Capítulo XIX

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Willian

     Nunca pensei que fosse sentir tanta coisa junto. É tanto sentimento misturado, que não sei o que fazer com eles.

     Estou inquieto na poltrona, meus olhos correm todo o lugar buscando por qualquer movimento suspeito, procurando achar uma brecha pra poder ir atrás dela.

     — Senhor Laurentis, acho mais seguro o senhor aguardar do lado de fora.

     — Uma ova que eu vou. Vou ficar aqui aguardando, seu colega pode precisar de ajuda, de distração...

     — Se o meu colega, como diz o senhor, precisar de auxílio, o que eu duvido, eu estou aqui. Capacitado e preparado para a situação. O senhor está mais agitado do que o esperado. Não podemos arriscar a operação, tenho certeza que o senhor não quer perdê-la, não é mesmo?

     — Por isso mesmo quero me manter aqui. Não posso perdê-la. — Volto meu olhar para o rosto dele, espero que ele enxergue toda minha determinação ali.

     — Senhor, provavelmente ela vai estar precisando de você. Acredito que eles não sairão por essa porta, tem muitas câmeras e seguranças, que podem atrapalhar. Ele provavelmente vai encontrar outra saída. — A voz dele é tranquila e baixa, como se falasse com uma criança.

     Falar comigo assim só me deixa mais nervoso, parece que não está dando atenção devida ao trabalho dele, como se não se preocupasse com isso. Nada parece afetá-lo.

     Tento pensar friamente. A verdade é que, caso precise, provavelmente eu atrapalharei mais que ajudarei. Ela precisa de mim bem, deve estar desesperada, com medo. Espero que isso tudo não afete o bebê.

     — O que me diz, senhor Laurentis? Vai aguardar lá fora junto ao restante da equipe? — Antes que eu possa responder alguma coisa, escuto um super barulho, sobressalto na poltrona e procuro com os olhos de onde vem, o agente parece ouvir alguma coisa no ponto. Fica sério e remexe na poltrona.

     Vejo alguns seguranças observando a porta de entrada da área privada, eles estão mais longe e não deve ter sido possível ouvir bem de lá. Um dos homens da mesa do lado levanta e sai cambaleando em direção a uma das garotas, embola um pouco a língua, mas fala algo como conhecer melhor o lugar. Ele vai em direção a porta que leva ao andar superior, leva a garota pelos ombros, ela gesticula e tenta convencê-lo de que não pode entrar, a aérea ainda não esta aberta ao público. O homem não dá muita atenção e continua arrastando a garota para a porta.

     Vejo três dos seguranças, que estavam mais próximos de nós, deixarem seus postos e irem em direção a eles. A mesa dele está em polvorosa desde a hora que me sentei,  a bagunça deles fez com que a maioria dos seguranças ficassem de olho neles. Isso facilitou um pouco nossos passos, nos ajudou a não sermos percebidos.

     — Senhor Laurentis? — Volto a minha atenção para o homem a minha frente, mas sempre ligado a tudo que está acontecendo a minha volta.

     Ele tem um pequeno sorriso no rosto e um ar de preocupação que me deixa apreensivo.

     — Encontrou ela?

     — Sim. Ele está com ela, se dirigindo pra fora.

     — Ela está bem? — Ele se ajeita na poltrona e parece querer ganhar tempo antes de me responder. Isso ativa todos os sentidos de proteção em mim. Ela precisa estar bem.

     — Não vou omitir nada do senhor, mas por favor, tente se manter calmo. — A cada palavra que ele emite meu coração acelera uns três batimentos, minhas mãos estão suadas e meu corpo rígido. — Parece que ele encontrou ela no meio de uma briga com um dos capangas. — Briga? Meu Deus, que ela não esteja machucada. — Ela está um pouco machucada e parece ter perdido a consciência. Ele já localizou a porta por onde pode sair, e está se dirigindo pra fora com ela. — A angústia que me toma é alastradiça, me levanto da cadeira em modo automático.

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