Cole
Duas semanas depois...
Acordei com o ranger da minha porta se abrindo e me remexi desconcertado antes que a urgência tomasse conta do meu corpo. Sentei-me na cama, sentindo o lençol escorregando de meu peito até repousar na minha cintura e olhei para o lado percebendo que estava completamente sozinho. Passei as mãos por meu rosto percebendo a tensão em meu semblante antes de colocar o pé para fora da cama e dar passos cautelosos em direção à sala.
Minha chave extra ainda estava como prova na delegacia e minha teimosia tinha me impedido de chamar um chaveiro para trocar a fechadura. Escutava o meu coração batendo com força contra os meus tímpanos enquanto as possibilidades passavam diante dos meus olhos. Jillian teria tido fugido e vindo atrás de mim? O que tinha feito a Bee não tinha sido o suficiente? Escutei barulho de objetos sendo batidos com força na mesa e franzi o cenho com a falta de discrição de minha invasora.
— Merda! — escutei e meu corpo se aliviou ao reconhecer a voz.
Virei no corredor, deixando apenas meu rosto a vista encarando Berthany catando sua bagunça com apenas um braço. O outro estava imobilizado pela tipóia por conta do tiro no ombro que tinha recebido há duas semanas. Ela moveu a mão pelos cabelos escuros, tirando-os da frente do rosto e pegou seu caderno, pondo-o na mesa de centro. Sentou-se, ajeitando os óculos na ponte do nariz e começou a ler suas anotações da faculdade.
Descansou o cotovelo livre na mesa de centro, cruzando as pernas e pousou a mão na testa segurando sua franja para que não atrapalhasse na leitura. Sua atenção na leitura me fascinava, assim com o seu desapego ao estilo. Sua camisa com a estampa de Legen – wait for it – Dary ficava larga em seu corpo ao ponto de ter de enrolar as mangas, as calças jeans ficavam largas na cintura e tive um vislumbre de seu tênis parcialmente rasgado.
Bati o pé com força, querendo chamar a sua atenção para a minha aproximação e não querendo assustá-la.
— Bom dia, invasora — cumprimentei e ela levantou o rosto na minha direção com um sorriso travesso. Dei um beijo em sua testa tomando cuidado para não encostar em seu ombro. — Posso saber como entrou?
Bee botou a mão no bolso e puxou a minha antiga chave reserva.
— Um pequeno favor de minha mãe. — esclareceu botando-a em cima da mesa. Quis que ela ficasse com a chave, porém segurei a língua na boca, não querendo apressar as coisas. — Desculpe por ter entrado desse jeito, mas tenho prova essa semana ainda e desde que Rick pediu para que Nat morasse com ele, está impossível entrar naquele apartamento. — revirou os olhos e voltou os olhos para o conteúdo do caderno.
— O que você vai fazer quando ela se mudar? — indaguei preocupado.
Bufou mexendo a mão em sinal de descaso.
— Não estou pensando nisso por enquanto. Natalie demorou um ano para pintar o cabelo – e isso porque queria muito fazer isso – então não vai ser como se um dia eu acordasse e tivesse uma pilha de caixas na sala. — relatou descansando a caneta na mesa e me encarou com uma expressão desconfiada. — Por que está me perguntando isso, Cole?
— Por nada. — respondi virando-me e seguindo em direção a cozinha para fugir de seu olhar inquisidor. — Você quer um café?
— Você quer dizer no literal ou para tirarmos as roupas?
Soltei uma risada com os olhos fixos na louça na minha frente.
— Literal, Berthany — comecei a lavar a louça querendo me distrair. — Que tipo de pessoa você acha que sou?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Senhor Luxúria
RomanceCom a vida resumida em ver séries, usar roupas visualmente masculinas e escutar as teorias bizarras de sua prima, Berthany não tinha ideia de que um caminhão de mudanças parado na frente do seu prédio faria sua vida dar uma volta de cento e oitenta...