Capítulo V

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Nina

Chegamos atrasados no aeroporto de Belo horizonte, e ainda tivemos um problema com o bilhete do Paulo, mas graças a Deus o Francisco e o sócio dele conseguiram resolver. Mas Paulo não viajou junto comigo, ele foi em outro vôo, com uma conexão a mais que a minha. Só de imaginar eu fico cansada, acabei de chegar no Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos GRU, estou a 1:30 esperando meu vôo, que sai daqui direto para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy JFK daqui a exatos 30 minutos sem atrasos previstos. Me parece que o Paulo faz escala em São Paulo, Miami e depois chega em Nova York algumas horas depois de mim.

Fico observando as pessoas passando com malas e mais malas, imaginando pra onde elas vão e o que carregam. Estou fazendo uma viagem só de ida e trouxe só uma mochila. Deixei tudo para traz, Ivone queria ir lá em casa pegar algumas coisas, mas achei melhor eles não saberem de nada. Mandei uma carta pra minha mãe e pedi Ivone pra entregar só no sábado, que é pra não ter chance de estragarem as coisas. Se bem que não falei nada demais, disse que estava saindo do país, mas não disse pra onde, nem quando. Que eu e meu filho estávamos bem, que de agora em diante eu ia cuidar de mim, tomar minhas próprias decisões, que não precisavam se preocupar. Eu perdoava os dois por tudo. Queria seguir minha vida livre, precisava recomeçar leve. E pra isso tinha que deixar claro que os perdoava. Ainda tive um pouco mais de coragem e mandei uma endereçada a Rodrigo, dizendo que o perdoava. Perdoava por tudo.

Sabia que ele estava bêbado, mas se não fosse aquele dia eu não estaria esperando minha pequena benção. Que ele não queria um filho, e eu respeitava isso, mas eu queria muito esse bebê, ia cuidar e amar ele por dois. Não precisava se preocupar que nunca pediria nada, não ia nem falar dele pro meu bebê, ia ser do jeito que ele queria, ele jamais seria um pai.

Ivone prometeu deixar a carta dele na fazenda e entregar a da minha mãe nas mãos dela.

Meu vôo esta sendo anunciado, me distrair tanto que esqueci de comprar um casaco. Agora quando chegar nis EUA a primeira coisa que preciso fazer é comprar um antes de sair do aeroporto, lá deve esta fazendo muito frio. Novembro não é a melhor época do ano pra se mudar pra New York. 

Depois de quase 19 horas de viagem, desembarco no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, a primeira coisa é procurar a loja e comprar o casaco, a segunda é procurar uma cafeteria, porque estou enlouquecendo sem meu cafezinho.

As lojas ainda não estão todas abertas, são 7:34 agora, vou no banheiro faço a higiene matinal, sorrio pra minha imagem no espelho, estou com uma sensação maravilhosa. As coisas vão dar certo!

Quando estou quase desistindo de achar uma cafeteria aberta, eu vejo uma abrindo as portas, mas parece um restaurante chique. Grande, com as portas de vidro e madeira, tem uma parede inteira de janela, da pra ver uma parte do aeroporto e alguns prédios dali, a vista é linda! As mesas são bonitas e bem colocadas, estofado cinza e ambiente aconchegante, perfeito pra quem chega de viagem cansado. Tem algumas plantas, e quando vou chegando perto vejo que são pés de limão e laranja em vasos, nunca vi coisa mais bonita, alguns limoeiros estão carregados de frutos.

Me sento em uma mesa no fundo, perto da janela e distante da porta. O cardápio é incrível, nunca vi tanta opção de café e modo de preparos diferentes. São tantas opções que fico até um pouco perdida. Você pode escolher os grãos que você quer, orgânicos ou não, pra fazer seu blend. Achei muito inteligente, a pessoa mergulha verdadeiramente nesse momento.

O rapaz vem me atender, parece estar sozinho, não vejo nenhuma outra garçonete. Hora de testar um pouquinho mais meu inglês.

-Bom dia! A senhorita já escolheu?

-São tantas as opções que confesso estar meio perdida. Mas vou querer um expresso e uma torta de limão, por favor.

-Normal ficar na dúvida, mas se você quiser posso te indicar alguns grãos e o melhor preparo pra agradar seu paladar. Você prefere que tipo de café? Acredito que mais encorpado, já que pediu o expresso, mais amargo, mais leve, mais doce?

- Prefiro um café arábica, tipo Bourbon mais encorpado com aroma e doçura achocolatados, acidez fresca, e um amargor equilibrado. Não vou fazer meu blend hoje, então você pode me servi o seu expresso, que pelo que eu vi nas especificações chega bem perto disso.

Ele me olhava com uma cara meio assustada, assim que termino minhas especificações ele solta uma gargalhada altíssima.
-Temos uma entendedora de café se fazendo de modesta, então. Entende mais que eu, querida.- Ele fala de forma afetada, e eu já gosto dele de cara.

Sorrio para ele, fiquei vermelha tenho certeza.

- Não entendo tanto assim, desculpa. Só gosto bastante de café, fiquei bem impressionada e animada com as opções e explicações do cardápio.

-Fico feliz que você tenha gostado. Não tem o que se desculpar não, fiquei impressionado com sua exatidão no pedido. Não é todo mundo que sabe o que gosta. Vou trazer seu pedido, fica a vontade, por favor.

Enquanto ele foi buscar meu pedido a cafeteria foi ganhado mais alguns clientes.

- Aqui está, aproveite seu café da manhã.

- Obrigada!

Quando termino meu café levo um baita susto, fiquei tão entretida com a paisagem e com a torta que nem vi o café enchendo. Meu mais novo colega está correndo de um lado para o outro tentando atender todos os clientes. Mas é claro que ele não vai dá conta, alguns clientes estão indo embora sem serem atendidos. Fico com um pouco de pena dele e resolvo oferecer ajuda. Ele foi tão gentil comigo, e não custa nada ajudar, não tenho nada pra fazer mesmo, ia tentar chegar à boate que Francisco me indicou, mas posso fazer isso mais tarde, nem sei se lá vai estar aberto agora. Aproveito que ele esta no balcão e me aproximo.

-Precisa de ajuda?

Ele se assusta um pouco comigo, e parece um pouco confuso.

-Sério? Tem certeza?

-Claro! Não me custa nada. Você anota e eu sirvo, pode ser?

- Não! Anotar é menos complicado. Vou aceitar sua ajuda, aqui não é sempre assim. Estamos com um funcionário a menos, e a minha companheira faltou hoje sem avisar. Você anota os pedidos e leva para o Phelipe e deixa o resto comigo, entendido?

- Entendido.

Fui anotando os pedidos, percebiam meu sotaque, queriam saber de que país que era, a maioria dos clientes naquele horário trabalhava no aeroporto, perguntavam sobre a outra funcionária, e se era meu primeiro dia.

Quando vi já era uma hora da tarde, foi quando a cafeteria começou esvaziar e o garçom veio me agradecer e se apresentar.

-Seu nome é muito bonito, Antony. Foi um prazer ajudar, me divertir muito hoje.

-E o que você vai fazer agora?

-Olha, acabei de me mudar para essa cidade! A única coisa que tenho é uma indicação para um emprego em uma boate em Jersey City, Glitz Club. E depois vou procurar algum outro emprego.

-Serio? E cadê suas malas? Ainda não chegaram?

-Só trouxe essa mochila aqui, decidi de ultima hora me mudar, não trouxe muita coisa.

-Menina, que loucura! Uma aventura e tanto. Você foi tão útil hoje, posso ver se consigo te colocar na vaga que nós temos aqui. Se você não está com nada marcado, e ainda esta precisando de um emprego, pode ficar hoje até o fim do expediente?

- Claro! Ia ficar muito feliz em conseguir um emprego aqui.

Sabia que aquele sentimento bom não era do nada, as coisas vão dar certo!

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;)

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