Capítulo 20▶

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|Alexia Shelb-Cullen|

Entardeceu e a Cler foi embora e levou minha mãe consigo. Não tenho noção de onde elas podem ter ido, mas eu gostei dela ter me deixado sozinha naquela casa porque ai eu tive tempo para organizar as ideias. Coloquei uma música para tocar no meu telefone, me sentei no tapete do quarto e puxei a caixa de palha cheia de fotografias de debaixo da cama. Todos os momentos registrados em um papel colorido, aquilo era de mais.

Eu passei fotografia por fotografia, analisei cada uma, desde os detalhes nas roupas até o sorriso lindo do meu pai abraçado com minha mãe. Era verão e nós fomos conhecer Paris, eu não me lembro bem, mas havia acontecido uma coisa muito importante e a mamãe queria comemorar. Lembro-me que nos divertimos o dia todo, e quando anoiteceu, no quarto de hotel, a mamãe e o papai brigaram porque ele não queria que eu estudasse em um internato francês. Besteira né? Estávamos de férias, em Paris. Não dava pra eles discutir sobre minha educação depois? Não dava. Geórgia nunca deixava nada para depois, e por isso ela fez um escândalo e pôs o papai pra correr. No dia seguinte nós voltamos pra casa e ela contratou uma senhora para me dar aulas de boas maneiras, e eu sinto pena em dizer que não resultou em muita coisa.

Ouço a porta bater, e depois um barulho de salto no andar de baixo. Ela havia chegado, e junto trouxe-me a necessidade de descer e ir ter com ela, mas ela foi mais ágil em subir, entrar no quarto que eu estava e mexer nas roupas caras que ela vai deixado pra mim.

— Podemos conversar?  

— Estou ouvindo — responde revirando os cabides.

— Pode se sentar então?

— Não, eu estou com presa. Pode ir falando, seja rápida.

É o momento exato e eu travei, um nó se formou em minha garganta e a imagem do papai morto me fez recuar. Meus olhos começaram arder e minha respiração pesar. Engoli em seco e me levantei.

— Aonde você vai? Tem que tomar banho e se arrumar. O Liam passará em vinte minutos, você não tem muito tempo.

— Liam, sair. Não estou entendo, eu não marquei nenhum encontro com ele – me faço de desentendida.

— Vocês vão em uma festa.

— Ele vai, eu não – digo de prontidão, cruzo os braços e respiro cansada. — Eu não voei até aqui para voltar a brincar de negócios.

— Eu não estou nem ai. Você esta na minha casa, então fara o que eu mandar.

Entrei no banheiro e tomei meu banho, me vesti as minhas roupas e enrolei no quarto até ouvi-la dizer que Liam havia chegado. Sorri pro espelho e desci, devo dizer que Geórgia ficou branca quando me viu de moletom.

— Alexia! — ela soltou um grito. Eu não dei importância, só coloquei o rapaz para dentro e o fiz sentar no sofá.

— Eu não sei qual é o plano que você, sua mãe e a Geórgia estão tentando armar pra mim. Espero que você tenha consentimento de que isso não dará certo porque eu não serei o fantoche de vocês. – Falei olhando ele com a minha melhor postura, depois eu sorri. É preciso demonstrar estabilidade.

— A culpa não é minha. Sua mãe é quem está oferecendo dinheiro pra minha família para que eu saia contigo. – Se explicou fiando de pé e olhando Geórgia atrás de mim. Virei-me pra ela desacreditada.

— E sua família precisa disso? – Arqueei a sobrancelha com deboche. – Foi o quê eu pensei, mas está tudo bem Liam. Você é um cara legal, vai conseguir ser feliz de verdade.

— O quê você pensa que esta fazendo? – Demorou, mas ela caiu em si e começou a gritar. – Liam, querido, me desculpe por essa vergonha.

— Tudo bem, senhora Schelb. Eu também estava fazendo isso contragosto – ele sorri. – Sua filha é uma garota incrível e...

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