ANÔNIMOS | ✔️

0.2

- É sim, claro, pode entrar. - Theo correu para abrir a porta, abrindo um sorriso que ele esperava ser convidativo, Jack arrumou sua postura na cadeira e sorriu também. A garota hesitou, puxando as mangas do cardigã que estava pendurado na alça da bolsa. - Pode escolher qualquer cadeira.

          A garota sentou-se na cadeira com vista para a janela, secando o suor da palma das mãos na saia do vestido, vestindo seu casaco que era levemente grande para seu corpo; logo em seguida ela puxou as mangas sobre as mãos, pegou o livro que estava lendo (tinha acabado Rainha Vermelha e decidido começar a ler todas as obras de Agatha Christie, o primeiro da lista era "Assassinato no Expresso do Oriente".).

          Faltavam dez minutos para o horário que ele tinha estabelecido e já havia uma pessoa, correção duas, pois uma menina um tanto peculiar se juntou a eles, ela tinha cabelos azuis e logo se sentou ao lado da menina ruiva, que sorriu e começou uma conversa educada. Lana se lembrava da menina que foi seu despertador na escola. Apesar de ocasionalmente darem uma risada ou outra baixinho, Theo podia perceber que a alegria nunca alcançava os olhos.

          De repente um menino tropeça no umbral ao entrar pela porta e ele percebe que já eram oito e quinze. Três pessoas na primeira reunião? Já estava perfeitamente bom. Caminhando até o círculo de cadeiras, ele sentou, limpou a garganta e começou a falar.

- Então gente, oi. - Belo começo, todos os presentes sorriram com isso. Respira fundo, começa de novo. - Bem, aposto que vocês estão esperando mais uma história triste com um final de superação né? E depois cada um contaria sua história. Mas as coisas aqui nesse grupo vão funcionar de uma maneira um pouco diferente. Bem vindos ao grupo de apoio Anonimous Americans, - agora com a confiança renovada, ele olha para cada membro do grupo com interesse no olhar. - por favor, não tenham nenhuma vergonha. Afinal de contas, de uma forma ou de outra, somos todos loucos aqui.

         A porta se abriu mais uma vez e duas pessoas entraram, um menino e uma menina com mais ou menos a mesma altura. O menino, ao ver que a reunião já tinha começado, virou para a garota e deu uma olha como que dissesse "Eu não te avisei?", então foi sentar na cadeira o mais longe possível de todos, a menina sentou ao lado de Lana e com um sorriso educado voltou sua atenção para Theo.

         Cinco pessoas, parabéns Theo. O jovem sorriu internamente antes de dar continuidade ao seu "discurso inicial", que foi ensaiado mais vezes do que ele teria coragem de contar.

- Então, como eu ia dizendo, sejam bem vindos. Para começar, por que não vamos ao redor do circulo falando nossos nomes e frases favoritas. Damas primeiro?

         Com expressões combinando de pavor, as três meninas poderiam até serem irmãs. Após uma breve troca de olhares entre si, a de cabelo azul deu um suspiro antes de falar para todos.

- Ah, meu nome é Katherine Donnel mas por favor me chamem de Kat. Minha frase favorita é "Destruir é uma forma de criar" do filme Donnie Darko. - Ela finalizou sua fala com um sorriso tímido.

- Interessante, muito obrigada Kat. - Sorrindo para acalmar os nervos não só dela mas seus próprios também, olhou para a próxima menina, a ruiva que chegara cedo, e tentou encorajá-la a falar.

- Meu nome é Lana Reyes. Minha frase favorita no momento é "A vida não para pra ninguém" de As vantagens de ser Invisível. - Ela falou tudo de uma vez só, como se tivesse posto uma comida ruim na boca e precisasse cuspir logo. - Desculpa, eu estou bem nervosa.

          Como podia uma quantidade tão grande de suor sair de mãos tão pequenas? Lana respirou fundo e ficou extremamente sem graça, nem se o menino que presidia a reunião sorrisse coberto de glitter seu nervosismo diminuiria. O menino em questão sorriu de novo. Okay, talvez diminuísse um pouquinho.