Capítulo 31

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"E eu que já me acostumei tão bem, é normal acordar todos os dias pra cuidar de você (...) mas não consigo ir embora mais (...) e é melhor aguentar seus gritos, do que me afastar e nunca mais voltar, o que eu acho impossível mas e se a porta fechar e não se abrir mais"

- Perto de você, Marília Mendonça

Flávia narrando.

Ligação on

- Eu perguntei se você está bem Flávia - minha mãe insistiu na pergunta

Minha garganta secou e eu travei enquanto encarava meu reflexo derrotado no espelho.

Eu tô bem?

A verdade é que não, eu não tô bem.

Fazem anos, anos que eu finjo está bem, ou às vezes nem finjo.
Eu sinto que estou sobrevivendo ao invés de viver, estou deixando a vida me guiar.

Geral que não sabe o que é ser mulher de traficante, aponta o dedo.
Quer ser dono da razão, mostrar que a gente tem opção de vida e pah, mas a verdade é que não.

Ninguém sabe o que é depender de uma pessoa até mesmo pra respirar não, na fé mesmo.
E infelizmente é assim que eu me sinto com o Rodrigo, eu me sinto completamente dependente dele, na verdade do amor unilateral que eu tenho por ele.

Eu já tentei ir embora, largar tudo, mas é amor cara.
Amor a gente não explica, amor a gente só sente tá ligado?

O cara me bate, humilha e faz o diabo a quatro e eu não entendo a porra do meu coração que insiste em ter ele lá dentro.

Paro pra pensar às vezes... e se eu não tivesse subido ao morro naquele dia?

Flashback on

Tava animada, eu passava a mão pelo meu rosto e olhava a maquiagem toda hora.

Era minha primeira vez em um baile e eu precisava fechar.

Odiava o fato de nascer e crescer em um bairro totalmente burguês em São Paulo.

Aproveitei que uma amiga minha veio passar uma semana no Rio e vim junto com ela.

- Aí para um minuto Flávia - fez uma careta.

- Fácil pra você falar né Cláudia? mete o louco adoidado - Fiz careta.

Ela riu pelo nariz.

- E você não mete porque não quer né more - piscou.

Ignorei o comentário dela, porque já sabia que íamos começar uma discussão desnecessária sobre ela querer que eu saia de casa, e eu não tava nem um pouco afim.

Cláudia, minha melhor amiga da época, era como uma irmã.

Engraçado como certas dores nos fazem mudar completamente.

Isso é o que o amor fazOnde histórias criam vida. Descubra agora