Capitulo XIX

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Nina

O apartamento é moderno, não tem muita cor e me lembra um pouco o escritório dele, impessoal e frio. Não acho adequado para um lar, mas quem sou eu pra achar alguma coisa aqui?

— Controla esses pitacos, Nina. — Ralho comigo mesma. Talvez ele não tenha tempo pra se dedicar e dá um toque pessoal ou um toque de vida no apartamento. Aposto que vou acabar falando a respeito, intrometida demais é o que eu sou.

Enfim, a vista daqui é maravilhosa! Eu tento me concentrar na visão diante de mim, ou na decoração moderna e minimalista, e não pensar muito sobre o que acabou de acontecer no elevador bem aqui do lado. Ai Deus, não tem quinze minutos que eu estava em cima dele, se não fossemos interrompidos, não sei o que poderia acontecer... Na verdade eu sei sim. Qualquer um saberia! Será que ele acha que vamos continuar de onde paramos? Eu não sei se estou pronta para esse passo, sou praticamente virgem.

O que eu faço? Está uma confusão, um reboliço aqui dentro de mim. 

— Não vai ficar fugindo pra sempre, Nina. — Minha consciência quase grita. Eu não sei o porquê esse nervosismo todo.

Vamos aos fatos:
Em primeiro lugar fui eu quem dei abertura.
Segundamente, já dizia a sabedoria popular, eu tive tempo pra falar que não e me afastar. Mas, eu não quis. É bem isso, eu não quis me afastar. Pelo contrário cheguei meu corpo mais perto do dele ainda.
Em terceiro lugar, ele me transmite confiança. Confio nele, simples assim. Sei que pode ser burrice, afinal nós mal nos conhecemos. Mas tenho fé que não vou errar, não depois de tudo que já passei.
Em penúltimo lugar, eu gostei daquele beijo. Na verdade, mais do que gostei, aquele beijo me tirou de órbita. As mãos dele pelo meu corpo me aqueceram de um jeito novo, diferente, inesperado... Só com as lembranças, já fico completamente afetada e elas me fazem suspirar inconscientemente.

Jesus, Maria, José. E agora? Faço o que?
Respira e não pira, Marina. Você está cada dia mais se descobrindo, se pertencendo, se amando mais e procurando cada vez mais ser fiel a si mesma.

E na quinta e última posição, eu quis aquele beijo e finalmente eu gostei. Já deixo enfatizado e bem claro, que é para não restar dúvidas e nem letreiros brilhantes na minha mente com questionamentos sobre esse fato. Ainda quero, de fato. E acho melhor eu admitir logo, por mais que me assuste, eu quero esse homem.

Foi incrível, o que senti com ele. Não sei se estou pronta pra ir além, mas posso deixar as coisas irem acontecendo devagar. Só de imaginar as mãos dele sobre meu corpo de novo, me arrepio em antecipação.

Escuto um suspiro fundo e me assusto, estou suspirando até sem perceber. Quem eu quero enganar? Vamos ser sinceras aqui? Eu não vou conseguir ir devagar quando sentir as mãos dele sobre mim novamente. Aqueles lábios são minha perdição, aquele homem inteiro é um mundo a parte. Um mundo em que eu me perdi completamente.

Balanço a cabeça pra ver se ameniza um pouco toda essa enxurrada de pensamentos, questionamentos e decisões.

Quando chegamos estávamos com os ânimos exaltados, endorfina lá em cima, fiquei um pouco assustada com as reações que ele desencadeou no meu corpo, e acabei deixando claro que precisava de um espaço. Espero que ele não me ache uma maluca bipolar.

Acredito que tenha ido dar atenção aos problemas da empresa, tenho a impressão que ele falou alguma coisa antes de se afastar, mas não consigo me lembrar. Estava tão assustada e confusa com o furacão que foi nós dois juntos, e me perdi um pouco no medo. Agora estou aqui divagando e caminhando pelo apartamento. Esse tempo fez bem pra mim, precisava entender minhas reações. Precisava conversar comigo mesma e me descobrir um pouco mais.

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