|Alexia Shelb-Cullen|
— Santo Amaro! Qual é a parte de "cinco minutos" que você teve a dificuldade de entender? – ela grita quando me vê aproximar.
— Se continuar falando vai perder ainda mais tempo.
Ela bate a porta da limusine e diz para que o motorista fosse rápido. Durante o trajeto faço questão de conectar meus fones auditivos e ouvir Linkin Park. A mamãe ficava mexendo no seu ipod e às vezes ela me olhava e falava alguma coisa, mas não sabia ela que eu não me importava e nem ouvia coisa nenhuma. Não demorou muito para o motorista parar enfrente a cafeteria mais refinada e reservada para negociadores de Londres. Descemos e antes de seguir a diante ela começa com suas infinitas recomendações;
— Se comporte, sorria e concorde com tudo que for dito e se possível até aceite sair com algum deles. Isso é extremamente importante para mim, vê se não estraga tudo.
Reviro os olhos e entro no estabelecimento em sua frente, ela não gostou e veio reclamando em seguida. O lugar estava movimentado de mais para àquela hora do dia, o murmuro de conversas de uma mesa cheia de homens cessou quando nos viram desfilar em suas direções, eu não os conheciam, mas isso não importou porque eles começaram a dizer coisas que me deixaram tão envergonha e suja. Tudo que eu conseguia lembrar era da noite anterior, daquele babaca me chamando de vadia.
— Aí está a nossa estrela – um senhor de meia idade chamado Malcom se levantou ao nos ver aproximar. Ele passou os braços pela cintura da mamãe e a puxou ora junto de seu corpo. — Você está cada dia mais radiante.
Eu costumava a frequentar bastante as festas beneficentes que minha mãe era convocada a participar, a bailes temáticos, jantares e até de suas reuniões. Todo lugar onde estaria toda aquela gente importante que minha mãe dava crédito, eu deveria estar também. E aí eu tinha que me vestir de roupas caras e usar muitas joias, tinha que ser sorridente muito encantada e até sair com alguém de sobrenome importante. Esse era um dos piores passatempos da minha vida, principalmente porque o tempo todo tinha alguém dando encima da minha mãe ou então falando de mim como se eu fosse uma mercadoria na banca.
— Não exagera Malcom, você sabe que eu faço o que posso.
Minha mãe sorri grande e deixa um beijo casto em seu rosto, porque essa era ela. Estava sempre fazendo tudo que as pessoas queriam para depois ter a satisfação de sugar tudo o que eles tinham. Ela sempre me dizia "diga com quem você anda e eu digo quem você é". Esse é um ditado popular bizarro pra mim, mas que fazia sentido quando eu estava junto daquela gente. As pessoas que passavam em volta me viam como uma rica mimada e egoísta, mas quando eu não estava com eles eu era apenas uma garota revoltada com a vida, prepotente e ameaçadora.
— Alexia? Venha cá me dá um abraço – o velho diz vindo em minha direção. De repente me vi sentindo uma vontade de vomitar que me fez levantar rapidamente do meu lugar e me afastar.
— Sem abraços, está fazendo calor. Não está sentindo? Parece que o ar não está funcionando direito aqui.
Da ponta da mesa a mamãe me olhou de cara feia, um garçom apareceu e disse que resolveria o problema com o ar condicionado e todas as pessoas que estavam na mesa voltaram a conversar, mas Malcom não desistiu. Ele se aproximou novamente, suas mãos na minha cintura, os olhos dele queimando sobre o decote do meu vestido me fazia querer socá-lo, eu estava me sentindo a garota mais nojenta e suja daquele ambiente.
— Você cresceu bastante dessa última vez que nos vimos – ele disse ao parar na minha frente, eu engoli em seco e dei um passo pra trás. — Está com medo de mim Alex?
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Antes Que Não Haja Amor
RomanceAlexia Shelb-Cullen só tinha um único objetivo: subir em sua moto e correr a 200 quilômetros por hora. Prestes há completar dezoito anos, sem planos para o futuro, desesperada pra encontrar sua independência e desaparecer de Londres. E Sebastian Vet...