Voar. (7)

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   Higor estava parado na frente da mansão, desanimado, não queria fazer aquela viagem, só queria ficar deitado em sua cama esperando criar coragem para contar a seu pai que é gay, mas como não tinha essa opção o jeito seria tentar evitar que Juan soltasse a bomba. Todas as circunstâncias deixaram Higor ansioso, muito antes da hora ele já estava preparado, tinha escolhido suas roupas a dedo, pensando que talvez Juan fosse reparar nessas coisas, mas naquele momento ele olhava a blusa estampada com várias flores e pensava:"O que estou fazendo usando isso?"

- Buenos días mi amor! -disse Juan surgindo na frente de Higor, que tomou um susto e bateu as costas no muro.

- Juan... Já veio?

- Pensei até que estava atrasado, a vovó não decidia que roupa levar.

- Sei... -Higor ficou com a respiração ofegante e não sabia o que dizer, seu coração disparava em um conjunto de emoções.

- Não se preocupe irmãozinho, lá em Copacabana vou te arranjar uns bofes lindos. -Juan pegou no queixo dele. - A não ser que você queira descobrir o que mais eu sei fazer. -Higor ficou completamente vermelho.

- Juan seu viado, para de tarar seu irmão e me ajuda com essas malditas malas! -gritou a avó se aproximando com algumas malas, Juan suspirou e soltou Higor.

- Já vou velha!

- Me respeita, desse jeito eles vão pensar que somos neandertais e que andamos de ônibus.

- Mas a gente veio de ônibus.

- Ninguém precisa saber!

- Desculpa...

  Antes que Juan pudesse pegar em uma das malas, Heitor surgiu com dois empregados, a vovó não perdeu tempo, murchou a barriga, sacudiu o cabelo e fez cara de desinteressada, Heitor foi até ela.

- Carmen, que prazer revela.

- Digo o mesmo, Heitorzinho. -disse o olhando de cima e estendendo a mão para ele beijar, Heitor demorou mas beijou.

- Já vamos, os empregados vão cuidar das bagagens, apenas se preocupem em aproveitar a viagem.

- Claro.

  Juan e Carmen entraram em um dos carros, junto deles foi Higor e o motorista, Heitor, Keisy e o mordomo foram em outro, o curto caminho foi tranquilo já que a vovó queria causar uma boa primeira impressão, ao chegarem no aeroporto, Juan começou a provocar Higor com olhares e gestos, o rapaz tentava disfarçar e evitar ao máximo que qualquer pessoa olhasse para eles, mas alguém sempre acabava olhando.

- Juan, você quer me matar de vergonha? -perguntou baixo no ouvido dele.

- É só brincadeira, afinal somos irmãos, não brincamos juntos quando éramos crianças, mas podemos brincar agora.

- Esse tipo de brincadeira não é apropriada!

- Calma maninho, eu nem fiz nada de muito inapropriado ainda.

  Enquanto Juan sorria, Higor pensou:"Quando fizer então, estou perdido!". Minutos depois eles foram autorizados a entrar no grande avião, Heitor não economizou e colocou todos eles na primeira classe, vovó Carmen ficou animada ao entrar.

- Gente, olha que luxo, parece até um hotel moderno. -disse olhando tudo. - Tem cheiro de novo, muito agradável. -ela se sentou ao lado de Keisy que estava entretida no celular.

- Higor, sente com seu irmão, Bernardo precisa ficar perto de mim para os meus remédios.

- Claro...

  Higor encarou Juan que deu um sorriso malicioso, se não fosse o fato deles serem irmãos, ele poderia até achar que seria o momento de realizar uma fantasia sexual antiga, mas as condições não permitiam. Higor sentou no canto e Juan ao lado, uma aeromoça foi até eles dar algumas recomendações e desejar uma boa viagem, o avião decolou, Carmen começou a gritar e todos olharam para ela, Juan começou a rir, enquanto Higor se segurava na cadeira, claramente com medo, ele tinha pavor de voar, sempre achava que o avião cairia.

- Eu odeio viajar de avião! -disse Higor ficando vermelho e tentando evitar olhar para a janela.

- Relaxa, estou aqui do seu lado.

  Juan pegou na mão dele e pela primeira vez Higor percebeu que não havia tom de deboche na voz dele, mas sim de gentileza e compaixão, ao contrário de suas outras ações cheias de si, Juan estranhou o que ele mesmo fez e tirou a mão com um olhar de surpresa:"O que está fazendo Juan? Se esqueceu que ele é o irmão que viveu no conforto, enquanto você via sua mãe e avó se matarem para sustentar a casa?" Se perguntava desviando o olhar e engolindo seco, não queria criar qualquer tipo de afeto pelo rapaz.

- Obrigado Juan... -o homem respirou fundo e olhou para Higor.

- Não me agradeça... -Juan recuperou seu olhar pervertido e passou a mão no peitoral de Higor. - Por enquanto...

Meu hermano. Onde histórias criam vida. Descubra agora