Capítulo 8▶

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"É 12h45min numa terça-feira

E eu realmente não me importo com o que você diz.”

12h45min - Etham 

| Alexia Shelb-Cullen |

Pra quê se submeter às normalidades da vida quando você pode ser inconsequente e aventureira? Pensando nisso eu juntei todas as minhas coisas em três malas grandes, me vesti confortável e sai no meio da madrugada ao aeroporto internacional de Londres. Eu deixei a limusine da madame Schelb no estacionamento do lugar, e despreocupadamente embarquei para a capital que não dorme. Não estou nem aí que talvez ela fique louca pela manhã, porque eu sei que ela não vai se importar se eu desaparecer, o quê realmente importa é o seu carro chique e caro que misteriosamente desapareceu da sua garagem. 

Agora sim acho que as pessoas tem 1% do direito em falar de mim porque eu realmente fugi de casa no meio da madrugada, mas o que eu gostaria mesmo era que cada uma daquelas pessoas estivessem em meu lugar e vivesse por um nem que fosse um único dia. Sabe aquelas histórias de família rica pela qual a criança é criada pela babá enquanto os pais fazem viagens a negócios, fecha contratos e faz reuniões o dia todo? Pois essa é a minha história; criada por uma babá francesa de vinte e três anos, com o dia cheio de atividades que de acordo com a minha mãe ajudaria na minha educação. Ah, eu também era proibida de ver o pai maluco sem a permissão da mãe. Essa foi à infância de Alexia Shelb-Cullen até completar quinze anos — acredite se quiser a babá francesa Mary Lidian Thompson ficou comigo até o meu aniversário de quinze anos. Depois eu conheci a marquesina, a liberdade que o papai sentia todas as vezes que subia na sua Haley Davidson e corria feito um louco sobre o asfalto, e aí eu me desprendi. As pessoas não falavam de mim mais como "a sortuda da Alexia Schelb" e sim como "o desgosto da Geórgia", é eu virei o monstro que as mães proibiam suas filhas de ficar perto, eu era o horror de Londres. 

Todo mundo me apontava e dizia todas as coisas que eu permitia ser visto, não sabiam exatamente o que elas estavam falando ou de quem falava. Nenhuma delas viu Geórgia bater a porta na minha cara quando eu só queria mostrar que um de meus dentes estava nascendo novamente, nenhuma delas me colocou pra dormir e nem viu o quão solitária eu fui durante a infância e na adolescência. Então que direito elas tinham de falar de mim? Eu tenho consentimento de que tudo que eu vivi jamais poderia ser autoexplicativo, mas irá refletir na pessoa que me tornei. E tem mais, ninguém vai entender até que eu diga, e talvez quando eu disser ninguém vai entender. Porém eu sei o que vive e sei que não quero viver de novo, então eu não estou nem aí pras pessoas que entram e sai da minha vida. Estou nem aí pra esse monte de gente que me olha torto e me julga ser gay, traficante ou sei lá quais são os outros rótulos. Eu não estou nem aí por que sei quem sou, sei quem é o único homem que me ama e sei que sou o seu maior orgulho.

Ali está ela! – li seus lábios quando ele falou com o rapaz que o acompanhava. Eu descia as escadas do aeroporto de Nova York, minhas mãos estavam suando por estar de luvas e segurando as três malas de uma só vez. — Até que enfim o meu arco-íris chegou.

— Papai! – eu disse enquanto ele me apertava contra sua jaqueta de couro, a fiel companheira de um bom motoqueiro com direito a cheiro de perfume, suor e cigarro.

— Minha garotinha, você cresceu tanto – ele segurou meu rosto entre as mãos e deixou um longo beijo em minha testa. — Não acredito que você fugiu da sua mãe.

— Eu não fugi, ela que me mandou embora assim como fizesse com o senhor.

— Não foi da mesma forma querida, aposto que nesse momento ela está desesperada procurando por você.

Antes Que Não Haja Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora