Capitulo III

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Nina

Ivone me estuda sem parar.
Paulo presta atenção na estrada, mas sua preocupação é palpável.
Estou nervosa, olho pelas janelas o tempo todo e ainda tremo um pouco.
Quando começo me acalmar vejo a caminhonete do Rodrigo vindo em nossa direção. Abaixo no chão do carro tão rápido que Ivone fica apavorada e Paulo começa a freiar.
Fico mais nervosa ainda, tenho que pelo menos conseguir falar pra ele não parar.
-Não para. Pelo amor de Deus Paulo, não para.
Ele me olha, preocupado, mas mantém o carro em movimento.
Ivone tenta me ajudar a levantar, mas  não quero me levantar enquanto não tiver passado a fazendo, na verdade enquanto não chegar na BR.
- Me deixa aqui Ivone, assim que chegar na BR juro que sento e te explico tudo.
Ivone não fala nada, só fica me olhando com o semblante preocupado e tristonho.
Quando o asfalto começa eu me ergo, olho pros lados, preciso ter certeza que nenhum deles me seguiu. Respiro fundo, um alívio não ver nenhum carro conhecido. Mas essa pequena euforia não dura muito.
-Nina? Que foi que houve dessa vez? Acho que nunca vi seu pai tão transtornado de raiva.
-Ivone, não tenho como te agradecer por ter me ajudado, você é uma amiga maravilhosa me salvou diversas vezes.
- Oh querida, não tem que agradecer, não. Você sabe que tenho um carinho enorme por você. Mas preciso saber o que está acontecendo!
Não vou fazer rodeios, Ivone merece minha sinceridade, ela sempre me ajudou e apoiou, é uma ótima amiga. Minha única amiga se eu for analisar bem.
-Eu to grávida, Ivone.
Paulo não sabe se olha pra mim, pra Ivone ou pra estrada, Ivone não sabe se sorrir ou se fica preocupada. Eu vejo a preocupação ganhar da alegria.
Sinto o carro parando, desvio o olhar do dela e olho em volta, Paulo parou em um posto de gasolina.
-Vamos, vocês duas tomam um café e conversam enquanto eu abasteço o carro. Já me junto à vocês. Não se preocupe Nina, vai ficar tudo bem.
Enquanto a gente procura por uma mesa e Ivone faz os pedidos, Paulo abastece o carro.
Sentamos perto de uma janela grande, divago pensando em como vai ser agora. Não posso voltar pra casa... Ele não vai esquecer, vai querer acabar com o problema...
-Nina? - Sinto um toque delicado nas mais, Ivone me olha preocupada, dá um pequeno sorriso.
-O que você acha de esperar seu chá e o bolo pra conversarmos?
-Não quero nada não Ivone, não vou conseguir comer agora.

-Então toma pelo menos o chá. Vai te fazer bem, você tem que se acalmar um pouco.

Não tive muito tempo pra pensar, o chá não demorou nem 5 minutos, nesse meio tempo Paulo já tinha se juntado a nós.
Agradecemos a garçonete, respiro fundo, tomo um pouco do meu chá, enrolo um pouco. Ainda preocupada de estar muito perto do povoado, queria mesmo era ir pra longe.
Melhor começar falando, estão me olhando com expectativa , parecem preocupados.
- Então, estou grávida do Rodrigo. Contei pro meu pai e ele ficou... Daquele jeito que vocês viram.
-Nina, você conversou com seus namorado? - Ivone me olha esperando uma resposta, as sobrancelhas erguidas, olhos atentos, preocupação evidente.
- Conversei, conversei sim Ivone... Ele... Ele, ele não quer saber da criança. - Gaguejo um pouco, estou nervosa. Não sei o que devo contar pra eles, não quero envolvê-los em nada disso.
Escuto Paulo praguejar, ele passa a mão no cabelo me olha, levanta da cadeira, olha pela janela respira fundo, resmunga mais alguns palavrões e senta de novo. Ivone está calada me olhando com um pouco de pena. Ela tinha me avisado pra tomar cuidado com meu namorado. Segundo ela ele era bastante mimado, egoísta e egocêntrico.
Paulo pega na minha mão, aperta com carinho.
-Se você quiser vamos com você conversar com a família dele agora mesmo.
Paulo tinha uma mercearia na cidade, Rodrigo era perfeitamente capaz de estragar o negócio dele só por capricho.

-Não, Paulo. Não tem necessidade...

Ivone me interrompe
- O que você pretende fazer agora Nina?
-Eu... Eu não sei, Ivone. Não parei pra pensar em nada. A única certeza que eu tenho é que eu quero esse filho! É o meu bebê.
Falo a parte final com firmeza pra não restar dúvida nenhuma sobre isso, faço um carinho na minha barriga e respiro fundo.
-Querida, criar um bebê não é uma coisa fácil. Você vai voltar pra casa dos seus pais? Como vai sustentar essa criança? Vai pedir pensão? Vai fazer o que agora?
-Não Ivone! Não posso voltar pra lá. Como que criaria meu filho naquele ambiente? Não dá. Não sei como vou nos sustentar, não sei onde vou morar, não quero ajuda do Rodrigo. Não sei o que fazer.- Coloco a mão no rosto, começo a chorar.

-Você sabe que sempre pode contar com a gente, não é mesmo?- Ivone me fala, olhando para Paulo.

-Claro! Vamos fazer de tudo pra ajudar, se você quiser pode morar com a Ivone. É bom que ela não fica sozinha.

-Não, Paulo. Eu não poderia abusar da boa vontade de vocês.- respiro fundo.

- Eu preciso pensar, decidir o que fazer agora, pra onde eu vou. De qualquer forma pra lá eu não volto.

-Ok, ok. Vamos seguir viagem então. Deixa a menina pelo menos acostumar com a gravidez Ivone, depois ela pensa nos detalhes.

- Não são detalhes, querido. Ela tem que pensar sobre isso.
Ele levanta, ajuda Ivone levantar, dá um pequeno beijo nela, sorrir e dá uma piscadela pra mim.
-Vamos?
Balanço a cabeça concordando, respiro fundo controlando o choro. Levanto e sigo com eles até o caixa. Tenho algumas economias, mas é bem pouco da época que trabalhava com a Ivone, antes das condições deles apertarem.
Tento pagar pelo meu chá, mas Paulo já pagou tudo.
Me sorrir dizendo: - Considere como o primeiro presente pro bebê.

Voltamos pra estrada, Paulo me olha pelo espelho retrovisor sorrir pra mim e coloca uma música bacana pra me acalmar, sorrio em agradecimento, recosto no banco e fecho os olhos. Desconfio que a música foi pra intimidar o falatório de Ivone...
Nem percebo a viagem, quando assusto Ivone está me acordando.

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Boa noite pessoinhas, espero que tenham gostando do capitulo. 

Não esqueçam a estrelinha.

Seus comentários são muito importantes pra mim, então comentem o que acharam. bjs bjs!!

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