá a p0rr@ da chave agora…

Parei de falar quando senti um arroto subir minha laringe, só deu tempo de virar para o lado e toda bebida sair pelos meus lábios e nariz. 

— Sai daqui – eu disse no intervalo entre um vômito e outro. — Dá as minhas chaves e saí…

Vômito tudo novamente, parece que todos os meus órgãos vão sair pela boca. Sinto duas mãos segurando meus cabelos, meus olhos vacilam e eu me sinto envergonhada. Eu quero dormir, empurrar esse cara pra longe e ficar… Eu quero fazer tanta coisa que me cansa.

— Toma, – ele me entrega sua jaqueta a me ver usar a minha pra limpar a boca. 

— Obrigada! – sussurrei.  — Agora você pode dar minhas chaves, por favor? Eu estou muito cansada.

Estendi minha mão trêmula em sua direção, eu só quero ir pra minha casa tomar um banho e lidar com minha missão falha de tentar esquecer os problemas. Eu nunca me senti tão na merda como hoje.

Antes Que Não Haja Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora