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          Segunda-feira pela manhã foi a primeira vez em alguns dias que Lana olhou seu celular, suas amigas não estavam preocupadas porque tinha lhes avisado que ia se desligar pelo resto da semana mas a menina não podia ter ligado menos para o que Theo achava, especialmente depois de ter visto ele com Jack e um grupo enorme de pessoas no shopping. Não parecia justo que ele estivesse se divertindo, dando risadas com outras pessoas, enquanto ela estava  casa, se preocupando (claro que ele tinha tentado falar com ela mas depois do primeiro dia ele desistiu). Se ela tivesse esperado, veria como ele tinha sim percebido a presença dela e levantado para ir atrás dela.

          Mas Lana não era conhecida por sua racionalidade, especialmente quando sentia demais.

          Era esse o problema. Ela sentia demais, o tempo inteiro, sua emoções tinham o péssimo hábito de serem fortes demais. E agora que não tinha mais o foco do SAT, sua mente estava livre para vagar por lugares que até então tinha esquecido que existiam. Ela voltou da sua visita ao Canadá com a mente mais caótica do que antes, nem a calmante presença da avó dela tinha ajudado. Então naquela segunda feira, após ler por cima o grupo do whatsapp (Jesus, como seus amigos falavam) e ver o que Bryce tinha feito (ligou para Roy e se desculpou, depois simplesmente ouviu), se vestiu e foi para a escola.

          Apesar de ter (em grande parte) ignorado todos os seus amigos durante o fim de semana e não ter comparecido ao seu encontro semanal, não era uma semana ruim que ia mudar o quanto amava seus amigos. Se ao menos ela conseguisse se amar tanto quanto amava eles. A menina tinha uma filosofia de vida que até agora não tinha falhado: se estiver se sentindo um horror por dentro, fique linda por fora, pelo menos vai distrair as pessoas. Então ela arrumou seu cabelo direitinho, colocou as botinhas de veludo pretas que amava e foi para a escola de carro com sua mãe.

 Então ela arrumou seu cabelo direitinho, colocou as botinhas de veludo pretas que amava e foi para a escola de carro com sua mãe

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Comentários | 17
@AllenBoy a gente precisa conversar.
comentário apagado por lana_reyes

          O comentário foi apagado tão rápido quanto surgiu em sua página e Lana procurou todas as distrações possíveis para tirar aquele menino de sua mente, não que ela não quisesse conversar com ele mas ela precisava se resolver consigo mesma antes de arrastar alguém para a bagunça constante que parecia ser sua vida. Ela sorriu para todas as pessoas em seu caminho nos corredores, inclusive parou para conversar com a maioria, sabia seus nomes e realmente se importava com eles. Pela primeira vez em muito tempo, ela realmente prestou atenção na aula de literatura inglesa do Senhor Keats (quase uma hora de um professor misógino falando que mulheres n;ao sabiam escrever, oba) mas a menina não precisaria procurar por muito mais tempo por uma distração.

          No terceiro período de aula, faltando uns quinze minutos para acabar, Lana estava sentada ao lado de Jasper discutindo quietamente uma questão do trabalho, na verdade a discussão estava mais para o menino animadamente explicando porque o incêndio da Biblioteca de Alexandria fora um dos eventos que definira a história mundial, quando o sistema de som da escola chiou. Aquele guincho agudo fez com que todos parassem o que faziam para ouvir o que seria dito.

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