Capítulo XIV

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Willian

Fiquei exultante em saber que era ela. A Marina certa.

E três foi o máximo. Consegui um encontro com ela.

Até que enfim...

Quieto! Ela disse sim para um jantar.

Se bem que agora surgiu uma dúvida, será que ela aceitou justamente por saber quem eu sou?

Quando ela disse não aos meus convites, não sabia que eu era o dono da empresa, que era o chefe dela, que era um Laurentis... Será que foi pelo o que eu tenho?

Não posso ter essa certeza, mas, foram muitas, se não todas, que se interessaram pelo meu dinheiro e não por mim.

Aproveito a sala vazia, mergulho no trabalho e não dou espaço pra questionamentos que não sei responder. Respondo alguns e-mails e me dedico ao trabalho, quando assusto já tem mais de uma hora que estou aqui. Me levanto devagar, ajeito meu blazer e me preparo para procurá-la. Afinal de contas ela não me passou o endereço de onde buscá-la.

Me encaminho para o salão da cafeteria onde provavelmente ela está atendendo algum cliente, vejo ela assim que entro, está limpando uma mesa, o lugar não está muito cheio, tem algumas mesas ocupadas, mas todas estão servidas, não acho que atrapalhe falar com ela por alguns minutos.

Quando me aproximo mais dela noto uma lágrima escorrendo, será que alguém falou alguma coisa com ela? Será que algum cliente foi desrespeitoso? Alguém pode ter machucado ela...

- Nina?

Por mais que eu tenha usado um tom de voz brando, ela ainda se assustou. Assim que ela levanta o olhar, fico mais preocupado. Tem muita tristeza, dor e culpa misturados. Não sei o que aconteceu, mas espero que não seja nada sério...

- Willian?

- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Alguém te fez algo?

Avalio ela de cima a baixo, não parece estar fisicamente machucada, encosto delicadamente minhas mãos em seus braços, não quero assustá-la, mas não posso correr o risco de deixar algo passar despercebido aos meus olhos. Jamais uma funcionária minha será destratada, machucada ou assediada por algum cliente, ou outro funcionário. Muito menos ela, parece tão delicada... Não estava psicologicamente preparado para as reações do meu corpo quando encostei na pele dela. Estando tão perto o perfume dela invade todos os meus sentidos, ela cheira tão bem, quem me dera pudesse tomar o cabelo dela nas mãos, fazer um carinho em seu rosto e lhe dar a certeza que seja o que for, vai ficar tudo bem...

De onde veio isso?

Muito cedo pra qualquer pensamento de proteção ou posse... Paremos com isso!
Depois desse encontro vou ter a certeza do que me intriga tanto, e provavelmente esse encanto, essa curiosidade e essa vontade de impressionar vai passar...

Será?

- Está tudo bem, sim. - Ela se afasta de minhas mãos, mas não deixo de analisar cada pequeno gesto do seu corpo. Sinto um certo desapontamento quando ela se afasta do meu toque, mas prefiro não dar atenção a isso. Mesmo que ela não queira meu toque, ainda tenho que ter certeza que está tudo bem com ela.

- Tem certeza? Você estava chorando, e com uma expressão tão triste.

- Certeza, Willian! Estou bem. Foram somente algumas lembranças desagradáveis. Você já vai?

Ela parece querer me expulsar da cafeteria. Será que ela ainda não entendeu que eu sou o dono?

Se ela fica mais confortável distante das minhas mãos e dos meus cuidados, eu vou respeitar.

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