Em Outra Língua

Capítulo XXV

Nina

Sabe aquele momento quando acordamos, antes mesmo de abrir os olhos, que os flaches da noite anterior invadem nossa mente na velocidade da luz; algumas partes em câmera lenta, algumas situações te assustam, e você pensa PUTA MERDA! Eu não fiz isso... Pois é.

Não tive isso!

A primeira coisa que eu abri quando acordei foi um sorriso, recheado de boas lembranças e de nenhum arrependimento. Um pouco de nervosismo, ansiedade e talvez uma pitada de medo, mas nada que não consigamos lidar. Normal ter medo de algo novo, medo do desconhecido... Mas o friozinho na barriga parece que acordou junto comigo, as borboletas que invadiram meu corpo na noite passada parece que estão vivas em mim, só de lembrar o que foi possível fazer, tudo que eu senti, o meu corpo se acende. Me sinto solta, desamarrada, soberana, enfim... Livre.

Uma felicidade sem fim! Nunca uma escolha me fez mais realizada e feliz. Eu sinto como se estivesse enfim tomando as rédeas da minha vida, e isso me emociona um pouco. Isso de me descobrir é empolgante!

Fico feliz que comecei esse processo antes do meu bebê nascer, quando ele chegar eu terei menos medo, serei menos insegurança. Vou estar pronta para descobrir coisas novas, aprender, crescer, amadurecer e me transformar.

— Filho, mamãe te ama muito. Estou tão feliz agora, obrigada Senhor, obrigada Senhor. Esteja sempre comigo. — A oração sai como um murmuro, mas a certeza que estou sendo ouvida e cuidada me deixa ainda mais realizada e feliz.

Abro os olhos lentamente, me viro procurando por ele. O maior culpado por toda essa felicidade e mudança interior.

Está lindo, ressonando baixinho, as mãos abaixo da cabeça, deitado de barriga pra baixo, uma perna sobre a minha a outra esticada, o lençol cobre metade do corpo, a outra metade parece estar descoberta propositalmente para o meu deleite.

Minhas mãos brincam com sua pele, ele move a cabeça um pouco, sua nuca fica mais exposta. A curiosidade me atiça, quero descobrir o corpo dele, essas vontades me fascinam. Me ajeito meio sobre seu corpo, tomando cuidado pra não acordá-lo com o peso do meu corpo, aproximo minha boca da sua nuca, distribuo pequenos beijos pela área. Meu coração acelera, as borboletas se multiplicam, minha barriga esfria...

Me assusto quando solto um pequeno suspiro, retiro o lençol que não me deixa explorar o resto do seu corpo, minhas mãos passeiam pelo seu corpo, quero descobrir mais dele.

— Bom dia pra você também, Mia cara. Eu vou querer ser acordado assim todos os dias. — A voz dele sai rouca pelo sono e acho isso extremamente sexy, solto uma pequena gargalhada que parece atiçar Will, e ele se vira rapidamente ao mesmo tempo que me pega em seu braço, e na mesma hora que estava em cima estou esparramada na cama presa pelo peso do seu corpo.

— Minha vez! — Ele pisca sensual, e abre um sorriso travesso. A boca dele desce em direção ao meu pescoço — Acho que não te beijei aqui ontem, Mia cara... — Ele continua subindo, beija atras da minha orelha — Nem aqui... — Beija meu queijo, se demora um pouco mais nesse que nos outros — Faltava aqui, ainda falta aqui... — Ele fala enquanto vai tocando e beijando meu rosto, meu pescoço, meus ombros, não fica um pedaço meu sem atenção.

Sinto sua boca e suas mãos deslizando por minha pele, queimando cada centímetro do meu corpo, me perco em sensações que desconhecia, me perco nesse mundo novo que ele me apresenta. Sinto tanto que não acho  palavras para descrever, quantificar ou explicar. Mas não me detenho muito procurando as palavras certas, o que me importa agora é sentir, é viver. Quero desfrutar disso tudo. Me sinto viva como nunca antes.