Capítulo 19

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Yan aproximou-se e logo Scarlett despediu-se de nós pois já iria voltar para San Diego, não queria que ela fosse agora, mas ainda teremos muito tempo para marcar algo que inclua a família toda reunida. Meu irmão sentou-se na beirada da cama em seguida e me abraçou um pouco forte, seus olhos logo encontraram os meus, estavam vermelhos por ter chorado, com carinho aparei suas lágrimas e dei um leve sorriso o olhando.

- Não vai se livrar de mim tão cedo maninho. - Brinquei o fazendo sorrir.

- Que bom, porque seria insuportável a dor de perder você depois de ter perdido o papai. - Admitiu me olhando, o comentário dele me fez lembrar de alguns momentos naquela tortura toda.

- Yan... - Iniciei respirando fundo em seguida. - Eu... Sabe Eu não sei como aconteceu, se foi por conta do desespero de estar presa naquela caixa... - Fiz uma pausa novamente.

- Está se sentindo bem? - Questionou preocupado ao me ver fitar o nada.

- Está... Quer dizer... - Balancei a cabeça o olhando em seguida. - Eu vi o papai! - Disse de uma só vez. - Sei que isso me deixou louca, mas...

- Sosoh! - Repreendeu ele. - Não acho que tenha sido loucura sua, ele mesmo disse que sempre estaria com a gente independente da situação. - Acrescentou apreensivo. - Também o vi em sonhos. - Revelou acariciando minha mão.

- Mas não foi sonho, foi muito real, ele estava lá o tempo todo deitado do meu lado e eu podia sentir a presença dele, era uma vibração tão forte. - Expliquei gesticulando.

- Papai agora é o nosso anjo maninha. - Disse com uma voz serena. - Sabe... Quando você desapareceu, mamãe pediu tanto aos céus para que você estivesse bem e em especial pedia para que ele te protegesse. - Revelou dando um suspiro. - Vejo que realmente ele atendeu ao pedido dela.

- Quando eu estava... - Fiz uma pausa.

- Olha se não quiser falar sobre aquele dia tudo bem, ainda está recente. - Repreendeu ele.

- Não, eu preciso falar pra alguém... - O encarei. - Não disse nada pra mamãe ainda porque não sei qual seria a reação dela e não sei se ela acreditaria. - Respirei fundo. - Até porque ultimamente tenho visto coisas onde não tem, estou ficando louca e...

- Você não está louca! - Interrompeu ele. - Depois do que te disse acha que ela não acreditaria?

- Você está certo... - Concordei. - Quando eu estava perdendo o ar e sentia no fundo que iria morrer, ele fez de tudo para que eu aguentasse mais um pouco. - Revelei com voz de choro. - Disse que eu iria sobreviver para dizer a você e a mamãe o que ele precisava dizer.

- Como é? Papai disse algo para mim? - Questionou segurando o choro, eu apenas assenti. - O que ele disse?

- “Você vai sair daqui e vai dizer a sua mãe que eu estou bem, que ela precisa seguir em frente, tudo que eu não quero é que ela sofra. Diga ao seu irmão que tenho orgulho dele, de todas as formas possíveis. E eu tenho orgulho de você, não deixe que essa situação acabe com sua vida, digo, não deixe que esse trauma acabe com você. Livre-se dele como se livrou do outro. Nos primeiros dias sei que será difícil, mas você vai superar essa também.” - Repeti de olhos fechados como se estivesse ouvindo a voz dele em meu ouvido, então abri os olhos me deparando com Yan chorando com as mãos no rosto. - Essas foram as palavras dele. - Disse secando meu rosto com a manga da blusa.

Ele ficou quieto, chorando baixinho, sabia ao que meu pai se referia ao dizer que tem orgulho dele de todas as maneiras possíveis, pois este morreu sem saber da sua orientação sexual e de alguma forma Yan se culpava por não ter dito a ele, por medo de como ele reagiria a isso.

A Carne é Fraca 2 (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora