Capítulo XVII

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Nina

Chego em casa um pouco antes da meia-noite, a gente conversou por horas. Falamos sobre nossas infâncias, viagens, famílias, sonhos, amizades. Descobrimos que temos bastante coisas em comum, a maior e mais adorada delas é gostar de trabalhar com café. Nunca imaginei que ele gostasse tanto do trabalho dele, confesso que pensei que era alguma herança ou pelo lucro. Mas me enganei, a história dele é incrível! Ele enfrentou a família, trancou a faculdade e foi viajar para aprender mais sobre café sem qualquer ajuda ou apoio dos pais. Fiquei impressionada com a história dele.

Tomo um pouco de água conversando com meu filho, mando mensagens pra Ivone e informo que farei ainda essa semana o primeiro depósito para o Paulo. Ela me conta as novidades, me mantém informada sobre os meus pais, e claro, tudo continua como sempre, eles não falam com ela, meu pai permanece bebendo cada vez mais, e até teve uma discussão com o senhor Rodrigo Almeida, parece que meu antigo sogro anda perguntando por mim, não sei o que ele quer, e sinceramente, não quero saber. Não quero nada com aquela família.

Lembrar do passado só aumenta a certeza de que tenho que conversar com meus amigos, Antony e Jean são minha família agora. Não posso e não quero esconder meu passado deles.

Agora posso dar o meu convite para o Jean, e ele será o acompanhante de um feliz e sorridente, Antony.
Ele já me mandou mensagem avisando que quer todos os detalhes do encontro, e não esconde a preocupação de ter chegado em casa pra me ajudar a arrumar e eu ainda não ter chegado. Esclareci o ocorrido, e claro, contei todos os detalhes que ele faz questão de saber. Aposto que ele vai ficar decepcionado por não ter acontecido beijo, espero que o quase beijo o deixe satisfeito.
Senti um frio nas costas, minha barriga parecia ter sido invadida por um enxame, minha respiração ficou pesada e o meu coração parecia querer fugir de tão forte que ele batia. Eu senti um calor, que nunca havia sentido antes, uma vontade de ter as mãos dele sobre meu corpo, e isso me assustou um pouco, a última e única vez que senti toques tão íntimos não foi nada agradável. Eu nunca quis tanto um beijo como queria aquele.

Tenho tanta coisa pra conversar com ele, vou esperar passar o grande prêmio empresarial, e vou ser sincera sobre tudo. Quero ter certeza onde estamos indo, não sou e não quero ser uma garota que se relaciona sem compromisso, sem amaras e sem certezas. Não que eu ache errado quem consegue ser assim, acho muito corajoso na verdade. Mas eu não sou uma dessas garotas, nunca conseguiria ser assim. Ando me descobrindo ultimamente, e uma coisa eu posso afirmar sobre mim, não gosto de ficar no escuro, de não saber o que esperar e de não ter certeza sobre relacionamentos. Tenho medo que tudo se repita, não quero ser obrigada a fazer algo que não tenho vontade, desejo do fundo do meu coração ter mais segurança. E pra isso, devo começar sendo sincera com ele. Quero esclarecer sobre a gravidez antes que comece qualquer coisa entre nós.  Não quero que pareça que estava o  enganado, não vou omitir algo tão importante. Mesmo que a gente não vá pra frente, eu não conseguiria. Se ele está realmente interessado não vai ser meu bebê que irá afastá-lo.

E ele disse, que agora eu o tenho; que ele estará presente por mim.

Agora tenho que me preocupar com o vestido que preciso comprar para a tal festa da premiação, que infelizmente não tem como eu fugir. Willian me convidou para ser o par dele no evento, além de ir representado minhas ideias, vou como sua acompanhante. Questionei Lillyan sobre o vestido a uns dois minutos, ela já havia me dito em outra ocasião, ter alguns disponíveis. Acabei comentando sobre ser a acompanhante do "chefe", não coloquei romanticamente, até porque ainda não tenho certeza de nada, acho que ela também não se preocupou muito com isso. Ainda não me acostumei que aqui as pessoas não se intrometem tanto nas vidas umas das outras, as pessoas da minha antiga cidade pareciam querer saber até mesmo a cor da minha calcinha, principalmente depois que comecei a namorar o Rodrigo. Mas aqui eles  querem participar da sua vida, sem invadir seu espaço, respeitando seu tempo, não posso generalizar, tem pessoas na minha cidade que respeitavam o espaço do outro, como eu tenho certeza que aqui também tem pessoas que invasivas e intrometidas. Mas por enquanto tive mais experiências positivas por aqui. Por exemplo, tenho certeza que o Antony desconfia que tem algo acontecendo comigo, ele me disse esses dias que se precisar de algo é só falar, mas não me encheu de perguntas, não me pressionou, nem nada parecido. E tenho certeza que ele esta curioso e preocupado. Ele e o Jean foram presentes de Deus na minha vida.

Lillyan me enviou umas trezentas mensagens, algumas fotos de vestidos e já marcou uma visita na sua casa, pra me fazer experimentar todos os vestidos possíveis. Extremamente animada, é pouco pra descrevê-la. Quer me mostrar todos os vestidos que tem disponível, vai me emprestar o que me valorizar mais, tenho que estar exuberante, segundo ela. Confesso que animação da Lillyan me contagiou, e estou animada com a escolha do vestido e tudo mais que ela inventou de fazer no dia da festa de gala. Vamos ter uma tarde de garotas, "com tudo que temos direito, trabalho completo".

Estou me preparado pra dormir, batendo mais um papo com meu filho, e me assusto com meu telefone, não conheço o número, mas acho melhor atender. Qualquer coisa eu desligo.

— Por favor, meu Deus, que não seja o Rodrigo, nem o pai nem o filho...

— Alô?

— Nina?

— Willian?

— Eu mesmo, acabei de chegar em casa, você já está indo dormir?

— Estava me preparando agora mesmo. Aconteceu alguma coisa?

— Não, eu só liguei pra saber se estava tudo bem com você, e pra te desejar uma boa noite de sono.

— Está tudo bem comigo, fico feliz que tenha ligado. Boa noite Willian, dorme com Deus.

— Boa noite Nina, até amanhã.

— Amanhã?

— Vou te buscar no serviço, você sai às seis?

— Não. Normalmente eu saio às quatro, só quando faço hora extra fico até mais tarde.

— Então passo para te pegar, tomamos um café juntos e te deixo em casa depois.

— Willian...

— Algum problema?

— Eu tenho um compromisso marcado pra amanhã, não vou poder tomar café com você. Sinto muito.

— Um compromisso? Algo importante?

— Pode-se dizer que sim.

— Ok, você vai demorar nesse compromisso? Posso te pegar quando você terminar.

— Acho que vou demorar sim, e pode ser que eu acabe passando a noite por lá.

— Oi?

— Vou experimentar uns vestidos na casa da Lillyan, e ver essas questões de maquiagem e tudo mais que ela diz ser importante.

— Ah, vestidos. — Ele soa aliviado.

— O que você achou que era?

— Nada, nada... Esquece isso. Então vamos nos ver depois de amanhã?

Sorrio com a insistência dele, acho fofo. Deve ser bem difícil conseguir achar aquele homem fofo.

— Você me deve cinco encontros, senhorita Nina. E eu faço questão de cobrar cada um deles, e provavelmente, alguns de brinde.

Meu sorriso aumenta de acordo com que ele fala.

— Claro senhor Willian, estou ao seu dispôr.

Ele solta uma gargalhada gostosa, que esfria a minha barriga e aquece um pouco o peito.

— Não brinca com isso, eu posso cobrar.

— Boa noite Willian, até depois de amanhã .

— Boa noite, Nina.

Pego no sono instantaneamente, aposto que essa noite eu sonho com ele.





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Olá pessoinhas, espero que tenham gostado do capitulo.

Desculpa a demora, ainda pretendo postar mais um capítulo essa semana.

Não esqueçam da minha estrelinha, e de me dizer o que estão achando.

Bjs, bjs

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