Praia! (11)

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  Heitor e o mordomo chamaram todos, em seguida foram para a praia tentando chegar em uma região com menos pessoas, já que havia bastante turistas naquela época do ano, eles encontraram um lugar, Higor estava morrendo de vergonha, pois era o único usando blusa, ele estendeu um pano, meio distante dos outros e sentou de cabeça baixa, Juan foi até ele e sentou do lado.

- Higor tira essa blusa! -pediu puxando o tecido.

- Sabe muito bem que não posso!

- Não sei não, tira logo, tá feio!

- Meu pai vai ver e me matar!

- Quantos anos você tem?! -perguntou mechendo no ombro do rapaz, aquele medo de ser descoberto deixava Juan louco de raiva.

- Não importa se eu tenho dezenove ou trinta anos, meu pai está doente, não quero dar nenhum desgosto para ele antes de morrer.

- Doente? -Higor o olhou com estranheza.

- Meu pai não te contou?

- Não, eles só fez um discurso chato sobre como é horrível estar em uma cadeira de rodas, o que ele tem? -Juan ficou curioso, Higor olhou para o canto.

- Eu só perdoei o fato dele ter traído minha mãe, porque sei que ele já está sendo castigado por ter feito tanto mal...

- Fala logo o que ele tem!

- Se ele não te contou não sou eu quem vou contar, mas ele optou por não se tratar e esperar para morrer...

- Eu sinto muito.

- Não sente não, você com certeza deve estar feliz por dentro, afinal ele nunca te procurou antes... -Higor encarou o mar contendo a vontade de chorar.

- Não sou uma pessoa tão horrível quanto pensa, e não sinto por ele, sinto por você e pela Keisy, sabe que se seu pai morrer...

- Sim eu sei, sou eu quem vou ter que cuidar dela, da empresa e de tudo!

- Está pronto para isso?

- Eu não estou nem para assumir minha sexualidade, quanto mais para uma responsabilidade tão grande.

- Você consegue, só precisa se esforçar.

- Sinceramente, estou torcendo para ele dar essa herança para você, nunca quis comandar a patrimônio dessa família.

- Eu poderia até cuidar da Keisy, mas a empresa não, minha mãe sofreu muito enquanto trabalhou lá... -Juan ficou sério também. - Que droga de conversa é essa?!

- Como assim?

- Estamos em uma praia maravilhosa, aqui é para aproveitar, não para ficar se preocupando com coisas que ainda nem aconteceram, o velho é forte, talvez viva mais que todos nós juntos, vamos aproveitar e curtir, enquanto ainda podemos. -Juan levantou sorrindo. - Keisy, quer nadar?!

   A menina correu até eles, Higor levantou também, os três foram juntos até a água, Juan começou a brincar com eles os jogando na água, na maioria das vezes Higor era o alvo principal, enquanto isso Carmen ficou sentada os olhando, Heitor também, mas com o mordomo a seu lado arrumando o guarda sol na altura da cadeira de rodas.

   Juan estava brincando com seus meio irmãos, quando um loiro, sarado, de olhos azuis e pele bronzeada, muito bonito se aproximou rindo e segurando uma prancha.

- Quem diria que as ondas me trariam até um tritão. -Juan se virou para ele, o olhou de cima a baixo e riu.

- Tá dizendo que tenho cara de peixe?

- Não, estou dizendo que tem uma beleza comparável a um deus dos mares. -Higor encarou o loiro com uma certa raiva instantânea. - Posso saber seu nome?

- Juan.

- Que nome bonito, você não me parece brasileiro.

- Não sou, vim do México a alguns anos.

- Interessante, ouvi dizer que mexicanos são quentes, adoraria descobrir se é verdade.

- Cuidado, pode se queimar.

- Eu gosto de me arriscar, sou Cauã, eu nasci nessa cidade, mas atualmente moro no Havaí.

- É surfista?

- Sim, por isso estou morando lá, mas adoraria um motivo para voltar a morar no Brasil. -afirmou com um sorriso malicioso.

- Juan! -chamou Higor quase explodindo de raiva.

- O que foi? -perguntou Juan se virando para o rapaz, Higor não sabia o que dizer, o chamou sem pensar, precisava dizer algo.

- Nada... -respondeu indo em direção a seu pai e Carmen, Keisy seguiu ele, que sentou na areia revoltado, Juan continuou conversando com Cauã e rindo.

- Quem é o homem com Juan? -perguntou Heitor curioso os olhando.

- Não sei, começaram a conversar de repente!

- E por que você ficou tão bravo? -Carmen engasgou percebendo que Higor estava quase se entregando.

- Nada pai... É só que eu acho um absurdo esses gay ficarem flertando em uma praia de família. -disse como última escapatória, Carmen não aguentou e começou a rir.

- Tem razão, mas temos que respeitar, seu irmão infelizmente é um deles. -Carmen riu mais ainda.

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