Isso é o que o amor faz

Capítulo 14

"Que menina diferente
Sabe dar calor
Foi só se jogar na pista
Que ela decolou
Parecia inofensiva
Mas é um terror"

— Doidinha, Zé Felipe

Clarissa narrando.

Ah meu anjo, vá tomar no cú.

Bem que dizem, menina escuta as vozes do além que elas têm razão.

Sabe quando você está prestes a tomar uma decisão e algo fica na sua cabeça, "não faz, não faz, não faz".
Eu fiz e oh, me fodi.

O moço lá deve ter achado que eu gamei na piroca dele ou algo do tipo, mas eu só não queria ser tratada como prostituta, porque na boa, isso eu não sou.

Aquele filho da puta ainda veio me oferecer dinheiro mano, nessa hora que eu peguei ranço mesmo.

💭Quero nem ver na minha frente mais 💭

💭Mas vale lembrar que você vai trabalhar pra ele, no morro dele 💭

Meu subconsciente me lembrou.
Eu chega dei uma murchada, na hora que lembrei disso.

Fui descendo aquele morro com todo o meu ódio.
O ódio foi tão grande, que eu esqueci de vestir minha lingerie, e não ia voltar pra pegar nada.
Continuei meu caminho e aí lembrei que a Mariana ficou com a chave da minha moto.

- PUTA QUE PARIU, ÓDIO DO CARALHO - gritei no meio da rua.

Era só o que me faltava mesmo meu irmão, tá sem celular, sem chave de moto e sem nada.
Te foder mano.

Quando eu fico assim, a única coisa que me acalma ou é a nicotina ou a erva véi, e eu tô sem nada.

Por sorte do divino espírito santo, um moto táxi tava parando no outro lado da rua com uma menina.

Corri até eles e eu não sei como não saíram correndo na mesma hora.
Diga aí... Madrugada e uma doida correndo pra seu lado.

💭Se fosse eu, o cú trancava na hora 💭

- Mano, fica com medo não... Eu sou de bem - Levantei as mãos em forma de rendição.

- Tu tá mó no porte - Falou me olhando de cima a baixo.

- Eu não sou daqui não véi... Minha comunidade é a Rocinha e aconteceu que minha carona me deixou aqui... Me deixa lá que eu pago a corrida em dobro - Juntei minhas mãos.

- Eu vou levar... Mas tu tá fazendo o quê na rua da treta morena? - Franziu a testa.

- Acho que não é da tua conta por onde eu ando né - Perguntei com um sorriso cínico

- Eita... Foi mal aí - Levantou as mãos em forma de rendição.

- Nada... Só fecha a boquinha e me deixa na minha comunidade por favor, você vai receber - Falei firme.

Ele me entregou o capacete e eu já coloquei na cabeça, fiz a volta na moto e subi na garupa.

Nem falei que só ia dar o dinheiro quando chegasse, se não ele não ia me deixar.