Capitulo I

749 80 10
                                    

Marina Ferreira da Silva, Nina para os íntimos. É uma menina meiga, gentil, determinada, delicada e muitas vezes ingênua.
Da primeira decepção ao primeiro amor.
Vamos mergulhar em sua história e vê-la se transformar em mulher.

Nina

A fila da farmácia não andava, e eu a cada minuto me desesperava um pouquinho mais. Eu deveria ter ido à cidade vizinha, estar na única farmácia da cidade não ajudava muito no quesito calma e tranquilidade. Agora todo mundo que passa me cumprimenta, a vizinha da minha tia fofoqueira, já me perguntou duas vezes, se eu estou passando bem, respondi em monossílabas dando a entender que eu não queria conversa, mas ela continua me enchendo de perguntas e fofocas sobre a vida alheia; e eu aqui, uma pilha de nervos e ansiedade.

Chego em casa na velocidade da luz, nunca andei tão rápido aqueles nove quarteirões, em toda minha vida. Entro em casa e corro para o banheiro, agora era rezar para todos os santos que eu conhecia enquanto esperava o resultado.

Nenhum santo parece ter me ouvido, não sei se é castigo, porque nunca fui de rezar nem de frequentar a igreja, ou se era incentivo para começar a clamar. Eu realmente não sei, mas aqueles dois risquinhos, com certeza, me fizeram estremecer.

E agora? Como vou contar pra ele?

Meu Deus! Meu pai vai me expulsar de casa, minha mãe vai ficar tão desapontada. E a minha tia, com certeza vai juntar com a vizinha para me maldizer pela cidade inteira.

Se acalma, Nina. Se controla, mulher! Em todo caso, ficar nervosa não faz bem para o bebê.

Ai meu Deus, ai meu Deus. Tem um bebê aqui. Eu toco a barriga pela primeira vez me dando conta que tem uma vida sendo gerada ali, tem meu bebê aqui dentro. Meus olhos enchem de lágrimas só de imaginar um bebezinho aqui, coisa mais magnífica e assustadora isso.

— Ninguém vai te machucar, filho. Mamãe vai te proteger, custe o que custar. — Falo com a minha barriga.

Quando percebo que ele está aqui, aqui em mim, na minha barriga, tudo muda. Surge uma vontade incontrolável de cuidar, de proteger, de amar. É isso! Eu já amo esse bebê. Ele é o meu presente, meu presente.

Acordo dos meus pensamentos com meu pai esmurrando a porta.

— Já tem uma vida que ocê tá aí menina, tá aprontando o que aí dentro? Pretende se mudar pro banheiro? — Respiro fundo antes de responder.

Ele deve ter chegado do trabalho agora e está mais estressado que o normal. Melhor não deixar ele nervoso, se não vou acabar apanhado de novo e isso pode fazer mal para o meu filho.

— Desculpa pai, tô saindo. — Saio rápido, tento passar por ele correndo, mas uma mão no meu pulso me impede de correr. Ele está bêbado, sinto seu hálito de longe.

— O que ocê pensa que tá fazendo, hem? Morando naquele banheiro? Tá querendo me deixar maluco? Sabia que todo mundo aqui precisa usar esse banheiro? Tô falando com ocê, peste! — Respiro fundo para minha voz não sair tremida, estou morrendo de medo, me encolho um pouco e tento proteger a barriga, enquanto ele grita e me balança freneticamente.

— Desculpa, pai. Eu não percebi estar demorando. Não vai acontecer de novo.

— Mas não vai mermo, vou te dá um corretivo que é pra ver se ocê aprende. — Ele me sacode enquanto fala, e me dá tapas no rosto, me joga no chão e entra no banheiro resmungando.

Nessa hora consigo ser grata por ser só no rosto. Pior seria se tivesse acertado minha barriga, ou me chutado como ele faz, vez ou outra.

Levanto dali cambaleando e corro pro meu quarto, tranco a porta e me escondo no canto do quarto, espero que ele não venha atrás de mim, ele já arrebentou minha porta no chute para continuar me batendo, porque julgou que foi pouco e que eu precisava de um corretivo maior para não esquecer de respeitar e obedecer o homem da casa.

Mas, graças a Deus, hoje ele bebeu tanto que nem se lembra de mim quando sai do banho, fico atenta, consigo ouvir ele desligar o chuveiro e passar na frente do meu quarto para ir ao dele, prendo o ar e espero ele fechar a porta. Só quando o silêncio já perdura um tempo é que consigo soltar o ar e sair do meu esconderijo.

Se eu contar que estou grávida ele vai acabar me matando de tanto bater, ou vou acabar perdendo o meu bebê. Deus, me dê forças. O que eu faço?

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Boa noite! Bem-vindos!

Vou tentar postar um capítulo por semana.

Espero que vocês gostem e cometem, não esqueçam da estrelinha. *

Uma história minha, Revisão ortográfica (e muito pitaco) de Amanda Ribeiro @AmandaSARibeiro e Wanderlei Ribeiro, que salvam a minha vida sempre. Sem esse dois eu não conseguiria postar. Desde já agradecimento especial a eles.

Beijos a todos, e boa viagem.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------


--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nina

Em Outra LínguaOnde histórias criam vida. Descubra agora