Capítulo XIII

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Nina

Um jantar?
Será?
Não. Nina, você não pode sequer cogitar a ideia de perder esse emprego agora; ele é seu chefe!

Como falar não para o convite do chefe sem correr o risco de ser demitida?

Vamos tentar "enrolar". Na verdade, ainda tenho uma hora de trabalho, não posso sair. Não vou nem precisar enrolá-lo.

- Willian, fico imensamente grata pela consideração, mas estou em horário de trabalho, não posso sair agora.

Ele abre um sorriso de quem tem todas as soluções do mundo. Não consigo acreditar que ele é o dono disso tudo, meu chefe. Se fosse como os homens da família Almeida teria sido demitida antes mesmo de começar. Naquele dia mesmo, que discutimos na empresa, perderia qualquer chance de trabalhar nos estabelecimentos dele. Mas ele me parece diferente... Não sei se isso me assusta ou me instiga.

- Caso fosse preciso, eu te liberaria mais cedo, só que não quero te atrapalhar no serviço. Não são nem seis horas ainda, eu estou te convidando para um jantar. Geralmente as pessoas combinam um horário favorável a ambas. - Ele coloca a mão no queixo, como se tivesse avaliando a situação. - Como mulheres demoram a se arrumar para encontros, creio que oito e meia seja um bom horário para te buscar. Certo?

E agora, José?

Não posso insistir nessa de não aceitar, também não é como se eu não quisesse. Porque eu quero. Só estou receosa com qual tipo de homem ele é, e que tipo de interesse ele tem em mim...

- Ok.

- Como?

- As oito e meia está ótimo. Mais alguma coisa, Willian?

- Oi?

- Você tem algo mais a esclarecer ou a conversar comigo? - Me agito um pouco, não quero que ele pense que é uma cobrança sobre suas intenções, acrescento logo um esclarecimento. - Sobre a empresa, é claro!

- Não, nada mais.

- Então vou voltar ao trabalho, se me der licença. - Meio inquietante o jeito que ele me fita, como se quisesse me desvendar. Solto um sorriso fraco, cheio de ansiedade e expectativa.

Expectativa?

- Foi um prazer te encontrar aqui, Nina. Fico feliz que seja você.

Oi? Como assim fica feliz que seja eu? Tinha como ser outra? É sobre isso? Mulheres? Por que ele fica feliz? Que seja eu. Eu o que?

- Que você e a Marina que trabalha pra mim, sejam a mesma pessoa. Eu não tinha certeza...

Como assim não tinha certeza se eu trabalhava pra ele? Será que foi por não saber se eu era ou não funcionária que ele não me demitiu?

- Achou que eram duas pessoas com o mesmo nome?

- Tive minhas dúvidas.

Levanto as sobrancelhas em sinal de dúvida, pois não entendi muito bem o que ele quer dizer com isso...

- Tive minhas dúvidas se era a vida me pregando uma peça, ou se era um presente do destino.

Meus olhos são pequenos para ver... Não consigo entender o que ele quer com isso, me confundo.

O que está acontecendo comigo agora? Ansiedade ou curiosidade? Acho que um pouco dos dois. Me encaminho para a porta e sorrio pra ele.

- Até mais tarde, Willian.

E você, marcha José.
José, para onde?

Estou desnorteada. Não sei pra onde estou indo, não sei onde, ou em que, estou me metendo. Mas vou. Mesmo sem saber o porquê. Só, vou.

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