Teleférico. (17)

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  Logo cedo todos estavam na mesa tomando o café da manhã, Juan sentou ao lado de Higor e ficou passando a mão na coxa dele que tentava se controlar para não rir. Ao terminarem de comer, o mordomo chamou dois carros para os levar até o morro do Pão de Açúcar, para passearem no teleférico, rapidamente os dois motoristas chegaram, Juan, Higor e Keisy foram em um carro, enquanto o mordomo, Heitor e Carmen em outro.

  Ao chegarem ao topo do morro todos estavam encantados com a bela vista, Juan e Keisy tiravam centenas de fotos, eram os mais empolgados e anciosos para andar no teleférico, Juan ficou guiando a cadeira de rodas de Heitor e às vezes fazia questão de dar um susto nele correndo.

- Juan não vá matar nosso pai! -pediu Keisy enquanto ele corria com Heitor de olhos fechados torcendo para não cair da cadeira.

- Se não fosse pelo fato de não poder mais andar, ter uma cadeira de rodas parece divertido, me empresta ela para descer o morro? -perguntou parando de correr.

- Ele não vai emprestar, eu pedi uma vez ele não deixou. -afirmou Keisy com olhar de tristeza.

- O Juan parece mais irmão da Keisy do que você. -disse Carmen para Higor percebendo que o rapaz não era muito próximo de Keisy.

- Os dois só são infantis e por isso se entendem melhor...

- Não estou falando só disso, é óbvio que Juan é brincalhão e você é bem mais calado, estou falando dos traços também, você se parece mais com a sua mãe.

- Conheceu minha mãe? -perguntou se interessando mais em conversar com Carmen.

- Só de vista, não cheguei a conversar com ela, mas me lembro dela estar muito triste por não conseguir ter um filho.

- Eu me lembro dela dizer que eu demorei muito para ser concebido, lembra de mais alguma coisa?

- Não, por que?

- Eu e o Juan estamos tentando encaixar algumas peças da história da minha mãe, mas é mera curiosidade de nós dois.

- Esmeraude ficou muito triste ao saber que seu pai tinha uma boa esposa...

- Eu sei, Juan me contou que era uma boa mulher, sinto muito por sua perda.

- Tudo bem, eu sou forte, quem não lidou muito bem foi o Juan, ele parece ser frio, mas quando meu netinho sente algo pode apostar que é verdadeiro. -Higor estranhou o jeito que ela falou e logo suspeitou que ela sabia de algo.

- Você sabe da gente?

- Claro seu lerdo, Juan me conta tudo!

- Não se importa?

- Não, ele está amando, isso é bom...

  O carrinho chegou.

- Chegou!!! -gritou Juan correndo e empurrando a cadeira de rodas.

- Não precisa me levar, eu vou sozinho Juan! -pediu Heitor torcendo para não cair.

- Relaxa e se diverte velhinho!

  Eles entraram no carrinho, Juan ficou do lado de Higor e enquanto todos estavam distraídos com a vista eles deram as mãos e sorriram encarando a paisagem.

- Eu te beijaria, mas você me mataria logo depois. -disse Juan o encarando e tentando fingir que estava bem com aquilo.

- Desculpa, só até as férias acabar, prometo.

- Tudo bem. -ele sorriu e voltou a encarar a paisagem, Higor pegou o celular e tirou uma foto de Juan. - Lhe dei autorização?

- Não, mas você estava muito lindo, não resisti.

- Eu sempre sou lindo! -afirmou se vangloriando.

- Droga, esqueci que você é convencido!

- Não dá para ser perfeito, mas eu chego perto.

- Besta!

  Minutos depois eles chegaram do outro lado, Juan voltou a guiar a cadeira de Heitor apesar de Jonas tentar o impedir, mas dessa vez tudo fazia parte do plano dele e Higor, enquanto Juan corria na frente com Heitor, Higor aproveitou para tentar questionar o mordomo sobre o passado.

- Oi Jonas!

- Algum problema senhor Higor? -perguntou sério como sempre.

- Nada demais, só queria perguntar o que você lembra da minha mãe... -Jonas parou de andar, encarou Higor e colocou a mão no ombro do rapaz.

- Por que?

- É só curiosidade minha, às vezes fico pensando no passado e percebo que a minha história e a dos meus pais são cheias de coisas que não se encaixam.

- Higor, as coisas estão bem assim, deixe como está não tem sentido ficar revirando o passado.

- Bem? -perguntou em tom de revolta, Jonas abaixou a cabeça e em vez de sério ele ficou triste. - Não estão nada bem, meu pai é um canalha, minha mãe morreu de tristeza, fora as outras coisas... Está tudo menos bem, por favor se sabe de alguma coisa me diga.

- Sinto muito, mas eu não tenho nada a lhe dizer.

Meu hermano. Onde histórias criam vida. Descubra agora