Isso é o que o amor faz

Capítulo 10

"Foi pro baile muito louca, afim de se envolver (...) Vai dar PT, vai dar, vai dar PT"

— Vai dar PT, Léo Santana.

Mariana narrando.

Sou cria da quebrada como a maioria das pessoas que moram aqui.
Ao contrário de alguns moradores, sempre tive fácil, por ser neta do ex dono da favela.

Meu avô sempre deu uma boa vida a minha mãe e a meus tios.

Eu sempre fui doida parada na amizade da Clarissa e da Bia.

Mas como a Bia viveu esses últimos anos longe da gente, só pude contar o tempo todo com a Clari mesmo.

Clarissa é meio doida sabe? Daquelas pessoas que dão um boi pra não entrar numa briga e uma boiada pra não sair de uma.

Ela nunca fez inimigas aqui no morro.
Sempre foi a caladona.

Pra você entrar na reta da Clari, tem que ter feito alguma coisa muito grave, tem que ter entrado dentro do círculo dela.
E eu devo dizer que esse círculo não é algo muito fácil de se entrar.

E é por isso que eu amo essa menina que é muito mais que uma prima pra mim, ela é minha irmã mais velha.

São poucas as pessoas que entendem Clarissa.

Todos que a julgam, são pessoas rasas, e ela é profunda demais.

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Clarissa tinha me chamado pra vim no baile do Vidigal e eu tava como? Animadíssima né meu amor.

Nunca saio do morro, e esse é o primeiro baile fora da Rocinha que eu vou, em 17 anos.

Depois que ela trocou algumas palavras com o dono do morro, que eu devo enfatizar ser muito lindo, ela saiu me puxando até a parte da pista.

— Aí doida... Me solta — Falei tirando meu braço de sua mão.

— Menina... Eu chega fiquei úmida — falou um pouco alto por conta da música.

Coloquei a mão na boca dela.

— Tá doida Clarissa? Vão pensar que a gente é puta — Falei a repreendendo.

— Você fica nessa de ir pelo que o povo fala de você... Tu já devia saber que nunca vai prestar na boca das pessoas mulher, eles sempre vão achar um defeito pra você... Por isso devia viver intensamente todos os dias — Piscou pra mim e foi andando em direção a um garoto.

Balancei minha cabeça rindo e fui pra perto dela.

— Quanto é? — Perguntou com a testa franzida pra o menino.

— Quanto é o quê moreninha? — Franziu a testa.

— Se faz de sonso não... Vou bater pra o patrão dessa porra que tu tá vendendo sem autorização — Falou desafiadora.