Capítulo 76

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Clarissa narrando

Eu estava com ódio.

Nunca achei que fosse capaz de sentir esse tipo de sentimento pelo meu próprio pai, mas eu estava estava sentindo naquele momento e não cabia em mim.
Eu já esperava uma reação ruim mas acreditei de verdade que o senhor Mikael ia permanecer apenas nas promessas, mas não, meu pai realmente cumpriu sem ao menos prometer nada.

Encarei o rosto machucado de Digão que agora tava dormindo tranquilo, mesmo sem ter quebrado nada, o Pietro achou melhor ele tomar alguns dias de repouso, e tava sendo horríveis essas noites.
Na primeira e segunda noite Digão vomitou sem razão, sem se sentir, só se vomitou inteiro e por reflexo meu de fazê-lo sentar rápido na cama, não sufocou.
Agora os vômitos passaram, mas ele ainda sente muita dor em alguns hematomas.

Fora os pesadelos...

Flashback on

Acordei um pouco assustada com a agitação do corpo do Digão do meu lado, ele tava balbuciando algumas palavras desconexas que eu não tava entendendo bem, e seu corpo tremia.

— Clarissa, não — Ele disse afoito quase gritando e então sentou com tudo na cama.

Digao primeiro olhou o quarto assustado, encarando as paredes, depois o olhar dele veio até mim.
Meu loiro até esqueceu as dores que tava sentindo e me puxou pra os braços dele.

— O que foi meu loiro? — eu tava tão assustada quanto ele

— Meu amor — Beijou o topo da minha cabeça — Minha moreninha — Ele tava afobado

Eu estava assustada, nunca vi o Digão exposto daquela forma.
Assutado de verdade ele estava.

— Foi um sonho ruim Rodrigo? — perguntei preocupada

— Teu pai tava te levando daqui — Ele Suspirou — Clarissa eu só te deixo se um dia tu olhar pra minha cara e falar que realmente não quer mais nada comigo, porque eu não tô disposto a abrir mão de tu por causa de ninguém, nem mesmo de mim, se eu te perder pra mim eu acabo comigo mesmo mas eu vou até o fim do mundo por tu

Senti meu coração disparar.
Não tava acostumada com essas declarações dele do nada.

— Foi um pesadelo meu amor, vai passar tá — Alisei suas costas

Digao continuou ali abraçado comigo um tempo antes de voltar a pegar no sono.

Flashback off

Não passaram.

Os pesadelos estão cada vez mais sombrios e ele acorda todas as madrugadas praticamente afogado e me procurando na cama, ele sempre me acorda com abraços apertados, beijos  e súplicas para que eu não o deixe.

E claro eu estava culpando meu pai, como não iria?
Digão não consegue nem ir fazer os corre dele tranquilo pois além dos machucados, disse que não quer me deixar.

Eu suspirei em frente ao espelho enorme da sala de ensaio.

— Clarissa você precisa se concentrar — Ouvi meu professor de ballet dizer atrás de mim

Isso é o que o amor fazOnde histórias criam vida. Descubra agora